terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tradição e imitação II

A ligação entre imitação e tradição estabelece-se em várias ciências de formas curiosamente próximas. Moléculas que se agregam e que passando uma fase crítica geram transições de fase (as revoluções são uma consequência da tradição como se vê). Com a análise do mercado em Hayek os fenómenos de imitação são a base da auto-organização (uma forma de tradição, em suma). Com Girad análise semelhante mas ainda mais profunda, porque percebeu que a imitação não é neutra na vida humana, mas funda-se e gera uma forma de energia que no ser humano redunda em violência e na sua contenção.

Sob o ponto de vista estrutural evolução, tradição e imitação são indissociáveis. As revoluções, sejam políticas, sejam sociais, de mentalidade, sejam científicas, resultam de uma massa crítica formada pela tradição.

Mas sob o ponto de vista vital é igualmente verdadeira esta relação. Colocando-nos na perspectiva do inovador, ou do revolucionário, não se encontra nenhum que não dialogue com a tradição. Os filósofos gregos com Homero, os cristãos com a filosofia grega e o direito romano, Einstein com Maxwell e Newton, Proust com Racine, Picasso com a tradição ibérica e a pintura da Renascença... É evidente que o ignorante não inova. É evidente que apenas mostra capricho, e depois do sucesso cai no ridículo e mais tarde no esquecimento. Mas a questão vai mais fundo que a lógica pobre da vida do medíocre com presunção, vai além da anedota. É que a criação implica sempre diálogo (exactamente o oposto da conversa de café, que não empenha ninguém). E só se dialoga com o que já existe, através do que já existe, a isso chama-se de tradição.

Na tradição protestante sobretudo desde o século XX que se percebeu que o “sola scriptura” tinha um vício lógico. É que a “scriptura” é delimitada... pela tradição. Tanto católicos como protestantes revalorizaram a teologia do outro lado e por vezes os resultados são inesperados. Mas inesperados só na aparência. É que sem tradição não há diálogo, sem imitação não há aprendizagem.

Ninguém tem mais horror aos seguidistas, às criaturas sem personalidade que se reduzem a ser citadores. Entre estes estão os revolucionários de café, ou de Internet hoje em dia. Mas creio que já apanhamos a sua principal brecha: não querem ou não sabem dialogar, recusam aprender. Recusam a tradição e o que tem de revolucionário. São conformistas. Não se querem confrontar com uma tradição que pela sua grandeza demonstra a sua pequenez. E acabam por seguir uma longa tradição humana: a da desonestidade intelectual.

Resta-nos fazer as perguntas fundamentais. Porque se imita? Porque tem importância a tradição?

Porque se imita? Talvez seja uma estratégia de sobrevivência. Mas talvez signifique antes do mais que o ser humano não é estúpido. Aproveita-se a experiência alheia, o comportamento alheio, os gostos alheios para retirar algo deles. A ideia de imitação foi sempre algo equívoca. Ou se imita a natureza ou os outros seres humanos. Confesso que sempre desconfiei um pouco de uma visão vulgata de Aristóteles que vê a imitação como algo de passivo, como o pintor que supostamente reproduz a paisagem. Mas a partir do momento que percebemos que não existe nunca mera reprodução, que esta é mediada por perspectivas, ênfases técnicas, nunca a imitação é passiva.

Porque tem importância a tradição? A tradição começa por ser a consequência da imitação memorizada. É inevitável que surja tradição quando existe imitação. É o repositório das muitas imitações em cadeia. Para que serve? É uma medida de economia. Não temos de inventar de novo os modos de ver e reagir ao mundo. Tanto melhor. Mas é igualmente um repositório de modos de ver o mundo seleccionados por gerações de seres humanos no qual se vai depositando a sabedoria (e a asneira) humana. Quem a recusa não apenas labora no impossível, mas igualmente recusa qualquer cultura. Não há cultura sem tradição. Quando se fala de cultura, mesmo que em relação a uma fatia cultural apertada, é sempre de uma tradição que se fala. É o estado a que a tradição levou a que certas sociedades chegassem, incluindo as formas como essas pessoas reagem a essa tradição. Mesmo os revolucionários reagem a uma tradição, e é dentro dela que laboram. É sempre num misto de contra e com que os seres humanos laboram a sua vida. Apenas variam os graus. E já é um apenas bem vasto.

Da parte que me toca, desconfio tanto dos que imitam e seguem a tradição por seguir, como os que a elas se opõem sistematicamente. Sempre me parecerem muito parecidos. De uma forma ou de outra são escravos delas. Ao menos os primeiros são um pouco menos enfadonhos porque com menos presunções e um pouco mais de harmonia. Os segundos, na sua presunção poética, tornam-se apenas burocratas do desfazer, e tristes exemplos do contrário do que anunciam.






Alexandre Brandão da Veiga

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tradição e imitação I







A modernidade (e a pós-modernidade seja o que isso for) construiu-se contra a tradição e contra a imitação. É este o lugar comum. Se virmos o comentador, o intelectual mediano, o jornalista, é esse em geral o lugar comum que defendem.

Temos de ser originais, quebrar com o passado, destruir a herança, seguir o nosso próprio caminho. O paradigma parece ser o do aventureiro que se arrisca na selva amazónica, no terreno ainda não desbravado.

Nada tenho contra a real inovação, o pensamento que é aventura (o verdadeiro pensamento é sempre aventura), a contestação da tradição e o horror à imitação. O problema é o de saber se estes feitos estão ao acesso de todas as bolsas. E o problema é o de saber até que ponto este lugar comum é consistente com quem o defende.

Quando vemos multidões a defender estes lugares comuns (ao ponto de até o marketing se alimentar deles) vemos que quem o segue, fá-lo por um fenómeno de imitação, e em suma segue uma tradição mais ou menos recente. Primeira brecha neste paraíso da inovação.

Em segundo lugar, quando vemos os criadores da modernidade seguiam mestres de tradições ainda mais antigas (Baudelaire e seu Maistre, Nietzsche e seus pré-socráticos). Toda a aparente negação da tradição gera apegos a tradições, toda a negação da imitação gera novas imitações e nelas se sustenta. Eis a segunda brecha.

Em terceiro lugar, no elevado pensamento contemporâneo não é este tipo de negação que impera sem partilha. Na física encontramos um conservador impenitente como Einstein ou mesmo Dirac. Na química um Prigogine. Na economia um Hayek, na antropologia um René Girad. É estranho aliás que a relação entre estas várias personalidades nunca seja feita, porque apresentam estruturas de pensamento em muitos aspectos semelhantes.

Na matemática os termos em que se coloca a hipótese do contínuo só se compreende porque se quer integrar a mesma numa tradição. Afinal é fácil de demonstrar, basta afirmar que os índices de Aleph são apenas 0 e inteiros positivos como axioma, o que não deixaria satisfeito nenhum matemático que se preze, exactamente por não incorporar a tradição matemática. Na física Einstein quis preservar as equações de Maxwell e procurou novos princípios de conservação.

Um dos campos que parece excepção aparente é o da arte, em que se teria rompido com a tradição de vez. Mera ilusão. Picasso confronta-se com Rafael e procura noutras tradições (a ibérica mais que a africana como Penrose mostrou) a sua inspiração. A música de vanguarda acaba por dialogar com os mestres flamengos do século XVI. Na literatura a poesia concreta descobre a sua genealogia nos alexandrinos e na tradição medieval. Rilke encontra na tradição medieval e bizantino-russa muita da sua inspiração para o “Livro de Horas”.

De uma forma ou de outra o pensamento contemporâneo – o profundo, não o jornalístico – nunca abandonou nem a tradição nem a imitação como modelos explicativos e estruturas fundamentais da existência. E é natural que ambas estejam ligadas. É o que a realidade empírica nos mostra, é o que qualquer análise da realidade nos demonstra.

Qualquer criatura humana cai numa Terra que já existe, numa cultura que já existe. O mundo antes dela já existia. Teríamos assim duas possibilidades, ou o mundo que a rodeia ser-lhe-ia incompreensível, ou irrelevante, ou poderia dele absorver informação. Absorvendo teríamos duas possibilidades: ou vinha com estruturas totalmente novas, caídas no nada, de compreensão e interacção com o mundo ou tê-las-ia herdado. A genética e a experiência histórica mostram que é a segunda hipótese a verdadeira.

Por mais vasto que seja o campo da liberdade humana, há muita coisa que não escolhemos. Não escolhemos nascer ou não, não escolhemos ser mortais, não escolhermos ser lémures ou humanos, ser chineses ou portugueses, homens ou mulheres, bonitos ou feios, inteligentes ou estúpidos, nascer num meio favorecido ou não. A lista poderia ser desenvolvida até ao infinito. A tradição é simultaneamente o espaço fora da liberdade humana e onde ela se pode exercer. É a estrutura do ambiente humano.

Alguém que não reconheça o papel da tradição que tente começar de um dia para o outro a falar Urdu, se conseguir. Mas faça melhor, porque o Urdu pertence a uma tradição linguística apesar de tudo. Que fale numa língua só sua, com regras morfológicas e sintácticas totalmente novas. Que a função da palavra na frase não seja dada nem pela declinação nem pela preposição, ou pela posição, por exemplo. Os que dizem que não seguem tradições, que não falem nenhum das línguas existentes, pois. Que se calem nessas e falem só em línguas que mais ninguém conhece. Ao menos um efeito obteríamos: o nosso descanso.

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O regresso de Hipácia II

Cientista, mais uma vez ninguém duvida. Mas cientista e filósofa. Nada há de mal nisso. Um cientista intranscendente sob o ponto de vista filosófico nunca foi criativo. A questão é que a filosofia da época era totalitária. Mais uma vez, para o bem e para o mal. Uma escola filosófica não era apenas um quadro mental, era um modo de vida.

Teologia e ciência não se separam para um cientista da época e nada prova que Hipácia fosse excepção. Mais um exemplo de modernidade?

Muita da ciência da época foi destruída pelos cristãos e perdemos séculos de desenvolvimento graças a essa destruição. Hipácia é mais um exemplo disto. Tirada algo temerária, temo bem. Em primeiro lugar, porque faz actuar o célebre “se” histórico. E nesse aspecto os historiadores foram os primeiros cientistas a ter consciência (embora não os primeiros a formalizar a teoria) dos sistemas complexos. Não se pode afirmar nunca com certeza sobre o “se” variante.

Mas podemos pensar alguma coisa sobre isso. Quando vemos o que fez evoluir a ciência europeia a partir sobretudo dos finais da Idade Média e na Idade Moderna, vemos que é impulsionada por três factores que o pensamento antigo nunca foi capaz de integrar. O movimento rectilíneo como natural, a dignidade da matéria como objecto de pensamento científico e a valorização positiva do infinito. Esses três elementos essenciais para ciência moderna são conquistas do cristianismo. Lembro mais uma vez a tese do “falsus circulus" de Santo Agostinho” e a dignidade da matéria no cristianismo (Cristo tinha um corpo, e o corpo glorifica-se) e sem infinito não existe análise nem teoria dos conjuntos. Se a ciência antiga se pudesse desenvolver independentemente do cristianismo teria de ir buscar ao cristianismo e integrar no seu centro estas suas premissas vitais. Ou seja, tinha de se tornar cristã de alma, mesmo que não de fé.

Uma grande cientista. Sem dúvida. A melhor matemática da época parece. O problema é o ponto de comparação. A época não se comparava a Eudoxo, Euclides ou Arquimedes. Em parte nenhuma do mundo nessa época surgiram matemáticos realmente originais e criativos. Talvez eu seja o melhor matemático do meu prédio, quem sabe? Mas suspeito que a minha glória por essa via é diminuta. Grande erudita em matemática? Tudo indica que sim. Grande criadora? Tudo vai no sentido oposto.

E finalmente a cereja no bolo, o que se torna mais erótico para a propaganda moderna: vítima do cristianismo. A tese é velha, Gibbon já a tinha aventado.

Mais uma vez no entanto, raciocínio apressado. As versões são algo diversas, mas é preciso colocar a coisa no seu contexto.

Em primeiro lugar, o Egipto era famoso na Antiguidade pelo seu fanatismo. Juvenal na Sátira XV, se bem me lembro, relata o facto. Juvenal aliás mereceria melhor estudo pela nossa época porque melhor relata os sentimentos da classe média actual que os doutoramentos em sociologia. Essa maravilhosa sociedade pagã, que supostamente vive de tolerância, tem afinal fenómenos seculares de fanatismo, em que os adeptos de deuses diferentes se matam entre si por considerarem o deus do vizinho falso. Não foi o cristianismo a inventar o fanatismo humano. O episódio do assassínio de Hipácia passa-se em terra especialista no fanatismo. O cristianismo nada trouxe de novo na matéria.

Em segundo lugar, tudo indica que o seu homicídio ocorreu no contexto de oposições entre os judeus e os cristãos. Uma História que se encontra por contar, porque não bem pensante, é a dos ódios e perseguições dos judeus em relação aos cristãos em expansão, de que há sinais sobretudo entre os séculos II a IV d. C. Os cristãos não eram ainda suficientemente poderosos para impedir a perseguição, mas já o eram para ser temidos e sentidos como concorrência. Muitos judeus na época não teriam ficado agradados por o cristianismo crescer exactamente por ter abdicado do vínculo étnico. Não queriam eliminar a causa, mas detestavam os efeitos.

Seja como for, tudo indica que o ódio original não seria contra o paganismo, mas contra os judeus. Entenda-se; não estou a fazer juízos morais ou a querer justificar seja o que for. Apenas mostro que a História tem bem mais complexidade do que parece.

A ironia da História é que o paganismo tardio hoje em dia quase não tem detractores. É simples: são ignorados. Quando ressurgem há sempre uma recuperação abusiva dos Juliano o Apóstata e das Hipácia, e há-de chegar o dia dos Símaco e Libânio. Não faz mal. Quem os conhece realmente admira-os na sua devida medida e por isso não os usa.

E o vitorioso cristianismo, por outro lado, esse sim é atacado mais uma vez por todos os lados. Por pessoas que o ignoram profundamente, mas ainda ninguém os informou do facto. Julgam que o cristianismo é uma religião do povo, dos desprovidos intelectuais, e por isso julgam que lhes está acessível. Esquecem-se por isso que, quando o fazem, não demonstram que conhecem o cristianismo, mas que só por serem desprovidos o podem criticar.

Não vi o filme e quero ir ver. Não sei se será bom ou não. Mas parece-me bom ao menos tentar vê-lo. Vi no entanto o que sobre ele se disse, e os livros e comentários que se fazem sobre Hipácia, e aconselho vivamente a deixá-los no esquecimento na sua maioria. Hipácia seria a primeira a achá-los indigentes.







Alexandre Brandão da Veiga

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O regresso de Hipácia I







Eis que surge um filme sobre Hipácia. Finalmente. Não o vi e pretendo vê-lo. Por isso não vou comentar o filme, mas o que se diz a volta dele. Aparecem livros sobre a personagem em Inglaterra. Tanto melhor. É significativo que uma antiga deputada uns meses antes tenha dito que se tinha posto a estudar Hipácia. A mesma que diz que o mundo são partículas, o que é sempre bom saber, porque deve julgar que as ditas são uma espécie de berlindes em ponto pequeno.

Cada um ache o que pode e sabe, mas o que assusta neste renascimento da figura da Hipácia para o público não é tanto o renascimento, que em si é saudável, mas a forma distorcida com que é vista. Quando uma figura reaparece, se for sinal de alargamento de conhecimento, tanto melhor. Se é apenas de propaganda que se trata já a coisa é repugnante. A época contemporânea não fez nascer a ciência (já vinha de antes), fez surgir a propaganda parasitária da ciência. Algo bem diverso.

Como é usada Hipácia para propaganda? Tem vários ingredientes que a tornam apetecível: é uma mulher, intelectual e foi morta por cristãos. Permite assim a unificação de uma propaganda em que se mostra de uma só assentada como o cristianismo oprimiu as mulheres e a cultura. Vários picantes num só.

O problema destas conclusões é que resultam de uma absoluta incultura e de quem é incapaz de perceber a complexidade e por isso lhe tem ódio.

Entendamo-nos. Poucas pessoas podem invocar a sua admiração em relação ao paganismo tardio como eu. O paganismo tardio é essencial para explicar a sociedade que se construiu depois, de matriz cristã, mas igualmente profundamente influenciada pelo paganismo na forma em que este se encontrava. Exactamente: a forma tardia. O cristianismo não surgiu no tempo de Homero, e nem sequer de Péricles. É por isso francamente menos frutuoso fazer a sua comparação com estas fases do paganismo, que com o estado em que o cristianismo o encontrou.

Quando nasce o cristianismo, a religião oficial do Estado romano era uma, mas as elites estavam imbuídas de estoicismo e a população de mitos orientais, egípcios, restos da religião popular romana em evolução. Cibele, Mitra (embora menos do que pensaria Renan, como Turcan demonstrou), Serápis inundam Roma. As inscrições mostram-nos, as obras dão disso testemunho. A partir do século III os múltiplos neoplatonismos e neopitagorismos ressurgem em força e misturam-se com o ambiente anterior, prevalecendo sobre o estoicismo.

É um pequeno excurso, mas mostra que não é por confronto a Sófocles vivo ou Platão que se integram os cristãos. É por via de um Homero cada vez mais alegorizado, de um Platão cada vez mais divinizado que os cristãos se integram no mundo dito antigo.

O paganismo tardio está repleto de personagens de uma imensa dignidade. Porfírio, juntamente com Nietzsche, foi o mais profundo crítico do cristianismo, e não por acaso grande admirador de Jesus. São sempre os mais perigosos, para o bem e para o mal, os que admiram quem contestam. Não há memória que Cipião tenha dito que Aníbal era medíocre.

Proclo e Jâmblico, mas também Libânio, ou num registo diverso, Símaco, são personagens comoventes, tanto pelas suas convicções, como pelas suas limitações. Amavam um mundo que sabiam estar a morrer e de que não perceberam ter afinal nessa fase uma possibilidade de renascimento.

Hipácia faz parte dessa galeria de figuras dignas (menos aflitas que Celso, por exemplo), que mostraram a grandeza, não do paganismo clássico, mas do paganismo tardio. É por si mesma uma figura fascinante, pelo que tem de grande mas afinal de típico da época.

Como me interessa trazer para a nossa época a personagem, mais que a analisar, vejamos como a propaganda que a usa se quadra muito mal na personagem. Mulher, cientista e vítima de cristãos.

Mulher, sem dúvida. Mas quem a quiser ver como paradigma da mulher moderna (seja lá o que esse lugar comum queira dizer) é capaz de ter algumas surpresas. A castidade e a virgindade foram valores de que não abdicou. Não imagino os ditos modernos de profissão a poderem exaltar por isso. Não era casta por uma suposta ideologia judaico-cristã (termo tonto de o há), mas por força precisamente do paganismo que professava.

Perante um homem que a assediava (parece que era muito bela) entrega-lhe o equivalente ao seu penso higiénico e diz-lhe: é com isto que pretendes fazer amor? Ao que, como é evidente, e em boa moral pagã, o jovem se arrepende e decide ser casto com ela. Mais um exemplo que a modernidade pretende seguir?

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