terça-feira, 24 de abril de 2007

Citando Julius Evola a proposito das elites

“Foi justamente observado que uma elite é uma veia, uma veia preciosa, mas no entanto uma simples veia: são precisas outras veias e é necessário todas as veias convergirem, se bem que só a central, a ocultíssima, avance realmente e predomine, enquanto se oculta e actua subterraneamente. Se não houver ambiente, não há ressonância: se faltarem as condições internas e externas para que todas as actividades humanas possam adquirir novamente um sentido, para que todos possam exigir tudo da vida e, erguendo-se à altura de um rito e de uma oferta, possam orientá-la em volta de um único eixo que não seja simplesmente humano — se faltarem estas condições, será inútil e vão todo o esforço, não haverá semente que possa germinar, e a acção de uma elite fica paralisada.

"Mas são precisamente estas condições que são inexistentes hoje em dia. Mais que nunca, o homem de hoje perdeu todas as possibilidades de contacto com a realidade metafísica, com o que está antes dele e atrás dele. Não se trata de crenças, de filosofias, de comportamentos: nada disto conta nem servirá de obstáculo; a este respeito, na realidade, a empresa seria fácil. Como já se disse no princípio, no homem moderno existe um materialismo que, através de uma herança de séculos, se tornou agora quase uma estrutura, um dado congénito do seu ser. Sem que a consciência exterior se dê conta disso, este materialismo estrangula toda a possibilidade, desvia toda a intenção, paralisa todo o impulso e condena todo o esforço, mesmo quando orientado na direcção correcta, a ser apenas uma «construção» estéril e inorgânica. Por outro lado, o modo e o conjunto das condições de vida quotidiana a que, na civilização de hoje, já quase nenhum dos nossos contemporâneos pode subtrair-se; o tipo predominante de educação; tudo o que consciente ou inconscientemente se sofre como sugestão e condicionamento por parte do ambiente e da psiche colectiva; os ídolos, os preconceitos, as formas de julgar e de sentir, do falso conhecimento e da falsa acção que se enraizaram nas almas — tudo isto reforça a corrente."
[Julius Evola, Revolta contra o mundo moderno, 1934]

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