segunda-feira, 31 de março de 2008
domingo, 30 de março de 2008
Cabeça Cortada

Em « Arii Matamoe », Paul Gauguin pintou a cabeça decapitada de um homem colocada sobre uma a[...]
Correio do Leitor: Carta a Manuel S. Fonseca
O seu post de ontem é uma excelente deambulação pelo que de mais adequado e próprio caracteriza o cinema. Entre os sonhos de uma juventude germinante, e no seu caso mergulhado na sensualidade luxuriante de um continente onde um certo isolamento (como as ilhas distantes) devolve o homem às suas pulsões mais puras e idílicas, cair-lhe na frente, diria, na frente de uma alma curiosa, ávida e meditabunda de adolescente, uma revelação em cinemascope, trazendo notícias de um mundo que existe — o esplendor do universo feminino—, que materializa uma imagem do desejo que sente, é um momento marcante para toda a vida futura.
O cinema trouxe-lhe uma revelação e o Manuel fez dele um amigo de viagem. O encontro com [...]
sábado, 29 de março de 2008
O Marxismo ainda não morreu
Em que é que os defensores da guerra do Iraque basearam as suas posições, desde há cinco anos? Em factos? – Não, basearam-nas em ideologias, teorias, analogias, comparações insuficientemente fundadas de histórias passadas, muita retórica e muita verborreia. Em que é aqueles que criticam agora essa defesa se baseiam? – É simples: em factos. Baseiam essa crítica na observação do que entretanto se passou e os factos são tão gritantes que nem vale a pena perder tempo em enumerá-los.
Pode dizer-se que este confronto de posições é injusto, uma vez que uns falaram antes dos factos e outros depois. Que assim seja, mas a veracidade dos argumentos nada tem a ver com justiças. Que não tivessem falado.
Para não fazermos o mesmo que os outros, temos o dever de reconhecer que o assunt[...]
sexta-feira, 28 de março de 2008
Fazer coisas belas a mulheres belas

O grau zero - III
Não comento sequer. Julgo que não será preciso.
Mais terapia à borla
Já vos falei aqui das vantagens terapêuticas do weirdnews. Junto-vos (copiando indecentemente a ideia do magnífico Guia Terapêutico de Cinema do «nosso» Pedro Marta Santos) mais um compósito com resultados garantidos. Voltei a tomá-lo ontem à noite, chama-se Korkalen (no orig[...]
quinta-feira, 27 de março de 2008
Chapéus há muitos...
Edificante a cena em que Cavaco Silva na Ilha de Moçambique recebe como presente um cofió e pergunta com a sua simplicidade: para que serve? É um chapéu?
E a sua Maria responde com ternura:é para pôr na cabeça.
Com um Presidente tão descontraído não temos que nos preocupar. Estamos bem entregues concerteza.
O campeonato Europa-América
Ontem Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, fez um discurso optimista sobre o estado da economia europeia. Deve ser verdade, vinda essa interpretação como vem de um homem pouco dado a optimismos, até por dever do cargo que ocupa. Há problemas, claro, decorrentes sobretudo da valorização do Euro e dos riscos de inflação, mas parece que as coisas não estão muito mal. Nada do que se passa garantidamente com a economia norte-americana. Nesta senda, as noticias sobre a economia portuguesa também não são das piores, embora aqui os optimismos tenham de ser mais comedidos.
Ora isto leva a uma pergunta e a um comentário:
1) Afinal, onde está a esclerose da Europa e a absoluta necessidade que esta tinha de mudar para o “modelo” (as aspas é porque modelos destes não existem) amer[...]
A aluna, a professora e o telemóvel
Venho ainda falar do triste episódio que, há poucos dias, numa escola secundária do Porto, aparentemente opôs uma professora e uma aluna na disputa de um telemóvel. Digo aparentemente, porque a realidade pode bem ser outra. Na verdade, talvez não fosse mau olharmos para tudo aquilo como a disputa de uma professora e de um telemóvel pela atenção de uma aluna.
À primeira vista, de facto, as imagens divulgadas no YouTube mostram a professora e a aluna agarradas a um telemóvel, que cada uma parece desesperadamente querer só para si. O filme, porém, não conta a história toda. Porque a história começa, como todos os dias em todas as escolas acontece, com uma professora que, ensinando uma qualquer disciplina numa qualquer sala de aula, constata que uma aluna não a ouve, absorta que está n[...]
quarta-feira, 26 de março de 2008
O grau zero II
No site da internet do Correio da Manhã de hoje, dia 26 de Março, mesmo no fundo da página principal, em cima do anúncio “mulheres procuram homens”, aparece uma caixa com o título “você decide”, hoje dedicada ao tema “será que o divórcio de Menezes vai mesmo avançar?”, onde nos pedem para “votar” num dos dois pequenos círculos que aí vemos com a inscrição “sim” e “não” (ver aqui).
Pela confusão que um órgão de comunicação social assim estabelece em torno do que verdadeiramente possa ser a participação democrática, aliada à intromissão grosseira e despropositada que o mesmo faz naquilo que é obviamente da esfera da vida privada, quero aqui claramente classificar este acto como imoral.
II. Bessarione, Concetta Bianca
Mas Bessarion é um caso a vários títulos significativo. E significativo tanto mais quanto é esquecido e nunca citado.
Sacerdote bizantino de Niceia, sai do império pouco antes da queda de Constantinopla. Se muitos dos seus correligionários saíram para o espaço ortodoxo, tentando fazer de K[...]
Rumo à fichagem ou a saga dos "intolerable acts"
Dias depois da divulgação da notícia de que o fisco considerava a celebração festiva de um casamento uma "oportunidade tributária", estou mais e mais preocupado.
Não apenas pela prática instaurada, que abaixo qualificarei, mas pela indiferemça que ela suscita.
A perseguição sistemática dos registos de casamento e a organização de um questionário sobre os festejos de casamento para efeitos de controlo fiscal não é apenas ridícula, é intolerável. Uma festa de casamento, qualquer que seja o número de convidados ou a indumentária, não consubstancia um facto tributário. Uma coisa é controlar, aleatoriamente ou por sector, as empresas de "catering", os profissionais de fotografia, as casas de moda, as "gift shops", as garrafeiras e adegas. Uma coisa é, na multitude dos contribuintes p[...]
terça-feira, 25 de março de 2008
Sobre a Escola...
A professora Eugénia, que se vestia sempre de Castanho, tinha um ritual diário que nos fazia tremer. Todos os dias de manhã a pergunta fatídica: “quem não fez os trabalhos[...]
I. Bessarione, Concetta Bianca
a) A cultura grega veio para a Europa por via árabe
b) A Turquia como herdeira de Bizâncio (?) foi veículo de cultura grega.
O homem público odeia a complexidade e consequentemente a verdade, e por isso entra em apuros sempre que quer dizer mais que duas frases de seguida. A recepção da cultura helénica (as recepções) é múltipla e por múltiplas formas se manifestou. A França recebeu sangue bizantino com o casamento no séc. XI de Henrique I com Ana de Kiev, descendente dos Porfirogénitos. O seu filho Filipe I deu sucesso ao nome de Filipe, que ainda se encontra nos Filipes reis de Portugal (por vias complicadas demais para expor aqui). Entre os alemães o imper[...]
As estratégias da liberdade
Não posso evidentemente deixar de ficar satisfeita por em tão curto espaço de tempo verificar que umas escassas considerações, sem qualquer pretensão filosóf[...]
A cobardia
No tempo das ideologias o proselitismo em torno deste ou daquele gerava acotovelamento e filas para engrossar hordas de apoiantes. Talvez sempre, na história, tenha havido razões para estar de algum dos lados de qualquer conflito declarado ou latente.
Também, sempre uma maioria silenciosa permaneceu em silêncio sem se manifestar. Quer dizer, sem se comprometer. O seu silêncio deu aos que se manifestaram uma legitimidade que a manifestação dessas maiorias silenciosas teria abafado ou re[...]
segunda-feira, 24 de março de 2008
Tibete, religião e política
Uma simples nota para registar a atitude do Dalai Lama na crise do Tibete. Onde muitos gostariam de ver uma posição extremada, encontram "tão-só" uma afirmação radical (radicada). Onde muitos esperavam um grito de revolta, descobrem um enigmático estender de mão. Nem todos percebem, mas um líder religioso que é (ou se sente) governante, dá sempre primazia ao seu carisma espiritual. E não cede, como alguns excogitam tronitruantemente, ao cálculo político.
Em tempos não muito longínquos, também num território sobre ocupação, muitos criticaram a visita de João Paulo II à Indonésia e a Timor. E o seu suposto silêncio. E a ausência do beijo da terra na descida do avião. Mas essa visita supostamente silente revelou-se decisiva para o fim da ocupação, para a chamada de atenção para o dr[...]
De philosophia
Muito se tem aqui falado, nalguns dos últimos posts, sobre filosofia. Ora, sendo eu formado em filosofia (não confundir com informado em filosofia), senti-me finalmente na obrigação de dizer alguma coisa sobre o assunto, que resumirei em muito breves pontos.
1. Começo por esclarecer que não pretendo aqui dizer o que entendo por filosofia. Embora tenha já algum pensamento consistentemente elaborado sobre o tema – o qual será, aliás, este ano publicado pela Imprensa Nacional no âmbito de um escrito mais vasto dedicado a Francisco Suárez –, não consegui resumi-lo em menos de trinta páginas. Dizendo isto, quero que saibam duas coisas: a primeira, que o que brevemente se seguirá se inscreve em caminhos mais amplos; a segunda, e para quem tal possa interessar, que em filosof[...]
domingo, 23 de março de 2008
The Dream Is Over - Os Beatles e a Filosofia
É impossível falar dos anos 60 sem logo associar como constituindo-se com a década dos Beatles, como impossível é falar dos Beatles sem logo pensar na década do Séc. XX em que tudo mudou, a década que tudo mudou.
