segunda-feira, 25 de março de 2013

Falai! Quero saber.


A indignação tomou conta do sentir colectivo. O meu mail enche-se de pedidos para assinar petições ou para fazer boicotes à RTP. Os comentadores desdobram-se na análise epidérmica das consequências do regresso de José Sócrates ao comentário político. Parece que o Mundo se travestiu de Deus e decide quem vai para o Céu e quem deve ficar num Purgatório de irresponsabilidade e de ausência de cidadania. 
Como se atrevem a calar quem quer que seja? Os mesmos - muitos - que se silenciaram cinco ou seis anos a fio, enquanto a bonança optimista de Sócrates engordou as suas despensas e nos comprometeu a todos, os que nunca votaram no seu verbo nem agora se abespinham pelo seu silêncio.
Sim, quero ouvir Sócrates. Porque acredito na regeneração; porque respiro a liberdade e a vontade de conhecer, para lá do meu horizonte; e porque exijo explicações sobre o que correu mal e pode ter ficado contido no «segredo de Estado» de Sócrates, enquanto Chefe do Governo.

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Respeito e admiração

Há duas vivências que sempre me foram importantes: o respeito e a admiração. Que sejam centrais numa vida pode dizer muito sobre essa vida, mas não diz o que sejam.

Sempre tive a noção dos riscos das etimologias, e bem sabemos como os antigos – não apenas os medievais, ao contrário do que se afirma – eram temerários na matéria. Platão quando pretende fazer etimologias é pura e simplesmente fantasista, bem sabemos. O controlo fonético e o juízo comparatístico passam-lhe ao lado. As suas servem para outras coisas e servem muito bem. Da mesma forma, quando Isidoro de Sevilha as faz, nem sempre o podemos ler com condescendência.

É sempre tarefa arriscada, e por vezes pura e simplesmente estéril. No entanto, quando devidamente entendida, mesmo que sempre arriscada, uma etimologia pode-nos dizer de que matéria é feito um conceito.

O que damos por evidente, disponível, facilmente utilizável, muitas vezes resulta de séculos de maturação, pensamento e experiências. Basta ver os dispositivos tecnológicos que usamos todos os dias para percebermos a imensidão de teorias e tentativas que estão por detrás de uma simples televisão ou um telemóvel.

A diferença é que as palavras vão beber a um magma de significados possíveis, onde uns se destacam de uma forma, outros de outra. E esse magma no fundo acaba sempre por nos lembrar que os significados mais complexos são no fundo muito primitivos. As diferenciações, por mais legítimas que sejam, vão sempre beber, e nunca deixam de o fazer, a um depósito de possibilidades humanas a que chamamos de significado.

Por isso quando dizemos que respeitamos ou admiramos alguém ou algo, a coisa parece-nos tão óbvia que não merece explicação. Se atribuímos valor a essas vivências, e que valor atribuímos efectivamente, pode depender de cada pessoa. Mas parece que nos entendemos todos ao evocar e ao convocar o conceito, e por isso quedamo-nos satisfeitos com a coisa. Seja. Mas não basta.

Não basta porque não se sabe o que é a coisa. A etimologia mostra que as coisas são bem mais primitivas e simples do que julgamos.

Admirar é mais simples de perceber. Admirar é ad-mirar. É ir na direcção (ad) para contemplar com espanto, valer a pena o esforço de sair de onde se está, cansar a perna, gastar o nosso tempo precioso de vida (cada um fale por si), correr o risco de não compreender plenamente, e tudo isto para se ir ter com, para atingir um fim: espantar-nos, ficarmos fascinados.

A admiração implica uma actividade esforçada de quem a pratica e um amor inveterado ao resultado que se almeja: o espanto. Significa acreditar que no mundo há coisas que nos provocam espanto, e que esse espanto nos enche a alma. Muitos gregos sabiam (não apenas Aristóteles) que a filosofia começa com a admiração, com o espanto. Uma pessoa incapaz de admirar é apenas um inepto filosófico. Mas mostra igualmente a sua pequenez, porque não acha que nada valha o esforço da sua deslocação. Fica-se por ali, porque “ali” é sempre o seu lugar natural. Sempre alhures, mas um alhures para onde nunca se vai nem se pretende ir.

A criatura que não admira, ou não vai a lado nenhum, ou vai para onde lhe pode agradar, mas onde não há espanto, nada há de admirável. Guia-se apenas pela sua preguiça e pelo seu prazer, e são ambos o escolho do seu mundo. Um mundo preguiçoso, meio aflito, esperando no máximo algum momento de alívio ou prazer. Nada mais.

O respeito já exige um pouco mais de subtileza linguística. Mas como sou um explorador indecente do meu velho Ernout-Meillet, consegui desembrulhar-me de uma situação de impasse que me seria algo embaraçante, mesmo que com isso confesse a minha muleta, mas não menos o meu trabalho.

Respeitar é olhar para trás, mas olhar para trás virando o peito (res-pectum). Quem respeita não olha para trás apenas por curiosidade. Está disposto a virar o seu corpo, a inverter a marcha, a parar o seu caminho, por causa de algo de ou de alguém. Algo ou alguém merece que paremos o nosso caminho, que invertamos a marcha se for o caso.

Curiosa relação a que existe entre respeito e admiração. A segunda faz-nos andar para a frente, o primeiro faz-nos voltar para trás. Que relação existe entre eles? Muito mais simples do que parece. A imagem do ser humano que subjaz a um mundo que gosta de respeitar e admirar é a de um mundo livre, onde se está disposto a ir para a frente ou ir para trás consoante nos imponham necessidades vitais maiores. Um mundo sem um ou outro é um que não vai para a frente mesmo que ande, que não arrepia caminho, mesmo que recue. Um mundo de partículas que actuam apenas por choque noutras partículas e onde o ser humano não é centro vital do mundo, mas apenas ponto de embate.

Para quem o respeito e admiração são aspectos centrais da vida, não acrescentei nada à sua. Eram-lhe importantes, no que faz muito bem. Se de novo alguma coisa trato não é pregar para convencidos, mas mostrar o que são as pessoas que desvalorizam o respeito e a admiração. Pessoas que andam para a frente e para trás, se for o caso, mas sem rumo nem motivo. Como insectos envenenados girovagam, passeiam-se, circumambulam. Mas, se o seu movimento não tem sentido, a razão é simples: perderam-lhe o sentido.



Alexandre Brandão da Veiga



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Clima de véspera do Atlântico aos Urais


O Chipre a cair, pede amarra à EU. Que, prussianamente, decreta uma queda maior. A Rússia, já em cena, passa de coveira a redentora. Durão conversa com Medvedev. Mostra mais serviço do que resultados. A Rússia faz-se cara. Joga-se duro na diplomacia. E lembro-me da regra profética de Klausevich: «A guerra é a continuação da diplomacia por outros meios». 

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segunda-feira, 18 de março de 2013

A credibilidade conhece resultados que as previsões desconhecem



Victor Gaspar não é astrólogo, como diz Marcelo Rebelo de Sousa. Por isso, não pode «adivinhar as previsões». Como ninguém pode. Ontem mesmo Jorge Jesus dizia depois da vitória do Benfica: «Sou Jesus mas não sou bruxo!».
O vício está nesta ideia, que veio das empresas para a política, de governar para objectivos quantificáveis. O que é difícil, mas possível, numa unidade fabril ou numa nota de encomendas não se verifica num País, integrado numa União Política e Monetária que, por sua vez, opera num mundo global.
Victor Gaspar é um excelente técnico e um político ímpar porque consegue estabelecer um rumo e ter a coragem de o prosseguir, dando sentido aos sacrifícios dos que percorrem esse caminho. Consegue assim - não imediatamente os índices e percentagens que todos desejariam - mas uma realidade igualmente tangível, embora menos visível, que é a credibilidade.
Com ela se baixam as taxas de juro. Com ela se alcançam novos prazos para empréstimos. Com ela se concluem negociações (ao contrário do que acontece na Grécia).
Conclusão: a credibilidade dá mais resultados do que as previsões.



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Entre os bem-amados


Estou feliz com a eleição do Papa Francisco mas incomoda-me o contraste que se procura estabelecer quando o elogiam. Parece que, finalmente, vamos ter um Papa simples, amigo dos pobres, despojado das mordomia terrenas. A mesma alegria com a inovação se fez sentir quando João Paulo II foi eleito, em 1978. Bento XVI fica, assim, numa espécie de sandwish de Papas extraordinários na humildade e contacto com os outros.
Seria Ratzinguer menos simples? Menos líder espiritual? Menos digno de ser o novo Pedro? Não creio.
A sua postura nunca indiciou qualquer sentimento de superioridade, apesar de todos o considerarem muitíssimo inteligente e culto. A sua liderança foi livre e firme, como a do antecessor e como a que promete ser a do sucessor. Atacou os males da Igreja de frente e aprofundou o diálogo inter-religioso de forma consequente. Ainda ontem, um líder muçulmano do Irão fazia juz à batalha de Bento XVI pelos mais oprimidos numa entrevista a Nuno Rogeiro, na Sociedade das Nações (SIC-Notícias). E quanto ao despojamento de mordomias, a única coisa que quis levar consigo para os aposentos papais foi um piano e alguns livros, certamente importantes para as mensagens que nos transmitiu.
Sinto-me privilegiada e responsabilizada por me ter sido dado viver um tempo com Papas desta categoria.

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Francisco, o companheiro de Jesus



Nasceu argentino, mas tem sangue italiano, como convém ao bispo de Roma.
É Jesuíta e sabe falar as línguas do mundo, sem nunca deixar de falar a sua;
Quis ser Francisco, simples como o de Assis em pleno fausto e missionário, como o apóstolo em horizontes nunca dantes conhecidos.
Reza o Pai Nosso como Ele nos ensinou. Sem se esquecer de Maria.
Viva o Papa!

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terça-feira, 12 de março de 2013

O inefável Vasco




Ele aí está, resgatando a pureza da esquerda que há em nós, o Manifesto pela Reconstrução de um Regime Democrático. Um conjunto de personalidades assina o referido tigre de papel «para um Executivo que governa sem grandeza, sem ética e sem sentido de Estado, dificultando a participação democrática dos cidadãos e impedindo que o sistema político permita o aparecimento de verdadeiras alternativas".
Os autores, para além de homens livres, são assalariados do Estado, o mesmo que terá perdido «o sentido» no dia em que pingou menos para o bico de cada queixoso deste ninho. E, tal como junto das crias famintas, o barulho promete ser ensurdecedor.

Inefável, do latim ineffabillis, adjectivo
1. Que não se pode exprimir por palavras = indescritível, indizível.
2. [Figurado] Encantador, delicioso, inebriante.







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terça-feira, 5 de março de 2013

O que é a tolerância?

O espírito impositivo, normativo e dictatorial dos bem-pensantes tende a cortar o mundo em metades. De um lado há a tolerância e do outro há tudo o resto. O que seja a tolerância está definido por esses benfeitores da humanidade de singelo pensamento e não pode ser objecto de discussão. A sua concepção do ser humano é hirta, inamovível, pétrea. Por sorte o ser humano é infinitamente mais rico do que querem os ditadores da moda. É que não se pode dizer que de um lado há a tolerância e do outro a intolerância. Há muitas formas e muitos motivos para se tolerar e para não se tolerar. Existem mesmo coisas que são intoleráveis. Veja-se por exemplo a intolerância dos tolerantes oficiais.

Acresce que a tolerância é vista como uma forma de superioridade moral, e por isso tem de ser também analisada segundo esse crivo.

“Tula” em sânscrito é balança, esta palavra é prima de”tollo”, suportar. A tolerância é sempre o reconhecimento de um peso. Os outros pesam-nos, as coisas podem-nos pesar, as ideias de outrem pesam-nos. Christophe de Voogd na sua “História dos Países Baixos”, o país com mais experiência na tolerância, lembra que o neerlandês tem três palavras para a tolerância: Verdaagzaamheid, a verdadeira aceitação do outro, Onverschilligheid, a indiferença e Gedogen, o deixar andar, que vai do sentimento de impotência ao interesse económico.

A complexidade da tolerância, que no caso europeu em acréscimo assume teorização imensa durante e depois das guerras de religião (desde Erasmo pelo menos), exige que tenhamos alguma ordem, por forma a ver que coisa é esta que parece dar tanta superioridade moral e civilização a outras culturas que não a europeia.

Para isso temos de distinguir quem tolera, o que tolera, como tolera e porque tolera.

Quem tolera? Só se é tolerante se se tem um referencial absoluto. Referencial através do qual o que está fora dele é mau, ou pelo menos não tão bom. Um relativista puro não pode ser tolerante. Cabe-lhe melhor a indiferença. Quem defende o relativismo das civilizações não defende nenhuma tolerância, mas apenas a indiferença, ou escondido sob o olhar tartufo, o ódio à sua. Por isso quando alguém afirma que é relativista e tolerante ao mesmo tempo, apenas está a praticar desporto de empilhamento de auto-elogios, mas nada fez em coerência de discurso.

O que se tolera? Só se pode ser tolerante com o que não se gosta. Quem se converte ao nazismo não é tolerante com é ele. É simplesmente nazi. Quem admira o Islão não é tolerante, gosta dele. O politeísmo não é tolerante: é apenas absorvente. Quando o romano fala dos deuses celtas dando-lhe nomes romanos faz apenas obra de transposição. Não é tolerante. Quando Alexandre Severo coloca Cristo no seu santuário junto de outros deuses não é tolerante, é apenas sincrético. Quando o muçulmano diz que venera Jesus e Maria porque o alcorão lhe diz para o fazer não está a ser tolerante, mas apenas a obedecer a um comando da sua religião. O espaço possível da tolerância é tanto maior quanto menos gostamos das coisas ou das pessoas. Por isso quando mais se diz que uma cultura tolera muito, mais significa que é vasto o campo de coisas de que não gosta. Quem muito tolera, muito detesta. Se tem razão nisso é outra questão. Mas deve-nos suscitar alguma reserva tanta tolerância.

Como se tolera? O como é sempre um abaixamento do nível de violência possível, na medida em que haja tolerância. Mas não o fim da violência. O como da tolerância exige sempre uma medida e uma comparação – com o que existe noutras culturas ou noutras épocas. A estrela de David amarela imposta aos judeus, criação muçulmana, é considerado símbolo de tolerância quando se passa no mundo islâmico do séc. X, mas de intolerância na Inglaterra medieval do século XII e símbolo máximo de intolerância no século XX. Mesmo que os critérios sejam pouco honestos, a verdade é que o princípio está correcto. O fuzilamento é símbolo de maior tolerância que a morte por empalamento ou pela roda. O problema é que menor violência é conceito relativo. É muito difícil medir até que ponto uma humilhação permanente é menos dolorosa que a tortura física pontual. O indígena africano cujo animismo era tolerado pode ter sido mais humilhado que o que foi morto em combate. Da mesma forma quando a república turca dita laica impõe impostos especiais aos não muçulmanos nos anos 40 do século XX estará a ser mais tolerante que na época do genocídio dos arménios e assírios. A verdade é que a tolerância é sempre uma medida de violência. Por isso é sempre expressão de agressividade, mesmo que minorada.

Porque razão se tolera? Aqui os paradigmas podem ser múltiplos e misturados entre si. Pode haver interesses económicos nisso. Pode-se pura a simplesmente ganhar dinheiro com a tolerância. A praça de Londres recebe católicos e mais tarde muçulmanos apenas por dar dinheiro. Ou então tolera-se o insignificante. Os mazdeístas são tolerados no fundamentalista Irão porque são poucos. Porque se considera insignificante do que não se gosta. Reduzidos a 50 mil os cristãos da Turquia são considerados inofensivos, apesar de ainda estarem longe de serem realmente tolerados. Como se em Portugal houvesse 7200 muçulmanos ou em França 40 mil muçulmanos em vez de cerca de 5 milhões. Nem se daria por eles. Pode tolerar igualmente porque se quer pacificação social. Exactamente pela razão inversa da anterior. Porque geraria conflito não tolerar. A Turquia mal ou bem tolera uma minoria alevi porque corresponde a 25% da sua população. Da mesma forma a maioria hindu tolera a minoria muçulmana porque corresponde a mais de 10% da sua população.

Pode-se tolerar igualmente por necessidade estratégica. Na Arábia Saudita é proibido entrar com um crucifixo ao peito, mesmo que escondido. No entanto, nas bases americanas há capelas. Do que não se gosta é evidente, porque se não goste também, a motivação por que se tolera está longe de ser nobre. Pode-se tolerar por esperança de conversão. A região europeia de mais longa e constante tolerância do judaísmo é Roma, em grande parte porque o papado tinha esperança de conversão dos judeus. Mas hoje em dia muitos toleram o Islão dentro de Europa porque esperam a sua conversão à democracia, à economia de mercado, ao irenismo mole e outras constelações religiosas mais ou menos superficiais em que se baseiam.

Porque se respeita o ser humano apesar de se odiar as suas ideias. Ou porque se admite que a verdade tem uma dimensão dialéctica. É difícil destrinçar a motivações. Pode-se tolerar por fundamentos dialécticos. Se a motivação é dialéctica pode ser de mero jogo, sem nenhuma seriedade, a paisagem humana é mero espectáculo lúdico. Os outros seres humanos são meros instrumentos do seu prazer. Se a motivação é o ódio a certas ideias, mas o profundo respeito pelos seres humanos, talvez a tolerância seja um belo conceito, mas talvez só aqui.

Em suma, a tolerância nasce sempre de um amor ferido, sustentado por um absoluto que aceita viver com o que não gosta diminuindo a sua violência contra ele pelas mais diversas razões. É o vazio da admiração e raras vezes convive com a simpatia e o respeito e apenas abunda onde o relativismo está ausente.

Michael Soubbotnik, um estudioso do pensamento político da Europa Central em arguta observação lembra as profundas afinidades que existe entre a tolerância e a resistência à tirania, porque em ambos os casos as ideias nasceram do apelo à consciência individual perante Deus. Um regime que não admite o direito de rebelião contra si é intolerante por definição. É o que acontece com o actual modelo de democracia que se quer impor na Europa. Entre guerras tolerámos ideologias que queriam destruir a própria democracia, como o comunismo. Hoje em dia contestar uma Europa baseada apenas em critérios moles e meramente técnicos como a democracia, economia de mercado direitos do homem e instrumentalidades quejandas é visto como blasfémia. O príncipe da Idade Média e Moderna admitia a teorização contra o tirano. O actual príncipe suporta-a muito menos. Sinal de aumento da intolerância, e de que apenas o intolerável começa a ter direito de cidade.

Entre a grandeza de um São Bernardo de Clairvaux ou de Santo Ambrósio e a tolerância mole e desistente de alguns dos monges seus vizinhos que não deixaram nada para a História a escolha é simples de fazer. Tolerar o huno às nossas portas muitas vezes mais não é mais que sinal de desistência ou mesmo traição. Não tolerar o indigno, como fez Antígona pode ser sinal da maior coragem. Não tolerar a submissão como fez o príncipe Eugénio de Sabóia pode ser sinal de maior humanidade. Denunciar, recusar o intolerável não é afinal passagem para a irrelevância histórica.


Alexandre Brandão da Veiga



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