segunda-feira, 6 de abril de 2009

I. O que é a História?

Ir ao significado primevo das palavras tem sempre riscos. Pode-se cair na asneira de pensar que a árvore é igual à semente. Mas se estivermos precavidos contra este escolho, a tarefa é necessária, útil e gozosa.

É evidente que o sentido de uma palavra evolui, que ganha ramificações ao longo do tempo, e que muda o seu centro de gravidade ao ponto de já não se ver conexão aparente com a sua origem. Algumas funções matemáticas obtêm o mesmo efeito, quando geram duas ou mais figuras descontínuas entre si, mas que, quando bem vista a sua enunciação analítica, obedecem a um mesmo padrão.

Com a palavra História passa-se um fenómeno muito peculiar. É trivial lembrar que História significa em grego investigação. E é por demais evidente que hoje em dia perdeu muito desta ressonância e ganhou muitas outras. Poucas pessoas perceberiam que se fizessem livros com o título de História Natural, e ainda mesmo História policial, nesta acepção.

Mas na base da História está a investigação. A História é algo que sempre se soube não ser dado de origem. É algo que se procura. A natureza física ou a alma, ou ainda a divindade, poderiam ser vistas em muitas épocas como elementos dados, de acesso ao puro pensamento, à revelação, à intuição. Mas a História não. Desde a origem começou por ser procura e nesse sentido é o antecedente de todas as outras ciências.

1 comentários:

joão wemans disse...

Como explicar, que certos capítulos da História estejam vedados à tal procura? (p. exemplo o capítulo Holocausto).
Por que não, em "pleno século XXI", libertar a História das facções que a fizeram como vencedores, e não abrir a curiosidade ao que existe do lado dos vencidos; que foram muitos?
Caso curioso, o da Guerra Civil Espanhola: aqui, temos uma História feita na generalidade com as teses dos vencidos...
João Wemans