quinta-feira, 30 de outubro de 2008

The Brave Lovejoy


Em “O Meu Diário com Sofia” o Manuel (Fonseca) declara ser capaz de “oferecer o peito às balas” na defesa de uma Geração de 60 assente no princípio original da liberdade lúdica.

Esta posição, que não me espanta no Manuel, bem entendido, fez-me lembrar um ensaio sobre o heroísmo do (Ralph Waldo) Emerson no qual este escreve:

“It is but the other day that the brave Lovejoy gave his breast to the bullets of the mob, for the rights of free speech and opinion, and chose to die when it was better not to live”.

Este Lovejoy (não confundir com o herói de uma série inglesa com o mesmo nome, protagonizado pelo excelente Ian McShane), Elijah Parish Lovejoy mais precisamente, foi um pastor (no sentido clerical do termo), jornalista e editor de jornais (St. Louis Observer, Alton Observer) assassinado por uma turba desbragada, no Estado do Illinois, devido à sua intransigente defesa de uma política abolicionista.

As forças que se lhe opunham procuraram calá-lo, por três vezes, através da destruição das gráficas nas quais imprimia os seus jornais. Mas sem qualquer efeito. Os ataques não lhe faziam tremer a mão na altura de escrever, nem lhe roubavam a voz com que falava ao seu rebanho.

No entanto, a verdade é que num desses ataques, a 7 de Novembro de 1837, precisamente há 171 anos atrás, e enquanto um grupo de amigos procurava salvar uma impressora recentemente oferecida pela Sociedade Anti-Esclavagista do Ohio, o nosso herói foi baleado. No peito.

Pela sua coragem Elijah Lovejoy é considerado o primeiro jornalista mártir da América e o defensor original da liberdade de imprensa nesse país.

Mais tarde, já em 1952, foi estabelecido um galardão atribuído anualmente a um representante dos media que se considere ser um digno herdeiro desta nobre tradição de defesa da coragem e da liberdade de informação.

Finalmente, e a despropósito, confesso que sempre achei interessante que um homem da Igreja se chamasse Love Joy.

2 comentários:

Manuel S. Fonseca disse...

171 anos depois a América prepara-se para eleger como seu presidente quem, naqule tempo, seria apenas "um filho de escravos". O peito de Elijah Lovejoy terá, finalmente, encontrado algum alívio.

Anónimo disse...

Belo texto. Por cá não se boicotam gráficas. Ainda. Mas os Lovejoy deste Mundo fazem sempre falta. Em qualquer época.