135 vigilantes e recepcionistas
Mereceu uma seta ascendente esta notícia de ontem no jornal Público.
O Instituto dos Museus e da Conservação, já conseguiu autorização para contratar 135 vigilantes e recepcionistas para minorar a crise de falta de pessoal nos museus. Por enquanto serão contratos precários, parece que lá para Janeiro passarão a definitivos.
Segundo o mesmo jornal, continuarão os problemas relativos à falta de pessoal nas áreas de conservação e restauro, que continuarão "(...) sem data de solução à vista. (...)".
Compreendo a alegria do jornal, sempre são 135 postos de trabalho, que em tempo de desemprego, não parece coisa pouca e compreendo a natural satisfação das pessoas que conseguirem esses postos de trabalho.
Todavia, metodologicamente, acho o procedimento completamente errado.
Em primeiro lugar, não faz sentido a administração pública insistir em contratar pessoas para desempenhar este tipo de funções. O recurso a empresas privadas de segurança, por exemplo, é já prática corrente em hospitais e universidades públicas.
Em segundo lugar, se, na administração, serviços como a segurança, limpeza e jardinagem, como manda a lei, forem executados por empresas privadas, abre-se a possibilidade de nascerem mais empresas para prestar estes serviços que, por sua vez, podem empregar mais pessoas.
Em terceiro, encaremos a realidade, quem entra para a administração, não sai. Assim, se chegar o dia em que um museu tem de fechar, teremos um maior número de pessoas com escassas habilitações, na situação de supra numerários, ou em situação de aposentação precoce.
Em quarto lugar, e mais importante, não se contratam técnicos especializados em conservação e restauro, ou seja quadros altamente qualificados.
Em suma, fez-se uma opção. Contrata-se a eito trabalhadores para exercerem funções de vigilância e recepção, mas não há dinheiro para trabalhadores qualificados, absolutamente necessários na actividade em causa.
A solução parece-me ser só uma. Publicitar a oferta a empresas do ramo que providenciem os melhores serviços ao melhor preço, obrigá-las a concorrer entre si. Consequentemente, canalizar os recursos disponíveis para os trabalhadores qualificados.
Como sempre, privilegia-se o imediatismo, o óbvio e o facilitismo, ao mesmo tempo que se persiste no emprego público de baixas qualificações.
Corremos porém um risco. Termos quem abra a porta e venda o bilhete. Resta saber se valerá a pena lá ir, é que sem cuidados técnicos, não haverá nada para ver.