Os pobres, a direita e a esquerda
Os que dizem que não faz sentido distinguir a Direita da Esquerda, às vezes têm razão. Isso mesmo mostram as disputas (que não cito por preguiça, pedindo desculpas por isso), nos jornais e outros meios, por causa das recentes lutas entre ciganos e negros, algures na periferia de Lisboa.
A direita ex-marxista e a direita não católica escreveram coisas impressionantes, que basicamente se traduzem no seguinte: não ajudem os pobres, pois isso torna-os ineficientes e preguiçosos. Os ex-marxistas da direita continuam a achar que o Mundo pode ser corrigido e só o não é porque os homens maus não querem. Não aprenderam a lição com a queda do muro de Berlim. Os não católicos da direita acham que a busca da eficiência é o valor mais importante à face da Terra. Não aprenderam a lição olhando para as suas próprias vidas, para verem como também elas têm muito de ineficiente.
Ajudar os pobres é ineficiente? - Claro que é. Assim como olhar para o tecto à procura de inspiração. Ou discutir no corredor, longamente, a invenção da água quente.
(A verdade é que nada disso é ineficiente, quando tudo é bem medido, uma dedução impossível de expor a quem usa demais a ideologia.)
Mas a questão não é saber se ajudar os pobres é ineficiente ou não. E é aqui que entra a direita católica, para quem ajudar os pobres é tão natural como rezar. Esta direita está mais perto dos socialistas moles, que acham o mesmo. Sim, porque os socialistas duros são como a direita ex-marxista (et pour cause) e a não católica. Para eles, ajudar os pobres é alimentar o "sistema" e atrasar a revolução.
Meus caros, brinquem aos liberais mas parem quando há pessoas que precisam dos seus problemas resolvidos. De uma forma não malthusiana, de preferência.
Perdoe-se a generalização feita nestas linhas, mas retenha-se o que de válido ela dá.