António Costa e a democracia
Imaginem o que seria Pedro Passos Coelho pedir a Assunção Esteves o plenário da Assembleia da República para encher as bancadas de amigos e inaugurar a sua campanha eleitoral?! Nos lugares do Bloco de Esquerda, do PCP e dos Verdes, por exemplo, sentaria a JSD, os artistas que o apoiam, os ex-dirigentes do PSD, os actuais, o Povo laranja em geral. Um sucesso.
Foi exactamente o que aconteceu ontem na Assembleia Municipal de Lisboa. António Costa tomou as instalações do parlamento local para ali sentar toda a sua claque e fazer o balanço do mandato, sem qualquer contraditório. Para cúmulo, convidou os donos da casa, os deputados municipais, aos quais os serviços de protocolo indicavam a fila de lugares reservados. No templo do contraditório - que é qualquer parlamento - os deputados não tiveram voz. Os quatro ou cinco que aceitaram o convite para irem a sua casa, ouviram e calaram. Calaram mas não consentiram.
O orador falou durante duas horas o que bem quis. Apontou erros a gestões anteriores que não puderam contrapôr. Gabou-se de vitórias cujos méritos também pertencem ao Poder Central, sem que fosse possível ajustar essa verdade. Falou também da sua obra sem que a Oposição pudesse fazer reparos à lentidão dos processos ou ao que prometeu fazer, não fez e, claro, não disse que não fez.
Na assistência, o povo de esquerda aplaudia o comício. De Maria Barroso a Ferro Rodrigues; de Correia de Campos a Carlos Carmo; de Margarida Martins à equipa de vereadores que assim tomou os lugares dos deputados. Uma balbúrdia institucional que nunca teria sido perdoada à equipa de Santana Lopes, por exemplo.
O orador falou durante duas horas o que bem quis. Apontou erros a gestões anteriores que não puderam contrapôr. Gabou-se de vitórias cujos méritos também pertencem ao Poder Central, sem que fosse possível ajustar essa verdade. Falou também da sua obra sem que a Oposição pudesse fazer reparos à lentidão dos processos ou ao que prometeu fazer, não fez e, claro, não disse que não fez.
Na assistência, o povo de esquerda aplaudia o comício. De Maria Barroso a Ferro Rodrigues; de Correia de Campos a Carlos Carmo; de Margarida Martins à equipa de vereadores que assim tomou os lugares dos deputados. Uma balbúrdia institucional que nunca teria sido perdoada à equipa de Santana Lopes, por exemplo.
Bem sei que a Assembleia Municipal funciona numa sala de espectáculos onde podem actuar artistas e passar fitas de ficção. Foi o caso. O Presidente da Câmara teve o bom gosto de não subir ao palco e de mandar apagar os focos que só iluminavam o próprio. Na forma cumpriu. Na essência foi o único «iluminado» num mundo de confusão institucional, para não dizer, de atrevimento institucional.
Em declaração de interesses, convém dizer que sou deputada municipal de Lisboa, eleita como independente nas listas do PSD. Aceitei o convite de ontem porque pensei que, como sempre, se tratava de um espaço aberto ao debate e com respeito pelo lugar do público, dos deputados e dos vereadores. Mas basta dizer: com respeito pela sede da democracia autárquica.
5 comentários:
Estimada Inez
Mais uma vez lhe peço que faça um balanço dos dois últimos anos de Governo.
Acredito na sua visão e honestidade, por isso lhe peço pela segunda vez.
Por falar em pessoas com coragem, coisa que Costa não tem nem nunca terá, vi hoje no Alta definição,Pedro Santana Lopes.
Único, nenhum político português teria a coragem de se despir assim perante o povo.
Só quem temos a sorte de o bem conhecer podemos entender a surpresa de muitos, hoje, quando viram a entrevista.
Tambêm chorei? Tambêm.
Tambêm ri à gargalhada.Pois tambêm.
E é isso mesmo que Pedro Santana Lopes é.
Um monte de emoções com um resultado único.
Democracia,estimada Inez....Democracia!!!
E uns valem muito, outros assim assim e outros há que não valem nada.
Num movimento de anca digno de uma bailarina de Samba, despedem-nos dum lado para "inglês ver" e metem-nos logo noutro com tacho garantido.
Isso tem um nome.
Algo que cheira muito mal.
Como um peixe depois de 3 meses dentro de um saco de plástico ao sol.
Nunca vi em lado nenhum, em País nenhum,civilizado,digno de se dizer democrata e de estado de direito, coisas iguais às que acontecem em Portugal em certos Governos Socialistas e Sociais Democratas.
Resume-se a duas palavras: Vergonhoso e nojento!
"O presidente da empresa que agrega a Carris e a Metro de Lisboa e que foi demitido na sequência do escândalo dos swaps terá lugar garantido na assessoria da administração da Refer, segundo o Público." http://www.noticiasaominuto.com/economia/80816/gestor-demitido-da-carris-com-lugar-garantido-na-refer#.UbUb3Of2ZlA
Palavras para quê.........
Estimados todos
Parece que a Geração de 60 a que faço parte, morreu.
Não vejo ninguêm com poder e valor a fazer nada pelos nossos filhos e netos.
Um País podre,com governantes podres,com um povo a apodrecer e pior, a deixar-se levar pela putrefacção.
Eu não tive filhos e hoje dou Graças a Deus.
Estaria LOUCO para os meter a todos daqui para fora...............
Onde está aquela classe,ética,pose e força da nossa geração??????????
Dra.Inês Dentinho
Muito haveria para dizer sobre Democracia,principalmente a que impera em Belêm e São Bento.
Engraçado.
Nunca a vi escrever sobre isso.
Gostaria muito.
Já agora comento-lhe que noto uma certa "morte" neste blog desde que aquele Senhor das quadras acabou com a democracia no mesmo.
É uma pena pois era dos poucos blogues que me eram interessantes.
Também ia muito ao Blog do Dr. Pedro Santana Lopes mas esse deixou de estar activo desde o dia 25 de Abril o que tambêm é lamentável.
Será que os blogues ligados ao PSD morrem por falta de liberdade e "Democracia"?
Ou pior, pelo "quem cala consente"?
Obrigada por publicar este meu comentário e responder ao mesmo.
Se quereis o meu conselho,
o Santana já não vale,
por muito que ele se rale,
a pontinha de um chavelho!
JCN
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