segunda-feira, 30 de abril de 2007

Estão feitas as apresentações

Não nos podemos queixar. A rede recebeu-nos bem. Com simpatia. Dando-nos não só o benefício da dúvida, mas manifestando mesmo boas expectativas. O que é lisonjeiro e nos cria mais obrigações. Nas últimas horas fomos referidos no Registo Civil, Miniscente, Origem das Espécies e Geração Rasca (neste caso já recomendando o que Pedro Lains escreveu lá[...]
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domingo, 29 de abril de 2007

A 8ª arte


Adoro BD.

[...]

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Onde Agora a Europa Começa

Ontem, sábado de manhã, ala que se faz tarde em viagem relâmpago a Coimbra para apresentação de livro e sessão de autógrafos. À noite, já em Lisboa, os sms dão-me conta da reportagem da RTP sobre o Diário de Um Deus Criacionistal, romance que ainda vai provocar muita celeuma.
Mais tarde, ceia ibérica, em que um amigo me apresenta um projecto de televisão mais do que regional, em Espanha, e me conta o que é criar uma empresa com tecnologia state of the art, a primeira na Europa, com um apoio do Estado de 36 milhões de euros, combinado com um anualizado investimento publicitário garantido dos maiores grupos[...]
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sexta-feira, 27 de abril de 2007

Pela Rede da Amargura

Andámos escondidos um mês. Em treinos e posts esforçados, mais do que prometia a força humana. Apanharam-nos. Agora é ver o nosso nome arrastado pela rede da amargura. Recomendam-nos com gritos insanos. Passam-nos a favoritos sem pestanejar ou, de forma complexa e contraditória, até nos chamam the new kid of the block. Também encontrámos recomendações atlânticas. A nova esquerda
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VIII. Elites: necessidade

Podemos então enfrentar a última questão que nos ocupa. São efectivamente necessárias as elites numa sociedade? São-no particularmente numa democracia?

Algumas linhas de resposta já foram dadas. Mas resta por fazer um balanço final.

Em geral as elites têm dois papéis numa sociedade.

Por um lado criam uma diferença de potencial criativa. Uma sociedade sem elites ou com elites ausentes é uma sociedade vegetativa. O palácio é fruto deste diferencial de tensão. A pirâmide igualmente. A ordem monástica, o exército regulado, a academia são outros exemplos desta diferença de potencial criativa. Numa[...]
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quinta-feira, 26 de abril de 2007

VII. Elites: modo de formação

O modo de formação das elites pode parecer questão “meramente” histórica. Este advérbio, bem como as suas variantes “apenas”, “tão-somente” e quejandas mostram não a pequenez do factor, mas a dos locutores. Uma agastante tendência na cultura alemã, vinda do idealismo, tendeu a salientar o “apenas” psicológico, por oposição ao transcendental, ideal. Como se a alma humana fosse qualquer coisa de “apenas”. O “apenas” histórico padece da mesma tacanhez. Como se a experiência humana passada não nos influenciasse.

Os modos de formação das elites são fundamentais para se compreender as terapias para uma sociedade que careça de elites.

Se os modos de forma[...]
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quarta-feira, 25 de abril de 2007

Let the Crescent in

Let the Crescent in


A questão da adesão da Turquia à comunidade Europeia é para mim um assunto que desperta razões e emoções nem sempre alinhadas.
Começo por afirmar que a minha posição inicial sobre o tema e que ainda não reformulei é a de concordância em relação à dita adesão.
De facto parece-me importante nos dias de hoje ter a possibilidade de fazer ingressar no nosso espaço europeu um país como a Turquia que se tem batido denodadamente por preservar a separação do poder laico em relação ao poder da religião sobre o estado. Dir-me-ão que a maioria da população turca tem uma matriz social e religiosa bastante distinta da que prevalece nos países europeus e que a sua inclusão no nosso seio acarretará uma desvirtuação dos valores que nos têm caracterizado. Pois não n[...]

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O futuro de Portugal está nos velhos

Neste “Geração de 60”, onde por magnanimidade me consentem, há uma certa inclinação, e uso a expressão da Sofia, para a “reinvenção do espaço público”. Ou seja, há alguma vontade de contestar o “establishment” político-partidário e há mesmo alguma vontade de doutrinar. Eu, por nanologia teórica, caio mais para o lado dos estados de alma. Com um egotismo do tamanho do Empire State Building, só me apetece mergulhar na ociosa bruma dos boleros de Machín, ou perder-me convulsivamente em livros como “Núpcias de Fogo” ou “Escravas do Amor”, que o velho Nelson assinou co[...]
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O Portugal de António Barreto

A televisão portuguesa está a passar uma série de programas intitulada: Portugal. Um Retrato Social, de autoria de António Barreto, conhecido sociólogo português. Ainda só passaram quatro episódios de um conjunto de sete e apenas consegui ver dois, mas a amostra permite antever as linhas gerais da história que está a ser contada. Acresce que podemos completar a nossa perspectiva sobre os programas com a leitura de outras obras do autor, em particular, os dois volumes intitulados, precisamente, A Situação Social em Portugal (Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 1996 e 2000).

Antes de mais, os elogios, começando pelos mais importantes. António Barreto revela aqui o seu culto pela qualidade. A série tinha que ter o melhor realizador di[...]
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terça-feira, 24 de abril de 2007

Citando Julius Evola a proposito das elites

“Foi justamente observado que uma elite é uma veia, uma veia preciosa, mas no entanto uma simples veia: são precisas outras veias e é necessário todas as veias convergirem, se bem que só a central, a ocultíssima, avance realmente e predomine, enquanto se oculta e actua subterraneamente. Se não houver ambiente, não há ressonância: se faltarem as condições internas e externas para que todas as actividades humanas possam adquirir novamente um sentido, para que todos possam exigir tudo da vida e, erguendo-se à altura de um rito e de uma oferta, possam orientá-la em volta de um único eixo que não seja simplesmente humano — se faltarem estas condições, será inútil e vão todo o esforço, não haverá semente que possa germinar, e a acção de uma elite fica paralisada.<[...]
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VI. Elites: reconhecimento

Entramos por isso no problema do reconhecimento das elites. O que se pode reconhecer como elite? Esta pergunta é em suma questionar-se sobre quais as hierarquias de valores, mas igualmente qual a imagem do mundo que subjaz a cada sociedade concreta.

Se é assim em geral, pode dizer-nos muito sobre o espírito das actuais democracias.

A primeira prevenção que temos de ter é a de que reconhecimento não significa idolatria. O facto de durante mais de 1400 anos ter havido uma classe aristocrática a dominar a Europa não impediu revoltas, ressentimentos, ódios, desprezos. Em certo sentido é saudável que a população em geral desconfie das elites, que não a[...]
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segunda-feira, 23 de abril de 2007

Avisar a Malta

Olhando com atenção para o actual governo, não se descortinam facilmente ministros que mostrem preocupação genuína com as coisas europeias (talvez com a excepção do da Agricultura). Trata-se de um governo com uma agenda essencialmente nacional, demasiadamente satisfeito com as conquistas na política caseira e com pouca ambição de dar cartas em Bruxelas. Essa falha não tem sido muito notada na imprensa, o que significa provavelmente que a maior parte de nós pensa que a politica europeia não tem importância.

Ora isso é um erro. É um erro compreensível neste pequeno e periférico país, mas é um erro sério. Nas vésperas de Portugal assumir a presidência do Conselho Europeu, será talvez conveniente recordar a importância da política europeia para a política nacional. A maior atenção [...]

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A dita superioridade da arte

A intervenção do João Luís Ferreira tem a vantagem de repor uma discussão velha, se não como o mundo, pelo menos de dois ou três séculos.

Mas temo bem que padeça de vários males que contaminam a cultura moderna, sobretudo a portuguesa.

Indo à questão regional para começar. Num país sem cultura científica e de fraca criação científica parece-me pouco proveitoso que se menorize a ciência. Um país que produz a grande ciência pode-se dar ao luxo de a desprezar. Pode haver um Heidegger quando existe Riemann e Mach. Quando alguém diz que despreza a nobreza de nascimento sem ter a certeza dos seus costados, existe sempre alguma suspeição de inveja. Mesmo [...]
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A Superioridade da Arte

Não obstante a pertinaz e omnipresente campanha dos cientistas, que dos seus castelos de marfim conquistaram o mundo com mais eficácia e sucesso que qualquer político de qualquer tempo, a história da humanidade que importa não é tanto a descoberta do átomo quanto foi a invenção da poesia.
O átomo se existe, e não parece haver dúvidas que possa existir na constituição da matéria, não existe para nos aumentar a consciência nem para nos revelar a transcendência da nossa espiritualidade. Conhecê-lo, não adianta nem atrasa a evolução da humanidade. Evolução, voltar para fora, não se confunde com progresso que, a existir, tem de ter determinada a sua finalidade e o seu ponto de partida. O progresso infinito que geralmente significa indefinido é uma impossibilid[...]
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V. Elites: mérito e inerência

A nossa época vive da rotina de elogiar o mérito. Este elogio é feito acriticamente geralmente por pessoas que o têm pouco.

O problema é que o argumento do mérito tem sempre de ser visto com muita cautela.

A modernidade odeia a inerência, mas para o poder fazer tem de a negar onde ela existe. Há coisas que pura e simplesmente inerem. Uma visão lúcida da realidade obriga-nos a reconhecer isso. Há pessoas que são mais bonitas que outras e dificilmente terão mérito na coisa. Mas isso não lhes diminui o valor da beleza.

Mas tomemos um exemplo. Peguemos numa criança perfeitamente banal. Demos-lhe a melhor[...]
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domingo, 22 de abril de 2007

França 2007: impressões a quente

Nada como uma noite eleitoral. Desta, e para já, seis notas soltas.
Em primeiro lugar, o impressionante nível de afluência às urnas. Numa Europa descrente e distante da participação política, 85% é algo verdadeiramente marcante (para alguns comentadores, reconciliação tributária do recente aprofundamento da experiência referendária).
Em segundo lugar, a emergência de uma nova geração. De protagonistas (o esforço dos que não eram novos foi parecê-lo 'a outrance'), mas também de discursos (com novos temas, novos enfoques, novos estilos) e de métodos (neste aspecto, o papel da internet nas campanhas de Sarcozy e de Ségolène foi eloquente).
Em terceiro lugar, a centralidade do tema da mudança. De maneiras diferentes, os três candidatos mais votados apostaram na urgência de muda[...]

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Vícios Privados, Públicas Virtudes

Vivia em NY quando surgiu o affair Levinsky. Creio que a importância do incidente foi incompreendida na Europa, e para quem estava embrenhado na cultura americana, era frustrante a incapacidade para fazer compreender o significado da história para o cidadão dos EUA. O argumento europeu é de que se tratava de aspectos da vida privada, irrelevantes para a coisa pública, e reveladora de uma hipocrisia subjacente ao puritanismo norte-americano. Estreita visão. Em primeiro lugar, ressalta óbvio que o tempo ou acto que um Presidente permanece ou pratica na sala oval não é privado, da mesma maneira que não é quarto de hotel o gabinete de trabalho de qualquer funcionário de uma empresa. A responsabilidade do exemplo, aliás, cresce com a responsabilidade do cargo. Em[...]
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sexta-feira, 20 de abril de 2007

IV. Elites: institucionalização

As elites podem estar mais ou menos institucionalizadas. As elites são sempre um fenómeno colectivo, mas isso não significa forçosamente institucionalização.

A institucionalização tem evidentes vantagens. A primeira é a de garantir continuidade, mesmo que haja evolução. Havendo institucionalização há garantia, pelo menos empírica, de que o funcionamento colectivo não se esfarela de forma imprevisível. Em segundo lugar são garantidos mínimos de qualidade. A juridificação da nobreza gera imensas taras, mas tem a vantagem de limitar a fraude. Os cursos universitários nunca garantiram a competência, mas ao menos tenderão a expulsar as formas mais grosseiras de incompetência. A terc[...]
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quinta-feira, 19 de abril de 2007

Elites, Democracia e do Verdadeiro Drama Actual

A afirmação de Alexandre Brandão da Veiga segunda a qual à Democracia sempre aborrecem as Elites, merece reflexão.

Se entendermos o significado de Democracia como o Governo da maioria, constituindo-se sempre as Elites uma minoria, afigurar-se-á de simples evidência a necessária oposição da Democracia às Elites. Todavia, se entendermos Democracia como o Governo do povo, essa oposição não apenas é menos evidente como se poderá mesmo esbater ou não ocorrer sequer.

Socorramos aqui do alto exemplo de S. Tomaz e recorramos a Aristóteles.

Para o Estagirita, havia três regimes perfeitos: a Monarquia, ou seja, o governo de um, talvez o mais sábio; a Aristocracia, ou seja, o Governo dos melhores e a democracia, ou seja, o G[...]
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III. Elites: modalidades

Historicamente encontro os seguintes tipos de elites:
a) De nascimento;
b) Intelectuais;
c) Vivenciais
d) Económicas.

É curiosa a imensa contradição da modernidade em relação às elites de nascimento. Recusam-nas, mas instauram princípios que apenas nelas se encontram na excelência. Com efeito, a modernidade idolatra a infância e a irracionalidade. Ora a elite de nascimento é a que se instaura desde a infância, em que o elemento diferenciador típico é a formação desde a infância, e em que o espaço do não dizível, do irracional, tem um lugar por definição.

O património fidalgo é por definição irracional, não é transmissível em escolas, por palavras. A atitude, os gestos, os gost[...]
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quarta-feira, 18 de abril de 2007

II. Elites: função e atitudes.

Percebe-se assim a necessidade para a democracia das elites. O poder não se estabelece por si mesmo, mas fundamenta-se no melhor. Não é apenas o equilibro aritmético de forças que impera na sociedade.

Por outro lado, sendo uma realidade colectiva, não fica dependente do acaso de um profeta que surja do nada para lançar o princípio do melhor. Espera-se que haja um corpo social que o segregue. Que o anuncie, que o defenda.

O problema é que as elites podem ter várias atitudes perante o espaço social.

Umas vezes são predatórias. Querem conquistá-lo, dominá-lo. É o que acontece com os conquistado[...]
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terça-feira, 17 de abril de 2007

I. Elites: o que são


A democracia lida mal com as elites. Sobretudo com a sua teorização. No entanto, nenhum regime precisa mais de elites que a democracia. Uma ditadura não se descaracteriza por não as ter. Sob o ponto de vista da vivência individual pouco muda estar dependente do sultão ou de um chefe de piratas barbarescos. No entanto, uma democracia sem elites cai na demagogia, acabando na tirania mais tarde ou mais cedo.

Por isso é preciso pensar as elites de uma forma um pouco mais profunda. É essa uma condição necessária da sobrevivência da democracia.

A primeira questão que nos temos de colocar é o que são. As elites caracterizam-se por duas traves mestras: o colectivo e o melhor.[...]
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segunda-feira, 16 de abril de 2007

Mais e melhor, precisa-se...

De manhã, ao acordar, há um momento de verdade que nos faz o dia. É então que emergem a alegria ou a mágoa, o entusiasmo ou o quebranto, a felicidade ou a decepção. Queiramos ou não, gostemos ou não, de manhã a vida é o que é, sem disfarces nem contemplações.
Ora, confesso-vos que tenho acordado muito pouco exuberante. Não gosto do que vejo e oiço, não gosto do estado a que chegou a coisa pública, não gosto da lucidez com que percebo a medida em que há muito se anunciou a inevitabilidade de tudo.
Em Portugal, não é o pequeno que incomoda. Mas o pouco. A avassaladora falta de nível da nossa agenda colectiva. A mediocridade dos protagonismos. A irrelevância das discussões. E, claro, a absoluta ausência de projecto.
Portugal mergulhou num ciclo de perda consistente, que n[...]

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domingo, 15 de abril de 2007

O planeta de Euler

Que alegria, ver alguém escrever sobre Matemática! Obrigado, Alexandre. Ficaria moralmente em dívida se não atropelasse os meus timings[...]

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Constance Reid, Hilbert, Springer-Verlag, New York-Heidelberg-Berlin, 1996

O mito da nossa época exige que o génio seja espontâneo, fresco, primevo. É verdade que os românticos acharam tal coisa, mas muitos deles eram bastante lúcidos para saber que havia trabalho por detrás de cada obra. E os que não o sabiam apenas se iludiam a si mesmos. Esqueciam-se do imenso trabalho que dá fazer uma pintura ou uma ode.

A matemática é dos campos onde mais facilmente se reconhece o génio (por vezes de forma algo exagerada) mas em que ao mesmo tempo esse génio gera alguma condescendência. Ou seja, desconsideração social. E é o único campo científico em que a espontaneidade gera livre e singela adesão. As descobertas matemáticas têm gosto de eureka instintivo para muita gente.
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