quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Sonho e o Tempo

Goya, Las Viejas - uma interpretação do tempo?
Talvez a vida não seja mais do que sonho, talvez a nossa pequena vida esteja cercada, apenas e só, por um redondo sono.
Prefiro pensar que, mais do que a matéria com que se constroem os sonhos, é o tempo a substância de que todos somos feitos. Um tempo irreversível e inexorável.
Podemos sonhar, pode o sono obscuro invadir-nos, o que não podemos é negar o tempo. Negá-lo é negarmo-nos.
Por vezes é lícito trocar Shakespeare por Borges.

We are such stuff
As dreams are made on; and our little life
Is rounded with a sleep.
Shakespeare, The Tempest

El tiempo es la sustancia de que estoy hecho.
El tiempo es un río que me arrebata, pero yo soy el río;
es un tigre que me destroza, pero yo soy el tigre,
es un fuego que me consume, pero yo soy el fuego
Borges, Otras Inquisiciones

2 comentários:

Sofia Rocha disse...

Olhando para o quadro, lembrei-me de imediato do filme de David Lean " Great Expectations", do tempo, do sonho e de uma vida inteira de espera...lembra muito, não?

Manuel S. Fonseca disse...

O meu David Lean favorito é o "Brief Encounter". Ou de como num efémero interstício de tempo se pode construir a eternidade.