quarta-feira, 18 de julho de 2007

I. Chamfort, Maximes et pensées : Caractères et anecdotes, Gallimard, Paris, 1982

« On souhaite la paresse d'un méchant et le silence d'un sot. »
« Dans les grandes choses, les hommes se montrent comme il leur convient de se montrer ; dans les petites, ils se montrent comme ils sont. »
« L'importance sans mérite obtient des égards sans estime. »
« Je ne conçois pas de sagesse sans défiance. L'Écriture a dit que le commencement de la sagesse était la crainte de Dieu ; moi, je crois que c'est la crainte des hommes. »
« Il est plus facile de légaliser certaines choses que de les légitimer. »


O que aprendem as crianças? Que havia uma época em que quase tudo era negro e eis senão quando vieram as Luzes e ficou tudo iluminado. Ficaríamos quase satisfeitos com isso, não fora o homem público ainda ter esta ideia falsa e simplista a vaguear-lhe pelo encéfalo.

O problema é que a vida é bem mais complexa. O dito iluminismo tem muitos matizes. Entre a graça e a infantilidade de Voltaire, a solenidade e a profundidade humana de Diderot, a ingenuidade e a inteligência de d’Alambert, o sentido religioso e profundo de Kant ou a séria ligeireza de Mme de Genlis existem abismos de diferenças culturais, de personalidades, de estilo que não se deixam de reflectir no seu pensamento. Em certo sentido Maistre é tão filho das Luzes quanto Voltaire. Mas a corrosão de De Maistre, o grande reaccionário, é bem mais “moderna”, a tal ponto que é o mestre de Baudelaire e Nietzsche, coisa de que Voltaire não se pode arrogar.


E tudo nesta vida tem um lado sombrio. As Luzes não são excepção a isso. O espírito crítico pode tornar-se num instinto, num tique, numa obrigação, numa compulsão. Perde assim toda a sua racionalidade. A Festa da Razão durante a Revolução Francesa foi apenas mais um dos exemplos de como quem tem a palavra razão na boca muitas vezes é apenas lá que a tem.

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