II. Mehmed efendi. Le Paradis des Infidèles. Un ambassadeur ottoman en France sous la Régence. La Découverte. Paris. 2004.
Um outro testemunho curioso é o de outro turco do século XVIII (pp. 237 ss.). Ibrahim müteferrika. Ibrahim deixa claro que os cristãos são para ele um só povo (p. 238), que se consola das suas antigas perdas (para o Islão) conquistando novos territórios (p. 238). “Os muçulmanos, seja por ódio da sua religião (cristã), seja por abominação dos seus usos e costumes, sempre testemunharam uma grande aversão pelo conhecimento dos negócios destes reis e potências destas execráveis nações (cristãs)” (pp. 238-239).
As frases são eloquentes do imenso espírito de tolerância e amor que tiveram desde sempre os turcos pela Europa. Repare-se que se trata de um pró-europeu, um dos primeiros turcos a sê-lo, favorável a que se passe do mero desprezo à imitação.
O argumentário de Ibrahim é simples: devemos reconhecer a superioridade técnica da Europa e parasitá-la para melhor vencermos politicamente. O argumento já se viu no Japão do século XIX. Os argumentos de aproximação em relação à Europa são por isso meramente tecnológicos e de poder, nada têm a ver com o fascínio cultural e muito menos com a identificação.
Tenho obviamente que salientar viários aspectos metodológicos:
1) Não é pela recolha de duas simples fontes que se pode fazer uma tese, quando muitas outras haverá.
2) Mas a verdade é que quem conhece as restantes fontes, em geral europeias, não chega a conclusões mais simpáticas.
3) Mas a verdade igualmente é que estas são particularmente significativas, na medida em que representam o início de ligação da cultura turca a uma Europa que pela primeira vez têm de reconhecer como válida por si mesma. Estão aqui os monumentos fundadores (além da diplomacia com casa de Áustria e, em muito menor grau, a Inglaterra) de uma relação com a Europa que se baseia no mimetismo pela primeira vez e não pela simples vontade de conquista. O cerco de Viena não tinha muito mais de três décadas na altura em que estes documentos são escritos.
Sobretudo, e mais importante que isso, percebo que haja quem tenha o desejo de integrar a Turquia. Desejos, cada um tem os seus, e não seria condenador de quem adorasse chibatar-se a si mesmo em casa. Aplaudi-lo-ia e achá-lo-ia merecedor de tal prazer.
Mas uma coisa é um desejo, outra a argumentação. Não esgoto e nem sequer começo aqui a minha. Apenas destruo a falsa aparência de argumentação de muitos. Os que pretendem usar uma História que sempre rejeitaram e só conhecem sob a versão de slogan, que nunca se defrontaram com fontes, mas apenas com torneiras. O pergaminho não foi feito para mão de canalizadores. E que vivem bem de mentiras desde que lhes ajudem os desejos. Desejar fica com cada qual. A falsidade espalha-se pelo mundo.
http://www.akadem.org/sommaire/themes/histoire/3/4/module_1680.php
http://www.stratisc.org/IHCC_3.htm
http://www.tropismes.be/books/content_detail.html?id=537
As frases são eloquentes do imenso espírito de tolerância e amor que tiveram desde sempre os turcos pela Europa. Repare-se que se trata de um pró-europeu, um dos primeiros turcos a sê-lo, favorável a que se passe do mero desprezo à imitação.
O argumentário de Ibrahim é simples: devemos reconhecer a superioridade técnica da Europa e parasitá-la para melhor vencermos politicamente. O argumento já se viu no Japão do século XIX. Os argumentos de aproximação em relação à Europa são por isso meramente tecnológicos e de poder, nada têm a ver com o fascínio cultural e muito menos com a identificação.
Tenho obviamente que salientar viários aspectos metodológicos:
1) Não é pela recolha de duas simples fontes que se pode fazer uma tese, quando muitas outras haverá.
2) Mas a verdade é que quem conhece as restantes fontes, em geral europeias, não chega a conclusões mais simpáticas.
3) Mas a verdade igualmente é que estas são particularmente significativas, na medida em que representam o início de ligação da cultura turca a uma Europa que pela primeira vez têm de reconhecer como válida por si mesma. Estão aqui os monumentos fundadores (além da diplomacia com casa de Áustria e, em muito menor grau, a Inglaterra) de uma relação com a Europa que se baseia no mimetismo pela primeira vez e não pela simples vontade de conquista. O cerco de Viena não tinha muito mais de três décadas na altura em que estes documentos são escritos.
Sobretudo, e mais importante que isso, percebo que haja quem tenha o desejo de integrar a Turquia. Desejos, cada um tem os seus, e não seria condenador de quem adorasse chibatar-se a si mesmo em casa. Aplaudi-lo-ia e achá-lo-ia merecedor de tal prazer.
Mas uma coisa é um desejo, outra a argumentação. Não esgoto e nem sequer começo aqui a minha. Apenas destruo a falsa aparência de argumentação de muitos. Os que pretendem usar uma História que sempre rejeitaram e só conhecem sob a versão de slogan, que nunca se defrontaram com fontes, mas apenas com torneiras. O pergaminho não foi feito para mão de canalizadores. E que vivem bem de mentiras desde que lhes ajudem os desejos. Desejar fica com cada qual. A falsidade espalha-se pelo mundo.
http://www.akadem.org/sommaire/themes/histoire/3/4/module_1680.php
http://www.stratisc.org/IHCC_3.htm
http://www.tropismes.be/books/content_detail.html?id=537
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