quarta-feira, 26 de setembro de 2007

I. Serge Berstein, Léon Blum, Paris, Fayard, 2006



Nem todas as personagens históricas nos têm de agradar ou desagradar, elas não existiram para suscitar os nossos sentimentos. Não são seres funcionais só porque morreram. No entanto, não me posso escusar de ver umas com mais, outras com menos simpatia.

Blum tem alguns aspectos que me são profundamente simpáticos. Um apurado sentido de justiça e de moderação, uma preocupação efectiva com o sofrimento alheio e uma real postura de honestidade política. E estava longe de ser estúpido ou inculto. Nada mau tendo em conta muita da classe política actual.

Do lado positivo na minha perspectiva o facto de ter impulsionado a participação de mulheres na política, colocando três sub-secretárias de Estado numa altura em que as mulheres nem podiam votar nem ser eleitas, de ter respeitado a legalidade e o seu compromisso de respeitar a república, de ter uma efectiva preocupação com o ser humano, sobretudo o desprotegido pela economia capitalista.

Do lado negativo, o facto de afirmar a irrelevância da origem étnica em França quando se lembra de se afirmar judeu quando fala com judeus americanos (o que mostra que o sonho da integração plena permite manipulações e oportunismos), de se deixar dominar por um quadro teórico mais afectivo que ponderado e o querer impor à realidade e de no fim de contas ter cedido à pressão dos funcionários públicos, esquecendo-se dos velhos e dos reais desprotegidos da sociedade. Blum inaugura uma tradição que se tornará secular que leva os partidos socialistas a serem reféns do funcionalismo público.

1 comentários:

Anónimo disse...

Coisas bonitas aqui :-)

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