quinta-feira, 30 de outubro de 2008

135 vigilantes e recepcionistas

Mereceu uma seta ascendente esta notícia de ontem no jornal Público.

O Instituto dos Museus e da Conservação, já conseguiu autorização para contratar 135 vigilantes e recepcionistas para minorar a crise de falta de pessoal nos museus. Por enquanto serão contratos precários, parece que lá para Janeiro passarão a definitivos.

Segundo o mesmo jornal, continuarão os problemas relativos à falta de pessoal nas áreas de conservação e restauro, que continuarão "(...) sem data de solução à vista. (...)".

Compreendo a alegria do jornal, sempre são 135 postos de trabalho, que em tempo de desemprego, não parece coisa pouca e compreendo a natural satisfação das pessoas que conseguirem esses postos de trabalho.

Todavia, metodologicamente, acho o procedimento completament[...]

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IV. Islão e cristianismo

Em quarto lugar a relação com o texto sagrado. O Islão fala árabe no alcorão. Ponto final. É evidente que houve polémicas históricas que se perguntavam se o texto do alcorão era criado ou incriado (em evidente transposição de idênticas questões tratadas em sede cristológica). Mas o corão foi escrito em árabe e a língua sagrada do Islão é o árabe. No paraíso fala-se árabe. Mais, a tese tradicional é a de que o árabe mais puro é o escrito no corão.

O paradigma cristão é bem diverso. Cristo falaria arameu. Mas não em lembro de autor que dissesse que o arameu seria a língua sagrada do paraíso. Seria mais depressa o hebreu, língua do Antigo Testamento. Mas entra uma terceira língua em jogo. O grego. O Novo Testamento é-nos dado em grego. Or[...]
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The Brave Lovejoy

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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

III. Islão e cristianismo

Em terceiro lugar, a Incarnação. As implicações da Incarnação vão muito além das teológicas. Já essas bastariam. Mas as restantes são bem mais ignoradas e por isso têm de ser salientadas agora.

Para simplificar, são quatro: a sacralidade da história, Deus como Amor, a ciência experimental, o paradigma da inércia.

Todos os povos têm histórias sagradas. A questão é que estas em geral se recolhem em certos momentos históricos, em que o profeta, o deus Saturno ou outra entidade de fundo mais ou menos religioso viveu na Terra. Mas a Incarnação é algo mais que um avatar como Krishna. Deus fez-se carne e ascende em carne aos céus. O espaço divino é habitado por um homem-Deus. E o espaço terreno não é profano, porque a condição de homem[...]
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terça-feira, 28 de outubro de 2008

II. Islão e cristianismo

Segunda diferença inelutável, a complexidade. O profeta insistiu sobre o facto de Deus não ter associados. Essa insistência só se compreende perante a doutrina cristã. É evidente que nisto o Islão não inovou. Toda a espécie de heresias do arianismo extremo à sua versão moderada da “homoiousia” já o tinham dito. A verdade é que desde muito cedo (um mistério não só da economia da salvação mas também histórico) tanto a santíssima trindade como a dupla natureza de Cristo foram enunciadas de modo mais ou menos expresso pelo cristianismo.

A santíssima trindade e a dupla natureza de Cristo levantam problemas de toda a espécie: lógicos, matemáticos, metafísicos, retóricos. Falar num Deus único sem associados é no fim de contas reduzir à sua forma mais simples o[...]
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

I. Islão e cristianismo

Há muitas e imensas diferenças entre o islão e o cristianismo. As mais visíveis são importantes, relevam dados históricos e civilizacionais profundos de diferenciação. É certo que a invasão paulatina de sub-proletariado na Europa torna muito de moda um discurso paliativo, mole, desdentado. São diferenças de valores, de culturas, substantivos e muito importantes. A capacidade de gerar democracia, a situação da mulher, a criação científica, artística são apenas alguns destes motes. Todos eles importantes, saliento. Todos eles diferenças irrevogáveis eventualmente.

Algumas não serão irrevogáveis, mas são tendências fortes. Por exemplo, a arte representativa, rara salvo no Islão turcófono ou em certa arte médio-oriental paleo-islâmica, e [...]
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domingo, 26 de outubro de 2008

O nosso problema

O debate entre a Sofia e o Manuel deixa-nos num impasse. Como poderão ambos ter razão se entre eles parece estabelecer-se uma oposição ainda que metodológica? A Sofia expôs uma tese: a de que o governo actual manipula e condiciona a televisão pública. O Manuel relativiza a tese afirmando com exemplos e interrogações afirmativas que se trata de disputa política e que a denúncia sempre surge de quem está na oposição. A Sofia tem razão. O Manuel também. É aí que surge o nosso problema. Agirmos dentro do quadro e das regras políticas actuais é corrermos o risco de, mesmo sendo justos a criticar, sermos unilaterais ou, não criticando porque não queremos ser unilaterais tornarmo-nos coniventes e acomodados ao status quo. Porém, hoje só há status quo. Então, o que[...]
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O refeitório

De manhã, quando mulheres e homens entravam no refeitório, eles já lá estavam.
O refeitório era um rectângulo baixo, alimentado por uma luz crua, que chamava as moscas.
Das janelas do refeitório, viradas a sul, via-se a rede e o arame farpado, os grandes portões por onde circulavam os camiões e os mastros das bandeiras:do país, da comunidade, do grupo.
De manhã, enquanto se fazia uma fila única para o café, ou pequeno-almoço, de administrativos, quadros, comerciais, muitos já sentavam nas mesas do fundo.
Vestidos de calças e blusão acolchoados e impermeabilizados verdes, grossos muito grossos, de forma a permitir trabalhar nas câmaras frigoríficas suportando as temperaturas negativas, almoçavam às 9.00 da manhã.
Às 9.00, comiam, bebiam cerveja, riam, soltavam impropério[...]

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sábado, 25 de outubro de 2008

O meu diário com Sofia

Lancei uma provocação à Sofia Galvão e o resultado foi catastrófico. Para mim, claro. Saio ferido e triturado, com sessões de fisioterapia já marcadas no precário e duvidoso serviço nacional de saúde.
Para ser prático comento por pontos o essencial
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Resposta a Sofia

A democracia acorrentada?
Sacha Dean Byian
Sofia, discordamos mesmo, no que não há mal nenhum e talvez possa haver algum bem. Li
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A chegada do Magalhães

Investigadores portugueses da Universidade Independente descobriram recentemente que o primeiro lugar do continente americano visitado por Magalhães, o famoso navegador português que realizou a primeira vagem de circunavegação do globo terrestre, não foi, como até aqui se pensava, o Rio de Janeiro, mas a Venezuela. O Geração de 60 teve acesso a uma gravura da época, que aqui se reproduz.

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Blue Memories


Em 1982, no Parque Palmela no Estoril, assisti ao meu primeiro concerto d[...]
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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um país sem elefantes




Certeiro o post da Sofia. E o que acontece a um país em que os elefantes não se podem reproduzir livremente? Vão até aqui e descubram

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Se um elefante incomoda muita gente…


Sempre entendi a política como coisa séria. Para ser levada a sério. E tratada com seriedade.

Mas foi [...]
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Islândia

Rui Ramos, um colunista que sem dúvida vale a pena ler - e comentar - de vez em quando, tem hoje no "Público" um artigo sobre o que aconteceu recentemente na Islândia com um argumento interessante e curioso. Não posso fazer um link porque o texto não é acessível a não assinantes (fica aqui o apelo para acabar com essa limitação de acesso que não deve ser vantajosa para ninguém, nem sequer para as contas do jornal em causa). Ainda não li nada com atenção que explicasse bem o que se passou na Islândia mas, pelo pouco que percebi, parece que, fundamentalmente, atraíram capital a mais que agora saiu. Esse capital foi absorvido pelos islandeses por dívidas cujos juros não conseguem agora pagar na totalidade. Para Ramos tratou-se de uma participação intensa nos fl[...]
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Outra história triste


Aos pés da cama

Ela pediu-lhe para pôr um disco. KD Lang.
Ele também queria música. Qualquer coisa para abafar os gritos dados por um coração que nada sentia [...]
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Uma história triste




Sou um vagabundo sem cão.
À noite não tenho o pêlo quente de um qualquer rafeiro doente
(para me aquecer).
Bato o dente e tenho medo de toda esta gente que[...]
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terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Apatia Sexual dos Factos

Jorg Immendorf, Solo

Tinha de escrever a crónica habitual para o Pnet Homem e não tinha tema. O tempo, implacável, escasseava.
C[...]
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Flash Gordon ?




A revista Time desta semana chama à capa a importância do temperamento dos políticos no momento da sua eleição e, depois, na acção concreta. Disti[...]
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Avaliar a avaliação?


Sempre fui favorável a mais e melhor avaliação na administração pública. Em principio, avaliar permite diferenciar e premiar os m[...]
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Processar Deus

Alguém se lembrou de processar Deus. A acção foi considerada inadmissível por não ser possível garantir os direitos de defesa (Deus não tem morada conhecida…, ver aqui). Não foi a primeira vez que tal sucedeu: já houve até quem invocasse uma violação de contrato (oração em troca de vantagens materiais…). Não parece é que Deus alguma vez tenha processado algum ser humano por danos à sua imagem… e ocasiões não faltam!
Já agora, para aqueles que acham que o mundo do Direito não pode ser divertido aproveito para vos aconselhar a leitura deste artigo no Times sobre 20 dos mais estranhos[...]
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LIBERO NELL'ARIA

Seguindo as pistas musicais de M.S. Fonseca mas desta vez directamente do país de origem de tantos desses velhos (e novos) mitos, aqui deixo um tema de Sergio Cammariere.

Suficientemente “jazzistico” para se poder descrever como um verdadeiro Compositor, introduz no entanto na sua musica “un pizzico” de tonalidades festivaleiras e uma voz quente e redonda que fazem de Cammariere um musico muitíssimo original e um dos meus favoritos em Itália. Ao trompete e já colaborador de Cammariere em vários dos seus projectos,

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domingo, 19 de outubro de 2008

Pentimento: "A Pianista" e a reprodução da violência

Andava há anos para o ver mas, por alguma razão, nunca calhou. Arrumei a questão como sempre faço quando estou desesperado: comprei-o em Espanha (dvdgo-com, aconselho sonoramente).
"A Pianista" é o mais célebre capítulo do austríaco Michael Haneke - tinha visto todos os seus filmes, mesmo os obscuros como "O Sétimo Continente" e "Benny's Video", excepto este - na abordagem de um tema central à melhor compreensão da natureza humana: o papel da animalidade no tecido biológico, mental e social da espécie.


O ponto de vista de Haneke é claro, e a forma como o repete, diversificando, em cada filme é tremendamente eficaz: a fronteira entre civilização e barbárie depende, apenas e só, das circunstâncias, e essas circunstân[...]
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Small Town America




A «small town America» de Capra é feita de valores simples mas saudáveis, de um populismo básico mas inofensivo, de Deuses e de anjos de rosto humano (não há anjo mais humano do que o Clarence de «It's a wonderful life»), de gente excepcional por força de ser tão normal.

A «small town America» de Sarah Palin é feita de arrogância intolerante, de valores inquestionáveis, de um[...]
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sábado, 18 de outubro de 2008

Petição patriótica

Visto e ouvido o que tenho visto e ouvido, julgo que estão reunidas as condições para uma reabilitação da Dona Branca. Proponho que se lance uma petição patriótica.

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Era Uma Vez Uma Canção, parte 3

O meu grau de incumprimento de promessas já vai demasiado pesado para que não pague pelo menos uma, aqui e agora. Prometi lá mais abaixo, e continuei logo acima, uma série de 3 po[...]
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

They can't censor the gleam in my eye

Gee, that's swell, honey.
Resposta a desafio lançado aqui!

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O drama e abjecção do capitalismo

Eu acho o capitalismo uma coisa abjecta, dramática mesmo, essa coisa de uma economia de mercado, de haver empresas, de sítios para trabalhar, e tudo o mais.

Então, nos idos de sessenta, as pessoas saíam de Portugal aos milhares, de aldeias sem água canalizada, sem electricidade, sem esgotos, onde andavam descalças, onde passavam fome, e desembarcavam no Canadá, nos EUA, e íam viver para casas com casa de banho, com electricidade e aquecimento, onde o salário de uma mulher a fazer limpezas sustentava uma família inteira, enquanto o salário maior, o do marido, vinha incólome para Portugal?
É abjecto, porque uns foram e os outros não, não houve igualdade nenhuma. Para mais, muitos dos que foram enriqueceram, fazendo limpezas, trabalhando na construção civil, ou seja, enriquece[...]

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Contra factos, espero argumentos



Lisboa merece que abram espaços verdes ao público como os 43 ha da Quinta das Conchas e dos Lilases no Lumiar e no Arco do Cego (onde estava um termin[...]
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Marx voltou a estar na moda

O meu último post, a propósito da crise, acabava assim: «Já ninguém deve ter ilusõe[...]

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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Elogio dos blogues

O Dr.Pinto Balsemão fez hoje um elogio público aos blogues - foi na conferência da ERC sobre Regulação na Gulbenkian, nas barbas do Dr. Azeredo Lopes.

Pela parte que me toca, muito obrigada.

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Xavi, o anti-Ronaldo


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Yearbook Myself - JP Ramone


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Da Visão: o sacrifício de Lisboa

Who wants you?

No meio da crise financeira que abala o Mundo o mais provável é que a anunciada candidatura de Santana Lopes à Câmara Municipal de Lisboa, não comova nem o menino Jesus. E convenhamos que há, de facto, assuntos mais urgentes para nos ocupar a todos. Não obstante, vale a pena tirar deste facto algumas ilações sobre o estad[...]
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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Amor ao Liberalismo

Há duas formas de mandar um filho estudar na Universidade, quando a Universidade fica a 130 km de casa.

Uma, é, em 1990, chamar uma filha, com 18 anos, que nunca viveu fora de casa e perguntar-lhe: " - Quanto é que queres por mês?"
" - Casa X, alimentação Y, livros, deslocações, passe,60 contos".
" - Muito bem, serão 60 contos. Não me interessa se vives num palácio, ou debaixo da ponte, se gastas tudo numa semana ou num mês."

Quando se dá uma mensalidade a um jovem, para gerir com total liberdade, e em troca se pede uma licenciatura tirada com brio, muitas coisas podem suceder.

Para começar, o mais certo é fazer umas quantas asneiras. Gastar o dinheiro todo na primeira metade do mês, por exemplo. Em consequência, andar de trólei sem pagar, sem picar bilhete.[...]

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Palin as President

A sugestão é do Táxi. E vale a pena.

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Santana Lopes

Há algum papel que eu possa assinar para pedir que Santana Lopes não seja o candidato do PSD à presidência da Câmara de Lisboa? Ou há algo que eu possa fazer? Se for preciso disponho-me a ser presidente do PSD por um dia (ou dois, no máximo). É que há o risco de ele vencer o inepto António Costa que está lá visivelmente por frete, sem paciência para aturar aquilo. Porque é que não pomos lá o triunvirato da Quadratura do Círculo? Não seria a primeira vez que somos governados por um triunvirato e matavam-se dois coelhos de uma cajadada (pois...). Desculpem a agrura, mas é que ele há limites. E o problema do governo da Câmara de Lisboa nunca mais se resolve. Aquilo é ingovernável e quem sabe não quer, quem vai por obrigação e sabe desiste, e quem não sabe quer.[...]
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Ódio ao Liberalismo

É impressionante como perante uma crise de escala ocidental, Europa e EEUU, os jogos das velhas ideologias — socialismo e capitalismo — mantêm uma peleja como se entre si houvesse uma diferença radical. Não há. Tanto o capitalismo como o socialismo se caracterizam pela abolição da propriedade, pela manipulação do mercado e pela convencionalismo do dinheiro. Os socialistas fazem-no pela intervenção directa do Estado, os capitalistas pela intervenção directa dos Plutocratas. Ou seja, tanto o Estado forma um monopólio como as Corporações. O que o socialismo e o capitalismo não respeitam, e com esse desrespeito destroem, é a liberdade dos indivíduos.

O Liberalismo não é um sistema económico apenas. Deverá até começar pelo reconhec[...]
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