quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cinco cêntimos afrancesados

A preocupação nacional com os números entende-se. Para muitos podem ter uma expressão muito complexa, quando falamos em percentagens e milhões que, pela sua grandeza, não conseguimos imaginar.
Sugiro por isso um exercício simples, ao alcance de qualquer um.
Quem passar por estes dias na Av. Fontes Pereira de Melo, na zona das Picoas, poderá ver dois mupis de uma cadeia nacional de hipermercados - do Continente, passe a publicidade.
Talvez por ter trabalhado na distribuição comercial alimentar, me interesse tanto por este sector de actividade. Todavia, é consensual que é um sector de grande peso na economia nacional e muito sensível às variações do poder de compra:factura muitos milhões, emprega muita gente.
Com crise ou sem ela ninguém deixa de comer, diz-se. Mas será mesmo assim?
A distribuição alimentar tem um grande orçamento em publicidade e marketing. Todos nos lembramos de ver a sua publicidade na tv e habituámo-nos a ter as caixas do correio cheias dos seus desdobráveis.
Lembram-se da picanha? Em Portugal ninguém sabia o que era até os hiper e supermercados a venderem. O mesmo para as frutas tropicais e tantos outros produtos.
Foram outros tempos. Sabem o que estes dois mupis, num dos sítios mais caros da capital, anunciam?
Lombo, porco preto, papaia, pera abacate?
Nada disso.
Frango a 1.69 o kilo e pão a 0.05 a unidade. Acrescentam que é "bijou".
Nunca tinha visto um mupi a publicitar o produto mais básico da alimentação. Um produto de cinco cêntimos.

Economia portuguesa com nome francês, é o que é.

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