sábado, 16 de agosto de 2008

( continuação)

O rei ficou sentado olhando o horizonte que ainda ardia da refrega. Levantou-se, caminhou até a uma tenda isolada. Os guardas afastaram-se para Aga passar. Na penumbra, mulheres e crianças dormiam aconchegadas, tomados todos, seus escravos. O rei olhou em volta. A um canto, viu o dorso de uma mulher. Deitada de lado, parecia de estatura mediana, de ossos compactos. Tinha o cabelo negro, crespo, que lhe descia até à cinta, a pele não era branca como a sua, mas amarelada. O rei Aga, ficou ali de pé. Saíu, sem lhe ver o rosto.
A mulher virou-se lentamente, mas só se quando teve a certeza que o homem saíra.
Pela aurora, o rei deu ordem para que a trouxessem.
Vinha suja e desgrenhada. Presa pelo tornezelo, caminhava direita. O rosto era anguloso, com feições definidas. Os olhos eram grandes, escuros.
O rei lembrava-se de ter visto grandes gatos selvagens com olhos daqueles, com impertinência. Sentado, olhou-a e disse: " - Não és Helena...mas servirás."
Deu ordem para que a lavassem, vestissem e perfumassem. De noite, quando as fogueiras do horizonte se começavam a extinguir, trouxeram-na à presença do rei. A um sinal, saíram todos. Aga levantou-se, deu dois passos até ficar perto dela. A mulher vestia túnica e na sua pele amarela refulgia ouro.
" - Tens nome?"
" - Briseida." - Disse a mulher
" - O maior guerreiro que já viveu precisa das tuas mãos para fazer a passagem. Sabes cuidar de feridos?" - Perguntou o rei.
" - Cuidei de meu pai e irmãos." - Respondeu-lhe ela.

O rei colocou-se à sua frente. Tinha cabelo castanho claro, media mais dois palmos do que a escrava. Tinha olhos de pedra, a boca era uma linha fina, apertada. Disse:" Entrarás na tenda de Aquiles sempre coberta por este véu negro que jamais tirarás. Se o tirares, mato à tua vista, os dois irmãos que trazes contigo."

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