I. Bessarione, Concetta Bianca
Dois lugares comuns são perenes e endémicos no homem público:
a) A cultura grega veio para a Europa por via árabe
b) A Turquia como herdeira de Bizâncio (?) foi veículo de cultura grega.
O homem público odeia a complexidade e consequentemente a verdade, e por isso entra em apuros sempre que quer dizer mais que duas frases de seguida. A recepção da cultura helénica (as recepções) é múltipla e por múltiplas formas se manifestou. A França recebeu sangue bizantino com o casamento no séc. XI de Henrique I com Ana de Kiev, descendente dos Porfirogénitos. O seu filho Filipe I deu sucesso ao nome de Filipe, que ainda se encontra nos Filipes reis de Portugal (por vias complicadas demais para expor aqui). Entre os alemães o imperador Otão II no séc. X casa-se com Theophanu Sklerina, também de sangue Porfirogénito.
O Leste e Centro europeus estão repletos de sangue bizantino e de trocas intelectuais com os bizantinos, e com a múltipla cultura helénica que deles foi recebida.
De igual forma existe uma continuidade de contacto com a cultura helénica, sobretudo na península itálica. O Sul de Itália, Aquileia, Veneza, a Calábria mantiveram sempre contactos constantes com o Oriente grego. Isto para não esquecer Roma, onde a cultura grega esteve sempre presente, de forma mais ou menos activa. Basta ver que as ordens de tipo basilida permaneceram activas até à época Moderna pelo menos em Itália.
Primeira verificação: existe uma continuidade de ligação e de recepções da cultura grega, autónoma e sem intermediação, por parte da Europa.
Mas a verdade é que muita da recepção por via árabe não é, ao contrário do que se julga, muçulmana. Vem de origem árabe, ou melhor, arabizada, mas frequentemente cristã. É o caso da fundamental “teologia de Aristóteles” (obra em verdade de Plotino), que foi essencial para a reconstrução da teologia medieval.
Sem demérito para a recepção por via árabe, que foi relevante na filosofia e na ciência, esta tem de ser enquadrada neste contexto. É incompleta, porque não abrangeu a arte e a literatura gregas. É relativa, porque não foi nem a única, e muito menos a principal, fonte de ligação ao mundo grego.
Já a segunda afirmação que pulula na cabecita do homem público é rotundamente falsa. O império otomano não herdou a cultura grega superior, apenas a expulsou. E se foi veículo, foi-o no mesmo sentido em que Hitler contribuiu para a cultura americana ao expulsar judeus, democratas e aristocratas. A expulsão ou o exílio voluntário doa maiores expoentes da cultura grega em Bizâncio foi enriquecer as culturas ortodoxas e a cultura ocidental.
a) A cultura grega veio para a Europa por via árabe
b) A Turquia como herdeira de Bizâncio (?) foi veículo de cultura grega.
O homem público odeia a complexidade e consequentemente a verdade, e por isso entra em apuros sempre que quer dizer mais que duas frases de seguida. A recepção da cultura helénica (as recepções) é múltipla e por múltiplas formas se manifestou. A França recebeu sangue bizantino com o casamento no séc. XI de Henrique I com Ana de Kiev, descendente dos Porfirogénitos. O seu filho Filipe I deu sucesso ao nome de Filipe, que ainda se encontra nos Filipes reis de Portugal (por vias complicadas demais para expor aqui). Entre os alemães o imperador Otão II no séc. X casa-se com Theophanu Sklerina, também de sangue Porfirogénito.
O Leste e Centro europeus estão repletos de sangue bizantino e de trocas intelectuais com os bizantinos, e com a múltipla cultura helénica que deles foi recebida.
De igual forma existe uma continuidade de contacto com a cultura helénica, sobretudo na península itálica. O Sul de Itália, Aquileia, Veneza, a Calábria mantiveram sempre contactos constantes com o Oriente grego. Isto para não esquecer Roma, onde a cultura grega esteve sempre presente, de forma mais ou menos activa. Basta ver que as ordens de tipo basilida permaneceram activas até à época Moderna pelo menos em Itália.
Primeira verificação: existe uma continuidade de ligação e de recepções da cultura grega, autónoma e sem intermediação, por parte da Europa.
Mas a verdade é que muita da recepção por via árabe não é, ao contrário do que se julga, muçulmana. Vem de origem árabe, ou melhor, arabizada, mas frequentemente cristã. É o caso da fundamental “teologia de Aristóteles” (obra em verdade de Plotino), que foi essencial para a reconstrução da teologia medieval.
Sem demérito para a recepção por via árabe, que foi relevante na filosofia e na ciência, esta tem de ser enquadrada neste contexto. É incompleta, porque não abrangeu a arte e a literatura gregas. É relativa, porque não foi nem a única, e muito menos a principal, fonte de ligação ao mundo grego.
Já a segunda afirmação que pulula na cabecita do homem público é rotundamente falsa. O império otomano não herdou a cultura grega superior, apenas a expulsou. E se foi veículo, foi-o no mesmo sentido em que Hitler contribuiu para a cultura americana ao expulsar judeus, democratas e aristocratas. A expulsão ou o exílio voluntário doa maiores expoentes da cultura grega em Bizâncio foi enriquecer as culturas ortodoxas e a cultura ocidental.
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