segunda-feira, 31 de março de 2008

Às gerações e gerações...


Há um ano imaginei, no princípio da Primavera, que persistentes longos dias, quentes e luminosos[...]
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domingo, 30 de março de 2008

Cabeça Cortada

Há mais uma razão para ir a Los Angeles. O J.Paul Getty Museum acaba de adquirir em França, por uma soma que se estima superior a 30 milhões de euros, um quadro pintado em 1892 e que já ninguém via desde 1940. Era, dizia-se, o «mais famoso Gauguin que nunca niguém tinha visto».
Em « Arii Matamoe », Paul Gauguin pintou a cabeça decapitada de um homem colocada sobre uma a[...]
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O rei está nu


No Público d[...]
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Ao João Luis Ferreira

Caro João,
Agradeço-lhe não só a apreciação simpática do meu post, meio vivencial, meio[...]
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Correio do Leitor: Carta a Manuel S. Fonseca

Caro Manuel:

O seu post de ontem é uma excelente deambulação pelo que de mais adequado e próprio caracteriza o cinema. Entre os sonhos de uma juventude germinante, e no seu caso mergulhado na sensualidade luxuriante de um continente onde um certo isolamento (como as ilhas distantes) devolve o homem às suas pulsões mais puras e idílicas, cair-lhe na frente, diria, na frente de uma alma curiosa, ávida e meditabunda de adolescente, uma revelação em cinemascope, trazendo notícias de um mundo que existe — o esplendor do universo feminino—, que materializa uma imagem do desejo que sente, é um momento marcante para toda a vida futura.

O cinema trouxe-lhe uma revelação e o Manuel fez dele um amigo de viagem. O encontro com [...]
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sábado, 29 de março de 2008

O Marxismo ainda não morreu

Em que é que os defensores da guerra do Iraque basearam as suas posições, desde há cinco anos? Em factos? – Não, basearam-nas em ideologias, teorias, analogias, comparações insuficientemente fundadas de histórias passadas, muita retórica e muita verborreia. Em que é aqueles que criticam agora essa defesa se baseiam? – É simples: em factos. Baseiam essa crítica na observação do que entretanto se passou e os factos são tão gritantes que nem vale a pena perder tempo em enumerá-los.

Pode dizer-se que este confronto de posições é injusto, uma vez que uns falaram antes dos factos e outros depois. Que assim seja, mas a veracidade dos argumentos nada tem a ver com justiças. Que não tivessem falado.

Para não fazermos o mesmo que os outros, temos o dever de reconhecer que o assunt[...]

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sexta-feira, 28 de março de 2008

Fazer coisas belas a mulheres belas

Não dei um passo na vida em que não tropeçasse num filme de Jean-Luc Godard. Só o vi uma vez, no Forum Picoas. Genial e cabotino, Godard a fazer, como se esperava, de Godard. Ninguém se queixou. Nem eu me queixo dos filmes dele, cujo confessado programa é o de rimar homens com mulheres, o cinema com a vida. E disso, juro-vos que gosto.
Para Godard os filmes têm princípio, meio e fim, não necessariamente por [...]
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O grau zero - III

«A Câmara de Lisboa aprovou a recondução da ex-vereadora do PSD Marina Ferreira à frente da empresa municipal de estacionamento EMEL, duas semanas depois de o seu nome ter sido chumbado. (...) A votação foi repetida depois de dois sociais-democratas que haviam sido colegas de vereação de Marina Ferreira terem ajudado a vetar a sua recondução. Estavam a substituir os vereadores que nesse dia tinham faltado à reunião de câmara, e que agora viabilizaram o seu nome.»
Público, 28 de Março de 2008, p. 29

Não comento sequer. Julgo que não será preciso.

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Mais terapia à borla



Já vos falei aqui das vantagens terapêuticas do weirdnews. Junto-vos (copiando indecentemente a ideia do magnífico Guia Terapêutico de Cinema do «nosso» Pedro Marta Santos) mais um compósito com resultados garantidos. Voltei a tomá-lo ontem à noite, chama-se Korkalen (no orig[...]

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quinta-feira, 27 de março de 2008

Chapéus há muitos...

Edificante a cena em que Cavaco Silva na Ilha de Moçambique recebe como presente um cofió e pergunta com a sua simplicidade: para que serve? É um chapéu?
E a sua Maria responde com ternura:é para pôr na cabeça.
Com um Presidente tão descontraído não temos que nos preocupar. Estamos bem entregues concerteza.

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O campeonato Europa-América

Ontem Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, fez um discurso optimista sobre o estado da economia europeia. Deve ser verdade, vinda essa interpretação como vem de um homem pouco dado a optimismos, até por dever do cargo que ocupa. Há problemas, claro, decorrentes sobretudo da valorização do Euro e dos riscos de inflação, mas parece que as coisas não estão muito mal. Nada do que se passa garantidamente com a economia norte-americana. Nesta senda, as noticias sobre a economia portuguesa também não são das piores, embora aqui os optimismos tenham de ser mais comedidos.

Ora isto leva a uma pergunta e a um comentário:

1) Afinal, onde está a esclerose da Europa e a absoluta necessidade que esta tinha de mudar para o “modelo” (as aspas é porque modelos destes não existem) amer[...]

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A aluna, a professora e o telemóvel

Venho ainda falar do triste episódio que, há poucos dias, numa escola secundária do Porto, aparentemente opôs uma professora e uma aluna na disputa de um telemóvel. Digo aparentemente, porque a realidade pode bem ser outra. Na verdade, talvez não fosse mau olharmos para tudo aquilo como a disputa de uma professora e de um telemóvel pela atenção de uma aluna.
À primeira vista, de facto, as imagens divulgadas no YouTube mostram a professora e a aluna agarradas a um telemóvel, que cada uma parece desesperadamente querer só para si. O filme, porém, não conta a história toda. Porque a história começa, como todos os dias em todas as escolas acontece, com uma professora que, ensinando uma qualquer disciplina numa qualquer sala de aula, constata que uma aluna não a ouve, absorta que está n[...]

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quarta-feira, 26 de março de 2008

O grau zero II

No site da internet do Correio da Manhã de hoje, dia 26 de Março, mesmo no fundo da página principal, em cima do anúncio “mulheres procuram homens”, aparece uma caixa com o título “você decide”, hoje dedicada ao tema “será que o divórcio de Menezes vai mesmo avançar?”, onde nos pedem para “votar” num dos dois pequenos círculos que aí vemos com a inscrição “sim” e “não” (ver aqui).
Pela confusão que um órgão de comunicação social assim estabelece em torno do que verdadeiramente possa ser a participação democrática, aliada à intromissão grosseira e despropositada que o mesmo faz naquilo que é obviamente da esfera da vida privada, quero aqui claramente classificar este acto como imoral.

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II. Bessarione, Concetta Bianca

O cardeal Bessarion, personagem do século XV é o exemplo mais simbólico deste movimento. Seria exagerado dizer que foi ele quem trouxe a cultura helénica para a Europa. Como vimos esta foi sempre sendo trazida e ou mantida ao longo dos tempos. Nem sequer a moda dos estudos gregos foi criada por ele. Já exista erudição helénica na Europa, e sobretudo na Itália onde ele se implantou.

Mas Bessarion é um caso a vários títulos significativo. E significativo tanto mais quanto é esquecido e nunca citado.

Sacerdote bizantino de Niceia, sai do império pouco antes da queda de Constantinopla. Se muitos dos seus correligionários saíram para o espaço ortodoxo, tentando fazer de K[...]
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Rumo à fichagem ou a saga dos "intolerable acts"

Dias depois da divulgação da notícia de que o fisco considerava a celebração festiva de um casamento uma "oportunidade tributária", estou mais e mais preocupado.
Não apenas pela prática instaurada, que abaixo qualificarei, mas pela indiferemça que ela suscita.
A perseguição sistemática dos registos de casamento e a organização de um questionário sobre os festejos de casamento para efeitos de controlo fiscal não é apenas ridícula, é intolerável. Uma festa de casamento, qualquer que seja o número de convidados ou a indumentária, não consubstancia um facto tributário. Uma coisa é controlar, aleatoriamente ou por sector, as empresas de "catering", os profissionais de fotografia, as casas de moda, as "gift shops", as garrafeiras e adegas. Uma coisa é, na multitude dos contribuintes p[...]

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terça-feira, 25 de março de 2008

Catilina Contra Revolucionários

Mulher da tribo Mursi, Etiópia, 2000, Peter Grasser
"Tanto amor à Humanidade abstracta, gerou muito ódio e rancor contra o humano concreto."

O mérito da frase é de um blogger para-angolano (que se auto-define como [...]
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Sex Toys

Depois de ler o que li aqui, levei o joelho ao chão e atrevi-me a esta parnasiana declaração de amor no novo site PnetHomem (publicidade vergonhosa) para que estão todos convidados.
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Sobre a Escola...

A professora Eugénia vestia-se sempre de castanho. Esta particularidade e o seu raro sorriso são duas das mais fortes recordações da escola primária. O edifício já não existe, foi demolido para dar lugar a uns acessos para a ponte Vasco da Gama, mas aquela escola, que sempre conheci como “tipo Salazar” – 4 salas e dois pisos ligados por uma imponente escada de madeira – guarda ainda hoje a responsabilidade de me ter ensinado a ler, a escrever, a contar e, acima de tudo, a ter um forte respeito pela Escola.

A professora Eugénia, que se vestia sempre de Castanho, tinha um ritual diário que nos fazia tremer. Todos os dias de manhã a pergunta fatídica: “quem não fez os trabalhos[...]

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I. Bessarione, Concetta Bianca

Dois lugares comuns são perenes e endémicos no homem público:
a) A cultura grega veio para a Europa por via árabe
b) A Turquia como herdeira de Bizâncio (?) foi veículo de cultura grega.

O homem público odeia a complexidade e consequentemente a verdade, e por isso entra em apuros sempre que quer dizer mais que duas frases de seguida. A recepção da cultura helénica (as recepções) é múltipla e por múltiplas formas se manifestou. A França recebeu sangue bizantino com o casamento no séc. XI de Henrique I com Ana de Kiev, descendente dos Porfirogénitos. O seu filho Filipe I deu sucesso ao nome de Filipe, que ainda se encontra nos Filipes reis de Portugal (por vias complicadas demais para expor aqui). Entre os alemães o imper[...]
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As estratégias da liberdade




Não posso evidentemente deixar de ficar satisfeita por em tão curto espaço de tempo verificar que umas escassas considerações, sem qualquer pretensão filosóf[...]

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Até já.

O Gonçalo Magalhães Colaço decidiu interromper a sua colaboração com o Geração de 60. Sem ele ficamos mais pobres. Por isso mesmo e porque no Geração de 60 não há «lados de fora» ficamos à espera do seu regresso.
Até já.

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A cobardia

Muito apreciado na modernidade é esta aparentemente benéfica pluralidade de opiniões em convívio saudável. Quando vemos pessoas reunidas mas verificamos como estão intelectualmente distantes, interrogamo-nos sobre o que autenticamente as une.

No tempo das ideologias o proselitismo em torno deste ou daquele gerava acotovelamento e filas para engrossar hordas de apoiantes. Talvez sempre, na história, tenha havido razões para estar de algum dos lados de qualquer conflito declarado ou latente.
Também, sempre uma maioria silenciosa permaneceu em silêncio sem se manifestar. Quer dizer, sem se comprometer. O seu silêncio deu aos que se manifestaram uma legitimidade que a manifestação dessas maiorias silenciosas teria abafado ou re[...]
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segunda-feira, 24 de março de 2008

Magdi Allam






Há muitos anos que conheço a personagem. Subdirector do
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Tibete, religião e política

Uma simples nota para registar a atitude do Dalai Lama na crise do Tibete. Onde muitos gostariam de ver uma posição extremada, encontram "tão-só" uma afirmação radical (radicada). Onde muitos esperavam um grito de revolta, descobrem um enigmático estender de mão. Nem todos percebem, mas um líder religioso que é (ou se sente) governante, dá sempre primazia ao seu carisma espiritual. E não cede, como alguns excogitam tronitruantemente, ao cálculo político.
Em tempos não muito longínquos, também num território sobre ocupação, muitos criticaram a visita de João Paulo II à Indonésia e a Timor. E o seu suposto silêncio. E a ausência do beijo da terra na descida do avião. Mas essa visita supostamente silente revelou-se decisiva para o fim da ocupação, para a chamada de atenção para o dr[...]

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De philosophia

Muito se tem aqui falado, nalguns dos últimos posts, sobre filosofia. Ora, sendo eu formado em filosofia (não confundir com informado em filosofia), senti-me finalmente na obrigação de dizer alguma coisa sobre o assunto, que resumirei em muito breves pontos.

1. Começo por esclarecer que não pretendo aqui dizer o que entendo por filosofia. Embora tenha já algum pensamento consistentemente elaborado sobre o tema – o qual será, aliás, este ano publicado pela Imprensa Nacional no âmbito de um escrito mais vasto dedicado a Francisco Suárez –, não consegui resumi-lo em menos de trinta páginas. Dizendo isto, quero que saibam duas coisas: a primeira, que o que brevemente se seguirá se inscreve em caminhos mais amplos; a segunda, e para quem tal possa interessar, que em filosof[...]

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domingo, 23 de março de 2008

The Dream Is Over - Os Beatles e a Filosofia

É impossível falar dos anos 60 sem logo associar como constituindo-se com a década dos Beatles, como impossível é falar dos Beatles sem logo pensar na década do Séc. XX em que tudo mudou, a década que tudo mudou.

M.Antonioni, Blow-up, 1966
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