A Primeira Vez
A PRIMEIRA VEZ
que eu vi mesmo o mar foi já no meio do Oceano Atlântico. Em Lisboa, Cais da Rocha, tínhamos entrado no Vera Cruz; descemos logo ao camarote e quando voltámos a subir – no dia seguinte? – cercava-nos um vasto tapete ondulado, de um azul inútil e livre. Flutuávamos num lençol oscilante: Houdini tinha escondido a terra.
A PRIMEIRA VEZ
que tive um medo inexplicável, nu e solitário, foi quando, sendo menor mas emancipado, um agente da DGS, em Luanda, me fez a entrevista prévia para ter o passaporte que ia abrir-me as fronteiras de alguns países europeus. Eu achava que ele detectaria, irremediavelmente, as obscuras e obscenas motivações que me dilaceravam, a saber: descobrir a liberdade de Paris e nunca mais cá pôr os pés ou, moreno e baixinho, converter-me no objecto sexual das louras de Estocolmo. Objectivos, confesso, falhados sem glória.
A PRIMEIRA VEZ
que senti a ontológica e perturbadora diferença da sexualidade feminina foi quando a minha mão pousou sobre a coxa de uma inocente Pandora (chamemos-lhe assim). Eu ainda longe da “idade de homem”; ela, “mais velha”, de shorts, num país tropical. O gesto foi cândido, mas o calor da lábil curva inflamou, de forma tão inesperada como agradável, o meu ego. Já não me lembro se trazia blusa ou de que cor, resta-me o ardor, o mesmo doce ardor, na palma da mão.
Escrever, meus caros bloggers da Geração de 60, é uma actividade tauromáquica e íntima. Quem é que entra a seguir na arena?
que eu vi mesmo o mar foi já no meio do Oceano Atlântico. Em Lisboa, Cais da Rocha, tínhamos entrado no Vera Cruz; descemos logo ao camarote e quando voltámos a subir – no dia seguinte? – cercava-nos um vasto tapete ondulado, de um azul inútil e livre. Flutuávamos num lençol oscilante: Houdini tinha escondido a terra.
A PRIMEIRA VEZ
que tive um medo inexplicável, nu e solitário, foi quando, sendo menor mas emancipado, um agente da DGS, em Luanda, me fez a entrevista prévia para ter o passaporte que ia abrir-me as fronteiras de alguns países europeus. Eu achava que ele detectaria, irremediavelmente, as obscuras e obscenas motivações que me dilaceravam, a saber: descobrir a liberdade de Paris e nunca mais cá pôr os pés ou, moreno e baixinho, converter-me no objecto sexual das louras de Estocolmo. Objectivos, confesso, falhados sem glória.
A PRIMEIRA VEZ
que senti a ontológica e perturbadora diferença da sexualidade feminina foi quando a minha mão pousou sobre a coxa de uma inocente Pandora (chamemos-lhe assim). Eu ainda longe da “idade de homem”; ela, “mais velha”, de shorts, num país tropical. O gesto foi cândido, mas o calor da lábil curva inflamou, de forma tão inesperada como agradável, o meu ego. Já não me lembro se trazia blusa ou de que cor, resta-me o ardor, o mesmo doce ardor, na palma da mão.
Escrever, meus caros bloggers da Geração de 60, é uma actividade tauromáquica e íntima. Quem é que entra a seguir na arena?
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