Sobre a Escola...
A professora Eugénia, que se vestia sempre de Castanho, tinha um ritual diário que nos fazia tremer. Todos os dias de manhã a pergunta fatídica: “quem não fez os trabalhos para casa?”, era recebida com um misto de ansiedade, medo e brio. Do lado direito da sua secretária uma tímida fila começava a formar-se. Nem sempre eram os mesmos, mas todos acabavam por a integrar. E os olhos já semicerrados de lágrimas viam a gaveta mesmo por cima do seu colo abrir de onde era retirado o pedaço de madeira que iria cruzar-se com a palma da mão num estridente. TRÁS!
Não sou apologista do uso da força ou da violência na educação. Existem inúmeras maneiras de conseguir ter mão de ferro com mão de veludo. Mas também existem limites. E todos os que são pais, se nunca o fizeram, já muitas vezes pensaram num açoite para resolver muitos problemas (não faço parte daquela nova maioria que se revê nos modernos livros de educação infantil).
Mas porque é que existe indisciplina nas escolas?
1- A maior parte dos problemas de indisciplina não tem origem na escola mas na família. O respeito pelos professores, ou melhor, a falta de respeito, começa em casa. Perante a incapacidade dos seus filhos, os pais atiram a culpa sobre os professores, o ensino, e claro o Estado. A culpa nunca é das crianças e muito menos deles. Basta ouvir as declarações de Albino Almeida (dirigi a CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais), ao afirmar que o caso mediático da jovem da escola do Porto é um caso isolado para perceber que este senhor vive num outro mundo que não o nosso. Um problema claro de falta de autoridade do Estado.
2- Os professores hoje não têm qualquer mecanismo para conseguir punir os alunos. Não há faltas a vermelho, não há alunos expulsos, não se chumba, não há processos disciplinares. É possível assim conseguir autoridade? Claro que é, mas só para alguns muito poucos. E esses, os melhores, estão em escolas privadas, onde não é por acaso que existem tão poucos problemas de disciplina?
3- Porque muitos dos professores não se importam. Aquela professora do Porto interrompeu a aluna e tomou uma atitude. Mas quantos olham para o lado e nada fazem? Muitos, muitos mesmos. E muitos, quase 100 mil dizem, vieram até Lisboa protestar contra as avaliações, mas sobre a indisciplina na escola nada fazem.
Por falar em avaliações, repararam que se deixou de falar da ministra da Educação? Pelo menos alguém suspirou de alívio nesta confusão toda.
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