Maio 68 (2)
Foi o confronto de um mundo cheio de princípios e cuidados (o dos pais) traumatizados pela experiência da Grande Guerra e um mundo que na abundância não tinha a noção de limites e, por isso, recusava a ordem,[...]
Há mais ou menos quinze dias assaltaram-me o carro. Partiram o vidro, mexeram nas minhas coisas, roubaram um GPS e, na pressa causada pelo troar do alarme, levaram metade de um rádio, que sinceramente espero que funcione melhor do que a metade com que eu inutilmente fiquei.
Enfim, já muitos passámos por isso. Uma chatice: telefonar ao ACP para guardar o carro durante a noite; fazer queixa à PSP porque sem isso não podemos accionar o seguro do carro; fazer uma peritagem num local indicado pela seguradora; dirigirmo-nos a uma garagem onde, primeiro, nos façam um orçamento e, depois, nos arranjem o carro… e tudo isto, claro está, no meio dos normais afazeres do dia a dia.
Já quase tudo passado, faltava-me apenas substituir o vidro do carro, o qual foi encomendado há já mais de um[...]
Em teoria, e como muito melhor do que eu algum dia saberia fazê-lo, o demonstraram brilhantes pensadores liberais como Friedrich Hayek ou Robert Nozick, a desigualdade na repartição de rendimentos não é necessariamente um indicador de injustiça social. Por uma razão que, de resto, é fácil de compreender. Num mundo ideal, com regras genéricas e iguais para todos, mas sobretudo com oportunidades rigorosamente idênticas para cada cidadão, a simples diversidade original dos membros da sociedade resultaria necessariamente num padrão de distribuição desigual. Que em teoria, repito, poderia precisamente espelhar a diferença de mérito e de trabalho entre cada cidadão ao longo de uma vida. Aliás, o que numa sociedade assim idealizada resultaria numa verdadeira injustiça seria a tentativa de im[...]
No recente terramoto de Sichuan terão perdido a vida mais de 65.000 pessoas. De entre estes, estima-se que cerca de 10.000 fossem crianças. Razão pela qual a comissão de planeamento provincial daquela região resolveu autorizar as famílias que tenham perdido filhos a «conceber» um segundo (abrindo assim uma excepção à regra geral de «uma família, um filho»).
Não tenho sequer comentários para este horror «burocrático[...]
As relações entre o sagrado e o profano já não são o que eram. E o mundo também já não é o que era, novidade que repetimos, despreocupados, ano a ano, século a século.
Absolutamente a não perder!
Desconcertante para quem se inquieta com a vida. Uma mistura perfeita entre as obras e o olhar dos séculos passados com uma visão inquietante sobre [...]
É do que preciso: tempo e silêncio. Y una casa en el cielo.
Vitor Constâncio deu um "aviso" segundo o qual o Governo não devia esperar muito do investimento público. Quando as dúvidas sobre o investimento público chegam ao governador do Banco de Portugal e este dá o sinal correspondente, então é mesmo preciso entender o que se passa. Este ambiente desfavorável ao investimento público parece generalizado, e quase só tem sido contrariado por gente que está próxima da área do governo - e por este vosso criado. O que se passa então? Eis uma explicação. Posso estar errado, mas que é uma ideia, é.
Ao que parece o Conselho Nacional de Educação - com a bênção já há tempos anunciada do Ministério da Educação - vai propor a fusão do primeiro e do segundo ciclos do ensino básico. Medida cujo intuito será o de submeter as criancinhas dos seis aos doze anos ao regime maternal-paternal do professor único (ou melhor do professor tendencialmente único). Tudo isso com o superior propósito de evitar os traumas da transição de um sistema de um único docente para um sistema de vários docentes.
Em Portugal, continua-se no trilho da infantilização e desresponsabilização de crianças e jovens. Que trauma pode sofrer um ser humano de dez anos por passar de um regime de professor único para um de cinco ou seis professores (se forem dez, como se diz, serão, de facto, demais...)? E esse trauma nã[...]
Para aprofundar e aguçar o debate sobre uma querela política e partidária mais relevante para o nosso futuro colectivo do que a espuma dos dias deixa adivinhar, aí fica um texto publicado no Diário Económico de hoje.
Manuela Ferreira Leite tem centrado o discurso (também) num retorno do PSD às suas raízes (humanistas, reformistas, sociais-democratas, não populistas).
Muitos têm confundido (ou têm feito por confundir) essa tomada de posição ideológica com um regresso ao passado, uma “reprise” anacrónica dos “bons velhos tempos”. Enganam-se rotundamente.
A atitude programática e o perfil de liderança de Manuela Ferreira Leite representam, não um retorno, mas uma inovação – uma verdadeira ruptura na política portuguesa. Pela primeira vez, um líder se propõe falar ve[...]
Agradeço ao Martim Avillez Figueiredo a informação sobre Philippe Van Parijs, autor que desconhecia e que, à primeira vista, me parece ter a enorme virtude de querer repensar o marxismo à luz das mudanças económicas e sociais ocorridas durante todo o século XX. O Ocidente, de facto, enquanto não fizer as pazes com o marxismo não poderá afirmar-se verdadeiramente no mundo. Nesse processo, porém, teremos de acertar as contas com o materialismo, pecado original da modernidade pós-cartesiana, de um modo geral, e do marxismo, em particular, que continua a empurrar o homem para baixo daquilo que ele pode e deve ser.
É nesse sentido que já há alguns anos tenho chamado a atenção para os pensadores ibéricos da segunda escolástica, cuja originalidade surge definitivamente expressa no pensame[...]
Suponho que muitos estarão completamente desinteressados deste "caso". Contudo gostaria de deixar aqui o prefácio que escrevi para o livro de Margarida Neves de Sousa e Rita Marrafa de Carvalho: "Esmeralda ou Ana Filipa, dois nomes, dois pais" porque acredito levantar algumas questões de interesse geral:
..."Confesso que até ao convite para o programa “prós e contras”, não tinha acompanhado de perto, antes de forma distraída, o “caso da pequena Esmeralda”. Parecia-me haver aspectos de exibição mediática que me desagradavam profundamente, porque contrários a uma análise séria e racional de um caso seguramente complexo. Mais tarde, alguém me referiu um editorial da revista “Sábado”, onde, contra a corrente, se defendia uma posição favorável ao pai biológico, e se descreviam detalhes [...]
...estar acompanhado no optimismo (os que não têm tempo
vejam sobretudo o último parágrafo).
1 – Pedro Passos Coelho é o vencedor anunciado das próximas directas do PSD. Não me refiro a uma vitória no sentido literal, bem entendido. Mas o objectivo de Passos Coelho não é, nem poderia ser, esse. O candidato, que beneficia grandemente de um enorme deficit de expectativas, dificilmente não sairá reforçado do acto eleitoral. Basta-lhe não ser estrondosamente «esmagado». A partir daí tudo jogará a seu favor: a idade, a novidade, a experiência do «padrinho» e sobretudo a enorme probabilidade de a próxima liderança do PSD só vir a gerir o partido até à «débacle» de 2009. Já o disse e repito: dos três candidatos (omito deliberadamente as restantes «non-entities») é o único que pode representar e (consequentemente) vir a ter um futuro a longo prazo. Se tivesse de apostar diria que Ped[...]