Universidade
O que é hoje a Universidade pública? O que queremos que seja?
Esta pergunta tem-me ocorrido com insistência nos últimos dias. Entrei na Faculdade em 1990 para me licenciar, em Coimbra. Reentro em 2008 para fazer o mestrado, em Lisboa. Separam estas duas Faculdades de Direito públicas, 18 anos e 200 km.
Por estes dias estão por lá afixadas faixas negras, onde se lê "vende-se" e coisas semelhantes.
Os estudantes parecem-me mais alunos de liceu do que eu recordava. São estupidamente novos, belos, sorridentes, esperançosos, idealistas, ainda na idade admissível para serem comunistas -talvez já não saibam o que é o maoísmo.
Os professores parecem-me cansados, desmotivados, céleres no fim das aulas e desejosos de voltar aos seus afazeres, aos seus gabinetes, estudo, ao seu trabalho. Presumo que muitos deles nem sequer gostem de dar aulas, se pudessem fariam só investigação.
Parecem-me anacrónicas as grandes secretárias de madeira no corredor, onde se senta a funcionária que, calmamente, lê a Maria, tricota ou fala ao telemóvel, tendo à sua frente o livro de ponto. Não sabia que ainda havia, no século XXI, livro de ponto, e uma funcionária diligente que dele cuidasse.
Tenho dado por mim a pensar como será a Universidade no resto da Europa? E livros de ponto, ainda usarão? Será que estamos a duzentos anos -luz de Bolonha?