IV. Elites: institucionalização
As elites podem estar mais ou menos institucionalizadas. As elites são sempre um fenómeno colectivo, mas isso não significa forçosamente institucionalização.
A institucionalização tem evidentes vantagens. A primeira é a de garantir continuidade, mesmo que haja evolução. Havendo institucionalização há garantia, pelo menos empírica, de que o funcionamento colectivo não se esfarela de forma imprevisível. Em segundo lugar são garantidos mínimos de qualidade. A juridificação da nobreza gera imensas taras, mas tem a vantagem de limitar a fraude. Os cursos universitários nunca garantiram a competência, mas ao menos tenderão a expulsar as formas mais grosseiras de incompetência. A terceira é a de garantir um ponto de contacto. Estando institucionalizada, sabemos como nos dirigir a uma elite. É mais fácil dirigirmo-nos a uma universidade que a uma tertúlia, por exemplo.
O problema é que a institucionalização também tem as suas taras, que são o reverso das suas vantagens. Tendem a ser corroídas pela inércia e por isso podem destruir o génio, a inovação. A continuidade passa a valer por si mesma, gerando o mandarinato. Os próprios processos que garantem os mínimos de qualidade podem criar produtos indesejáveis, desde o citador de sebentas, ao accionista profissional que nada sabe do negócio, mas apenas ser perito em assembleias-gerais de sociedades. A existência de pontos de contacto pode ser outros tantos impedimentos de real comunicação. A porta do palácio está por vezes lá apenas para mostrar que se impede a entrada. Pode ser mais fácil descobri a morada de universidade, mas por vezes é mais fácil comunicar com a tertúlia antes referida.
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