segunda-feira, 31 de maio de 2010

Valores, poder e interesses

Neste abatido espaço público que invade a Europa encontramos a discussão política crivada de tópicos argumentativos cada vez mais erráticos, desconexos, sem tino. Os argumentos apelam para os perigos, logo, para os medos, ou para o direito, logo para a formalidade. É preciso lutar contra o terrorismo, ou outros novos perigos, ou então temos de seguir as formas do Direito internacional. Discute-se pedagogia (como ensinar bárbaros a não queimar embaixadas, ou então igrejas, ou talvez mesquitas), discutem-se eficácias duvidosas.

Sou tentado a lembrar dois tópicos que me vêm à mente. De um lado a teorização dos regimes políticos dos gigantes Platão e Aristóteles, lembrando que cada forma de regime tem a su[...]
(mais)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Conservadores e progressistas

No clássico livro de Kirk sobre o estado de espírito conservador (talvez melhor tradução para o “The Conservative Mind”, que “o pensamento conservador”), surge uma fileira de criaturas, a maior parte das quais decentes, embora nem todas, mas em geral, convenhamos, muito pouco eróticas. Tirando o conde de Tocqueville, esse grande estudioso da democracia e o sempre comovente Burke, poucas personagens me suscitam real interesse. Se o livro não fosse tão centrado no mundo anglo-americano, o que não lhe retira interesse, mas torna-o algo provinciano, poderia referir nomes tão ou mais importantes do pensamento conservador e bem mais excitantes, como Ortega y Gassett, Thomas Mann, Chateaubriand, Popper, Goethe, Baudelaire e De Maistre, cada um no seu género e à sua m[...]
(mais)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Era assim

O Jardim do Príncipe Real reabriu ao público com 54 árvores abatidas e 380 mil euros gastos em candeeiros, bancos[...]

(mais)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quem é Cavaco Silva?


As palavras de Cavaco Silva na despedida de Bento XVI deixavam adivinhar um Presidente da República corajoso, livre de complexos sobre a laicid[...]
(mais)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Por onde anda a antropologia científica? II

E eis que chega um senhor chamado René Girard. Vem da análise documental e passa pelo estudo da literatura e eis que entra na antropologia. E pela primeira vez encontro um antropólogo que não se basta com essa divisão entre primitivos e civilizados. Todas as culturas humanas em todos os seus estádios podem finalmente passar pelo mesmo crivo.

O problema é que recorre para esse efeito a outros dois centros bem diversos de análise: o mimetismo e a Bíblia. A crucifixão separa o arcaico do cristão. Pecado infame, é bom de se ver. Para os senhores antropólogos instalados nas suas cátedras, debitando em sebentas lições contra a escolástica, opinião vinda de fora apenas pode ser bárbara, herética.

O mimetismo tem um papel na cultura do século XX bem maio[...]
(mais)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Por onde anda a antropologia científica? I









Na nossa época gosta-se do epíteto científico. [...]
(mais)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Irresistível em 24 horas


O «medonho Torquemada» da Congregação da Doutrina e da Fé que, durante o longo pontificado de João Paulo II, clarificou as balizas da Igreja pós-conc[...]

(mais)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vem cá falar connosco, vamos ouvi-lo


«Precisamos de homens que mantenham o olhar voltado para Deus e aí aprendam a verdadeira humanidade. Temos necessid[...]
(mais)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Quem não tem competência não se estabelece


Facto I
Dois gravadores roubados por um Deputado da direcção da bancada do PS, no Parlamento.
Facto II
[...]
(mais)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O desprestígio dos criadores V

A ênfase na destruição não é causa, mas sintoma deste estado de espírito. O espírito democratizante na cultura em geral precisa de destruir, não para construir, mas pura e simplesmente porque não sofre confronto. Destruir é sempre mais fácil que construir. A lista de obras-primas que eu seria capaz de destruir é sempre infindável, as que eu seria capaz de fazer será forçosamente mais restricta.

O assento na desconstrução não revela por isso espírito crítico, ao contrário do que os seus cultores gostam de afirmar, mas apenas necessidade de criar espaço próprio. O seu parente é o “Lebensraum”. O criador contemporâneo sente-se oprimido, não por limitações legais impostas pela sociedade, mas pela grandeza do que herdou. Precisa de destruir para conquistar e[...]
(mais)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O desprestígio dos criadores IV

Resta-nos o terceiro factor. A banalização da superioridade, ou mesmo a sua negação. O lugar comum diz que não há música clássica e a outra, mas que há música boa e música má em todas a áreas, o que não deixa de ser verdade. Mas esquece-se que a música mais profunda, mais arrojada e mais rica é a dita erudita. Aliás a aflição e a insistência com que se repete este chavão mais denota que se quer produzir um efeito que reconhecer uma realidade. Com a literatura passa-se o mesmo. Um selvagem da Nova Papua tem foros de genialidade e por isso a complexidade de Dante ou Horácio são comprimidas para caberem no mesmo cesto. Que o poeta popular mais ou menos sincero e sofrido apenas conheça o heptassílabo rimado em quadra deve ser ignorado perante a riqueza formal e de[...]
(mais)

terça-feira, 4 de maio de 2010

O desprestígio dos criadores III

O segundo factor de desprestígio foi a comercialização.

O escritor que se posta na feira a dar autógrafos, o pintor que faz rondas comerciais como o vendedor de produtos financeiros é relegado para o mesmo plano. Perdeu a auréola mística da soberania. Passa estar no circuito comercial, como as batatas, e as televisões.

Já não é soberano, mas produto. E nesse caso é o público que é soberano. O cliente pode deter pouco poder em si mesmo, mas no seu conjunto determina o consumo. Soberania, religião, mística deixam de ter sentido para este criador com soberania perdida. Apresentado como um aristocrata de casa reinante deposta, vive de ser produto, aceitou que os seus brasões sejam logótipo, e os seus pergaminhos apenas folheto de publicidade.

[...]
(mais)

domingo, 2 de maio de 2010

«O Vietname não é uma guerra. É um País»

Sempre que penso em Saigão, lembro-me da versão do Apocalipse Now, dobrada em castelhano, que a TVE passou talvez no final do ano de 79 ou 80. Nas p[...]

(mais)