Os trabalhos e os dias
A experiência profissional de dez anos, em dois planos distintos, até porque também sou trabalhadora dependente, as novas questões económicas, das empresas, e os seus reflexos sociais, temáticas como o desemprego ou os novos conceitos como a flexisegurança e a deslocalização, fazem-me sobretudo questionar paradigmas.
Que sentido e qual a valia de um edifício jurídico erigido sobre e para um modelo económico que mudou dramaticamente nas últimas décadas? Que dizer da realidade paralela dos milhares de trabalhadores falsamente independentes que não gozam de qualquer tipo de protecção? Como é possível que existam dois sectores - público e privado - com uma realidade tão díspar? Como é que se harmonizam os direitos dos trabalhadores com a realidade das empresas? Qual é hoje o papel do[...]
Tenho lido o que se tem escrito, ouvido tv, sobre o caso Freeport.
Quem tem responsabilidades públicas, políticas, diz o que tem de dizer, que a justiça fará o seu trabalho. Ou não comenta. Parece-me bem e o adequado face ao caso.
No entanto, nos outros casos, jornais, comentadores, opiniadores, parece-me que deixam escapar uma questão fundamental: a natureza da corrupção, e sobretudo a de grande escala, a forma como opera.
Estas pessoas têm da corrupção uma ideia cinéfila: uma conversa explícita, comprometedora, de preferência gravável, uma mala cheia de dinheiro. Tal e qual como no filme português Call Girl. Tudo muito óbvio e para a posteridade. Provas, muitas e para todos os gostos e todos os ordenamentos jurídicos.
Agora, por causa disso, nos media pro[...]
Parece hoje muito certa aquela afirmação de Montaigne, que diz: «Não há menos tormento no governo de uma família do que no de um Estado intei[...]
Os americanos vão poder acompanhar a implementação do American Recovery and Reinvestment Plan, mal este seja aprovado pelo Congresso. Um exemplo a seguir na Europa. Ler mais aqui.
Ainda a propósito do post anterior e do comentário da Sofia Rocha: a sociedade civil anglo-saxónica é muito exigente face ao poder politico.
Dois exemplos de hoje:
O jornal Washington Post lançou esta manhã um excelente site Who Runs Washington que permite conhecer em detalhe oos membros do Governo, Congresso, Agências Federais, etc.
Nesta fase de lançamento, a criação dos textos sobre cada um das personalidades é da responsabilidade do jornal. Numa segunda fase, serão os próprios leitores a produzir e editar os textos, numa lógica de wiki moderado.
Aqui no Reino Unido, uma iniciativa governamental para restringir o acesso público às despesas dos deputados acaba de [...]
Uma das primeiras directivas do Presidente Obama, em linha com a sua candidatura. Open Government é a Democracia liberal no Século XXI. Transparência, participação, poder descentralizado. O paradigma da colaboração, da criação colectiva, da “wikipedia” e do “open source”, aplicados a politica. Não é de democracia directa que estamos a falar, é de melhor democracia representativa.
Bons sinais vindos do outro lado do Atlântico.
MEMORANDUM FOR THE HEADS OF EXECUTIVE DEPARTMENTS AND AGENCIES
THE WHITE HOUSE
Nos anos oitenta, nas aulas de inglês do liceu, ouvi pela primeira vez a expressão "Generation Gap". Esta era usada essencialmente para tipificar o comportamento dos jovens rebeldes dos anos sessenta que, de melena, ou guedelha, ouvindo os Beatles, desfiavam a autoridade paterna.
Era fácil perceber o conceito e nunca mais pensei no conceito, até agora.
Há poucos dias li Marcelo Rebelo de Sousa a dar as boas vindas aos clube dos sexagenários a Pacheco Pereira. Vi o Mário Crespo a entrevistar Alberto João Jardim, ambos a dizerem que já tinham essa idade. Poderia acrescentar Miguel Júdice, António Barreto, Manuel Alegre, tantos outros.
Essa circunstância, mais do falar dessa pessoas - ouço-os, leio-os, concordo ou discordo do que dizem, do que escrevem - mostra-me uma sociedade [...]
A preocupação nacional com os números entende-se. Para muitos podem ter uma expressão muito complexa, quando falamos em percentagens e milhões que, pela sua grandeza, não conseguimos imaginar.
Sugiro por isso um exercício simples, ao alcance de qualquer um.
Quem passar por estes dias na Av. Fontes Pereira de Melo, na zona das Picoas, poderá ver dois mupis de uma cadeia nacional de hipermercados - do Continente, passe a publicidade.
Talvez por ter trabalhado na distribuição comercial alimentar, me interesse tanto por este sector de actividade. Todavia, é consensual que é um sector de grande peso na economia nacional e muito sensível às variações do poder de compra:factura muitos milhões, emprega muita gente.
Com crise ou sem ela ninguém deixa de comer, diz-se. Mas será mesm[...]
Comissão Europeia
a) novas
PIB -1,6%
Desemprego 8,8%
Inflação 1%
Défice orçamental* 4,6%
b) anteriores
PIB 0,1%
Desemprego 7,9%
Inflação 2,3%
Défice orçamental* 2,8%
"Economist"
PIB -2%
Desemprego 8,9%
Inflação -0,3%
Défice orçamental* 4,5%
OCDE
PIB -0,2%
Desemprego 8,5%
Inflação 1,3%
Défice orçamental* 2,9%
Governo
PIB -0,8%
Desemprego 8,5%
Inflação 1,2%
Défice orçamental* 3,9%
* em % do PIB
Nota: Ao contrário da regra, as difer[...]
Há poucos dias aqui no blog, Carlos Jalali relembrava-nos o papel da gestão de expectativas.
Face aos números e percentagens de desempreg[...]
Em Janeiro de 1872, na sua Campanha Alegre, ao ano novo que então começava perguntava Eça de Queiroz o que traria à Pátria? E logo a seguir acrescen[...]
Até 2004 vigorava um regime, no que à contratação pelo Estado diz respeito, em que quem para ele trabalhava tinha, grosso modo, a condição de funcionário público (legalmente previsto como regra); de agentes administrativos - mediante contrato administrativo de provimento - figura muito usada para contratar docentes, por exemplo; ou ainda como "contratado".
( Não vou referir aqui a prestação de serviços porque embora frequente não fazia parte do elenco das figuras admissíveis - mas a merecer tratamento autónomo noutras circunstâncias.)
Os "contratados" que a lei admitia como ultima ratio estavam ligados ao Estado por um contrato de trabalho. Contrato de trabalho idêntico ao contrato de trabalho previsto e regulado na Leis de trabalho ( maxime na Lei Geral de Trabalho) mas que t[...]
Quique Flores mora na esquina da rua Braancamp com a rua Castilho.
Quique Flores tem um guarda-redes como o Moretto.
Quique Flores tem um director desportivo que usa cachecol e conduz um Maserati.
Quique Flores tem por vizinho o 6º homem mais elegante do mundo .
Será um boa notícia para Portugal quando ele prosseguir a sua carreira por essa Europa que fala inglês e alemão.
Dirá que, haja o que houver, nós temos em Portugal, para dar e vender: estilo, sainete, salero! Hombre!
" Úuuquéquetuquuueres? " - O que é que tu queres?
" Parabiêins " - Parabéns
" Deitar fôgo " - paixão assolapada pela pirotecnia que faz as pessoas lançarem foguetes na noite de fim de ano e quando estão felizes.
Posto isto, parabéns a todos os meus amigos madeirenses e ao meu filho madeirense pela vitória do Cristiano Ronaldo.
Trabalhei uns anos na função pública.
Trabalhei uns anos em empresas privadas.
Nalguns sítios deixei saudades, noutros talvez menos. Houve festas de despedida, lembranças, discursos,lágrimas (só minhas).Contas acertadas, cartas de recomendação. Nos primeiros natais e aniversários ainda comunicamos com os antigos colegas, depois menos, até que fica apenas uma lembrança vaga - e que o bom senso recomenda que não se tente resgatar.
Nunca, nunca, depois de ter saído, depois das cartas, das contas feitas e das despedidas finais, me passaram para o nível 18.
E o que eu gostava de ter passado para o nível 18.
Mário Soares deu ontem uma entrevista à Sic-Notícias.
Ao vê-la é impossível não lhe chamarmos "animal político". Pode-se discordar de quas[...]
1983, 1984, 1993 e 2003 foram os anos de contracção económica das últimas três décadas. Foram anos extraordinários.
Em 1984 os meus pais divorciaram-se.
A minha mãe, com a escolaridade mínima, fica com as duas filhas adolescentes para criar. Eu, a mais velha, tinha doze anos. Em sequência, decide abrir uma pequena loja de comércio de têxteis e de materiais de decoração. De início sem empregados, nem na loja nem em casa, habituou as filhas a ajudarem no sustento familiar estando na loja depois das aulas e nas férias e na realização das tarefas domésticas.
Nesse tempo aprendemos que as bananas faziam mal à barriga, que o fiambre era uma coisa esquisita e que a carne de vaca era muito pesada, sendo preferível a galinha e o porco, que de resto os familiares criavam.
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