O país do "encosta"
Não há nada mais perigoso nos portugueses, e mais profundamente português, do que o "encosta".
O "encosta" são aqueles tipos (93% da população activa, reformados sem licença de renovação da carta, adolescentes que roubam o o chasso do pai, velhinhas hiper-activas e todos os alcoólicos não-anónimos) que encostam o seu carro a dois nanometros do carro da frente a 140 km/h nas auto-estradas e vias rápidas desta grande nação. Já perguntei a várias pessoas de inteligência consensual sobre o tema, e as que reconheceram fazer o "encosta" - uma apaixonada maioria - deram a mesma extraordinária justificação: "é para pressionar o gajo da frente a deixar-nos passar".
Poupando nos insultos (que me fizeram perder algumas amizades no momento da pouco inocente inquirição), parece-me que o "encosta" é o retrato exacto da desgovernada insubmissão aos romanos, da ruinosa gestão financeira das riquezas do Oriente e das Índias Ocidentais, da expulsão dos judeus, da atrasadíssima - e incipiente - revolução industrial, da insularidade envergonhada do século XX e do desbarato do maná europeu dos últimos 20 e poucos anos, entre outros requintes de visão estratégica e sentido comunitário.
Enquanto os portugueses não souberem governar o seu carro, não conseguirão perceber como devem ser governados. Enquanto não pressentirmos a humanidade dos que vão no carro à nossa frente, e a fragilidade de todos os que circulam no mesmo espaço, não perceberemos o que é essencial para nós próprios.
O condutor "encosta", e o seu peso percentual, são o retrato exacto da nossa arrogância, da nossa incapacidade de entreajuda, do vácuo da nossa natureza individualista. Se não há um rudimentar sentido cívico de Portugal, não há portugueses.
O "encosta", meus senhores, é o princípio do fim.
PS: Qualquer semelhança entre este texto e um desabafo catastrofista é mera coincidência
O "encosta" são aqueles tipos (93% da população activa, reformados sem licença de renovação da carta, adolescentes que roubam o o chasso do pai, velhinhas hiper-activas e todos os alcoólicos não-anónimos) que encostam o seu carro a dois nanometros do carro da frente a 140 km/h nas auto-estradas e vias rápidas desta grande nação. Já perguntei a várias pessoas de inteligência consensual sobre o tema, e as que reconheceram fazer o "encosta" - uma apaixonada maioria - deram a mesma extraordinária justificação: "é para pressionar o gajo da frente a deixar-nos passar".
Poupando nos insultos (que me fizeram perder algumas amizades no momento da pouco inocente inquirição), parece-me que o "encosta" é o retrato exacto da desgovernada insubmissão aos romanos, da ruinosa gestão financeira das riquezas do Oriente e das Índias Ocidentais, da expulsão dos judeus, da atrasadíssima - e incipiente - revolução industrial, da insularidade envergonhada do século XX e do desbarato do maná europeu dos últimos 20 e poucos anos, entre outros requintes de visão estratégica e sentido comunitário.
Enquanto os portugueses não souberem governar o seu carro, não conseguirão perceber como devem ser governados. Enquanto não pressentirmos a humanidade dos que vão no carro à nossa frente, e a fragilidade de todos os que circulam no mesmo espaço, não perceberemos o que é essencial para nós próprios.
O condutor "encosta", e o seu peso percentual, são o retrato exacto da nossa arrogância, da nossa incapacidade de entreajuda, do vácuo da nossa natureza individualista. Se não há um rudimentar sentido cívico de Portugal, não há portugueses.
O "encosta", meus senhores, é o princípio do fim.
PS: Qualquer semelhança entre este texto e um desabafo catastrofista é mera coincidência
3 comentários:
Pedro, é o "Crash" à portuguesa...mas não filmado a cinza e azul metalizado, mas antes a laranja e e encarnado, que vai bem com os fogos...
Jon Stewart, do Daily Show, mostra-nos, com a sua habitual ironia, a ida dos três candidatos à presidência norte-americana à AIPAC (American Israeli Political Activity Committee), a principal representação dos interesses judaicos em Washington. Em suma, John McCain, Hillay Clinton e Barack Obama foram prestar tributo ao lóbi israelita:
Jon Stewart: O virtual candidato republicano John McCain, o virtual nomeado democrata Barack Obama e a PresidenteVirtual Hillay Clinton, foram à conferência da Comissão Israelo-Americana (AIPAC). A AIPAC é o principal grupo de pressão pró-Israel e para um candidato a Presidente é importante fazer uma visitinha e ligar-lhe de vez em quando. Obviamente estes três candidatos são vistos de forma muito diferente pela comunidade judaica. Mccain é visto como um guerreiro no qual se pode confiar. A Senadora Clinton é vista como uma figura política histórica. E Obama, não têm bem a certeza. O gajo é preto? Ou é árabe? Ou é o quê? Não sabem, não fazem ideia.
Barack Obama: Há muito que compreendo o desejo que Israel tem de paz e a necessidade que tem de segurança. Mas isso tornou-se óbvio durante as viagens de que o Lee falou há dois anos quando fui a Israel.
Jon Stewart: Ah, uma visita em pessoa? Um ponto para ele na coluna gimmel. Senadora Clinton?
Hillay Clinton: Desde a minha primeira visita a Israel em 1982, até à mais recente, vi em primeira-mão o que Israel conseguiu.
Jon Stewart (a imitar Hillary): ele (Barack) só lá esteve uma vez! Eu vou lá tanta vez que até tenho cartão de passageira frequente. O McCain vai ver-se à rasca para fazer melhor.
John McCain: Estive recentemente em Jerusalém com o senador Lieberman…
Jon Stewart: Ganhou senador. Mas, sabe, quando se vai a Israel não é preciso levar o nosso próprio judeu. Há lá uma grande variedade por onde escolher. Mas foi um bom toque. Tem um grande amigo que é judeu. Senadora Clinton?
Hillay Clinton: Estar aqui hoje faz-me recordar uma passagem de Isaías…
Jon Stewart: Ena! Ela conhece um judeu da Bíblia.. Conhece-o no sentido bíblico. Senador Obama, tem de matar o jogo…
Barack Obama: Conheci um conselheiro num campo de férias … que era um judeu americano mas tinha vivido em Israel durante uns tempos.
Jon Stewart: O melhor que arranjas é um judeu num campo de férias há 30 anos? Pior do que isso só dizer – “eh, pessoal, uma vez aluguei o filme Yentl”. Bom, mas uma coisa é verdade, grande parte da amizade por um país como Israel é fazer uma crítica construtiva às suas políticas que poderão não ser positivas para o mundo. Portanto vamos ouvir as críticas dos candidatos às actuais políticas de Israel.
Barack Obama: (silêncio).
Hillay Clinton: (silêncio).
John McCain: (silêncio).
Jon Stewart: Ora, esqueci-me. Não se pode dizer nada de crítico sobre Israel quando se quer chegar a Presidente. O que é engraçado, porque, sabem onde é que se pode criticar Israel? Em Israel.
Vídeo legendado em português (5:24 m):
Grande comentário o do Diogo ... Assim fica pouco por dizer :-)
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