segunda-feira, 15 de março de 2010

Vi numa barca farta e pútrida

Vi numa barca farta e pútrida
Um velho homem cansado do seu ofício
- Eu não existo – declarou solene –
- Uma moeda pela tua passagem.

Soltei a corda de uma surda bolsa
Que só viu noites em sombria caixa.
- Não pago – pensei eu -. Ao leme
Não pode estar quem não fez viagem.

Ficar na margem ou ir para outra:
Aceitar uma viagem é obediência,
E quer ficar o que desiste.

- Não há escolha – disse eu ao sorriso do homem –
- E não haverá viagem nem permanência
Quando um não paga e o outro não existe.
Alexandre Brandão da Veiga

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