segunda-feira, 22 de março de 2010

A herança do nazismo

Um dos aspectos em que mais se revela a infantilidade da nossa época é a sua relação com o nazismo. Transformado no mal absoluto, essa mesma transformação tem consequências patológicas de toda a espécie. Vejamo-las: a) todo o povo alemão é culpado, b) o nazismo não faz parte da História mas do mito, c) o nazismo foi apagado e só aparece em margens.

Pode-se dar o caso de todo o povo alemão ser culpado, admitamo-lo. Como a França e a Inglaterra que com ele pactuaram e que tiveram nas suas elites fortes defensores do nazismo, o mesmo se dizendo de Portugal, Espanha, Roménia... A lista não pararia. E a verdade é que se trata do único povo da Historia que pagou efectivamente os custos das suas asneiras. E em grande medida motu proprio[...]
(mais)

quarta-feira, 17 de março de 2010

A escolha de Obama

Obama vem a Portugal, no próximo mês de Novembro, cumprindo a agenda da NATO. Terá recusado um convite prévio em solo espanhol da[...]
(mais)

terça-feira, 16 de março de 2010

O poder de Ricardo Costa


Acompanhei o Congresso do PSD em Mafra, no Sábado, e em casa, no Domingo. Não sendo congressista, conhecia as propostas de alterações dos est[...]

(mais)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vi numa barca farta e pútrida

Vi numa barca farta e pútrida
Um velho homem cansado do seu ofício
- Eu não existo – declarou solene –
- Uma moeda pela tua passagem.

Soltei a corda de uma surda bolsa
Que só viu noites em sombria caixa.
- Não pago – pensei eu -. Ao leme
Não pode estar quem não fez viagem.

Ficar na margem ou ir para outra:
Aceitar uma viagem é obediência,
E quer ficar o que desiste.

- Não há escolha – disse eu ao sorriso do homem –
- E não haverá viagem nem permanência
Quando um não paga e o outro não existe.
Alexandre Brandão da Veiga

(mais)

domingo, 14 de março de 2010

A liberdade, a rolha e o PSD


O Congresso do PSD foi um festim de unidade e democracia que terminou com delegados e jornalistas a votarem e a comentarem a proposta de sançõe[...]
(mais)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Read my lips!


«Read my lips, no new taxes!».
A declaração de George Bush (Pai) na Convenção Nacional R[...]
(mais)

segunda-feira, 8 de março de 2010

O que é a Europa? V

O universalismo destes quatro critérios parece-me cada vez mais assente. Porque não o vou buscar as declarações políticas. Mas a todos os campos da cultura da Europa, e a todos os campos em que a confronto com as outras. Como tenho vindo a demonstrar, desde a matemática, à física, a ciência em geral, teologia, filosofia, História, às vivências do dia a dia, a categorias que usamos, os sentimentos que nos atravessam estão permeados destas inércias.

Elas não nos limitam: definem-nos. Todos os seres humanos no mundo vivem felizes com a sua definição. Os europeus parecem querer apagar-se do mapa, por não quererem ser distintos. A indistinção dissolve, e todo o discurso que recuse diferença específica à Europa, é apenas destruidor. Bastou-me um Átila e um Ta[...]
(mais)

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Terreiro socialista


Tem sido confrangedor assistir ao sectarismo jacobino do actual Executivo da Câmara Municipal de Lisboa sobre a visita do Papa Bento[...]

(mais)

quinta-feira, 4 de março de 2010

O que é a Europa? IV

Entremos no quarto critério: o mito da queda do império romano. Que disparate, dirão alguns. Vejamos então onde estaria o dislate.

Este critério tem duas partes, se bem repararmos. Por um lado temos de ver a relevância do império romano na actualidade. Em segundo lugar, o da relevância da sua queda, e da sua queda como mito.

A História de Europa é um permanente renascimento da ideia imperial. O simples facto de a palavra existir com esta relevância já é de si estranho. Afinal, na república romana o "imperium" era algo de bem mais trivial. Uma mera função militar e não um estado. E no entanto a Europa sente-se renascer com o renascimento do império, por múltiplas vias.

O renascimento carolíngio, o renascimento otoniano. Mesmo as Espanhas nã[...]
(mais)

quarta-feira, 3 de março de 2010

A República de António Costa

A Câmara de Lisboa assinou um protocolo com a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. Pretende «associar as características do r[...]

(mais)

O que é a Europa? III

As contribuições do cristianismo foram tão vastas quanto as do paganismo e mais contínuas nos últimos dois mil anos. Não há terreno da nossa vida que não seja por ele marcado. A nossa concepção das idades humanas, do corpo, da sensibilidade, da estética é determinada pelo cristianismo.

A nossa paisagem, as nossas cidades, os nossos conceitos, nada deixou de passar pelo crivo cristão. Mentira tem coloração bem diversa em grego que hoje em dia. O que seja a dimensão da fragilidade humana e como a ela se deve reagir está marcado pelo cristianismo. Girard disse-o bem: o cristianismo traz ao mundo uma fundamental inovação antropológica – a vítima é inocente. Uma civilização assente nesta conclusão e premissa tão estranha e improvável só poderia dar resultado[...]
(mais)

terça-feira, 2 de março de 2010

O que é a Europa? II

O paganismo indo-europeu onde se manifesta? Na herança romana e grega, comum a toda a Europa. Mas igualmente na herança celta germânica, eslava. Sem o ciclo arturiano, ou o dos Nibelungos perde-se uma parte fundamental da nossa concepção do que pode ser a literatura. Mas mais importante, perde-se uma parte fundamental do que é e pode ser a vida humana. O que damos por evidente é construído. Como amamos, como nos movemos, a que damos importância, ainda vai buscar a estas fontes.

Os nossos medos, os nossos demónios são diversos dos de outras culturas. Eles são (também) herdados do paganismo. Bem como muitas das nossas soluções. Na Europa existe uma relação com a adversidade cultivada nas elites que é estóica, não budista. Cada povo segrega e aceita o seu [...]
(mais)

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que é a Europa? I

As declarações políticas usam a palavra, os tratados da União europeia usam a palavra, o cidadão comum usa a palavra.

É evidente que não temos de ter uma definição científica para cada palavra que usamos. Mas quando pretendemos arvorar legitimidade intelectual no nosso discurso, e dizemos que este e outro país são europeus ou não, temos de ter a certeza de que a nossa sapiência não é filtrada por jornais e revistas.

A Europa é tolerância, democracia, direitos do homem? Não me parece. Por duas razões muito simples: porque não o foi durante pouco tempo, e apenas o foi com interrupções. Dezoito séculos de História europeia seriam metidos no lixo se quiséssemos que fosse este o critério. A Alemanha nazi, a Rússia comunista, ou Portugal salazarista nã[...]
(mais)