sexta-feira, 1 de julho de 2016

Fragilidades do islão III


 

Mas esta fragilidade cola-se a uma quinta a ela associada. A própria religião encontra-se em confronto com o cristianismo na Europa, sobretudo. A crítica ao cristianismo não foi importada. Não chegaram à Europa, muçulmanos, budistas ou hindus, e descreveram-nos as múltiplas contradições ao cristianismo. Se queremos ver uma análise profunda, e uma demolição estruturada do mesmo, é através do pensamento europeu que a temos de procurar. Essa é paradoxalmente a força do cristianismo. Sob o ponto de vista intelectual saiu bem mais forte dessa discórdia, até porque os principais críticos eram cristãos, não apenas de cultura, mas de igualmente de fé. Esse exercício de crítica permitiu libertar a fé do folclore, do traço etnológico que ainda sobrava, da marca histórica meramente acessória. A argumentação está preparada, é robusta, habituada a uma crítica que nasceu dentro do cristianismo. Se é ouvida ou não, é questão que tem mais a ver com a cultura de cada qual. Mas existe e é sólida.

O cristianismo não começou a ser criticado com a Reforma, ao contrário do que o vulgo pensa. O cristianismo já nasceu criticado. Celso ou Porfírio ou Juliano são anteriores à vitória do cristianismo. E são os mesmos que defendem o cristianismo que nos preservaram os que o criticaram. É através dos autores ortodoxos que podemos hoje em dia reconstruir as obras dos autores pagãos que criticaram o cristianismo. Mas, não menos importante, o cristianismo desde a origem conhece bem as suas fragilidades. Não é exemplo do grego perfeito, nem da cultura perfeita. São Jerónimo bem o sabia. O cristianismo desde o seu nascimento que sabe não ser expressão cultural perfeita.

Já o islão se critica a si mesmo apenas pelo confronto com a cultura cristã. Os muçulmanos vêem que se vive melhor na Europa que em qualquer país islâmico. Basta ver os que fogem através da Turquia e não querem nela parar, e tanto mais habilitados, mais esclarecidos, mais fogem da Turquia, grande país muçulmano e dito europeu por tantos, mas que afinal não ilude os mais capazes. Não sou eu a dizê-lo, mas outros muçulmanos que com convicção viram o traseiro à Turquia. O islão careceu da cultura cristã para aprender a auto-crítica. Não lhe inere, vive-a como postiça e modo trôpego.

 

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