Cabeça Cortada
Há mais uma razão para ir a Los Angeles. O J.Paul Getty Museum acaba de adquirir em França, por uma soma que se estima superior a 30 milhões de euros, um quadro pintado em 1892 e que já ninguém via desde 1940. Era, dizia-se, o «mais famoso Gauguin que nunca niguém tinha visto».
Em « Arii Matamoe », Paul Gauguin pintou a cabeça decapitada de um homem colocada sobre uma almofada imaculada. «Terminei agora uma cabeça de canaca cortada, bem arranjada em cima de uma almofada branca num palácio da minha invenção, guardada por mulheres também de invenção minha. Parece-me uma bela peça de pintura» escreveu o pintor a um amigo.
Neste quadro de morbidez e luto – que evoca a cabeça cortada de João Baptista – retrata-se um ritual fúnebre que estava já em via de extinção. Arii designa um chefe ou um nobre e Matamoe significa «os olhos que dormem».
Em « Arii Matamoe », Paul Gauguin pintou a cabeça decapitada de um homem colocada sobre uma almofada imaculada. «Terminei agora uma cabeça de canaca cortada, bem arranjada em cima de uma almofada branca num palácio da minha invenção, guardada por mulheres também de invenção minha. Parece-me uma bela peça de pintura» escreveu o pintor a um amigo.
Neste quadro de morbidez e luto – que evoca a cabeça cortada de João Baptista – retrata-se um ritual fúnebre que estava já em via de extinção. Arii designa um chefe ou um nobre e Matamoe significa «os olhos que dormem».
O quadro vai reforçar a colecção de Impressionistas e Pós-Impressionistas do Museu, juntando-se a 3 outras pinturas de Gauguin que estão já no Getty Center.
Vale a pena visitar o Getty Center, a uns minutos de carro de Westwood, o «meu bairro » de L.A. Acesso fácil, espaços abertos onde as colecções respiram, e jardins magníficos à volta. Ainda assim, não escapo à inevitável nostalgia portuguesa de que o que era bom era o que estava «antes», e tenho pena que esta nobre e sangrenta cabeça não vá para a velha villa de Malibu, juntar-se a outras anacrónicas cabeças gregas e romanas.
Foi lá que vi, pela primeira vez, estes dois surpreendentes Degas, cuja coreografia me impressionou mais do que «outros bailados» do pintor. Degas em Malibu, num cenário kitsch, onde se chega pela famosa Pacific Coast Highway.
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