quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Céu vai cair?


D. Carlos Azevedo é alvo de notícias indecorosas denunciadas por um padre.
A Diocese de Lisboa mais confirma do que desmente.
D. Januário Torgal Ferreira diz que já suspeitava.
A propósito, um padre diz que ser homosexual não é pecado (e não é).
O bispo afirma que o querem destruir.
O Papa resignou.

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Vidas

Ontem visitei cerca de nove centros para a integração de pessoas portadoras de deficiência. Entre nós, há quem viva deitado num puff, mudando de posição durante o dia, para não fazer escaras. São pessoas tratadas com respeito e com estima. O ambiente em que vivem, imóveis, agarrados ao chão, sem esperança nem domínio, dá que pensar. Quem deles cuida tem a cara lavada de frivolidades e queixumes. É gente amável e rija. Nestas doenças, os menos quietos, por vezes, são agressivos. E lá está quem entenda que a vida é assim. Quem sabe que responder é melhor do que perguntar ou do que reivindicar.
Quem disse que era fácil viver? Que bastava abrir a porta do frigorífico para comer. Entrar num carro para ter depósito cheio. Ter braços e pernas para poder andar?
Se nada disto é adquirido, tudo se deve ao nosso trabalho e, para os crentes, à Graça de Deus. Trabalhemos pois, e louvemos, os que podem.



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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Inigma da floresta negra


É à volta do grande lago Mediterrâneo - onde a água é um bem precioso - que nascem as três religiões do Livro: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A peregrinação, o jejum, a travessia do deserto e todos os ritos ligados à água são comuns a outros credos mas assumem aqui uma naturalidade geográfica favorecida pela coincidência. Às vezes pergunto-me como é que um alemão - com chuva miúda no ano inteiro - se sente pertença de um mundo estranho que lhe é apresentado com encontros junto a poços ou tentações que se experimentam no deserto.
Os portugueses têm a facilidade de entender o Livro no seu elemento Mediterrânico. Começámos há dias a travessia anual do deserto que precede a Páscoa. Será que entendemos o Papa alemão?

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quando a violência não é um espectáculo


Não quero saber se Tarantino tem qualidade, humor ou nomeações para os óscares em cinco categorias. Django é quase todo bom mas tem momentos péssimos, que me azedam o filme. O combate dos escravos e, sobretudo, a cena do combatente preto entregue aos cães são apontamentos de aposta na humanidade pelo - 1. Mas o contraste não colhe.
Esforcei-me por retirar estas cenas da delícia destravada de Quentin Tarantino. Os excessos de lama, sangue, humor, romantismo e racismo são um colosso admirável que, como o da Babilónia, cede à primeira cheia nos pés de barro exactamente das cenas em que a violência deixa de ser um espectáculo.

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Perdidimus Papam

Bento XVI abdicou.

Por muitas vezes e de várias formas mostrei a sua importância. Em muitos campos, mas sobretudo dois. A relação entre a Igreja e o pensamento e a relação daquela com a ortodoxia oriental. Dois temas pouco excitantes para o vulgo, mas essenciais para o futuro da Igreja.

Poucos papas concitaram como este o respeito dos pensadores, dos criadores. Foi um trabalho lento, mas cujos efeitos se vão vendo aos poucos. Ainda menos conseguiram suscitar tal respeito, admiração, e mesmo amor entre os ortodoxos. O que não impediu que entre os protestantes a sua visão cristocêntrica também despertasse interesse.

A importância destes dois aspectos já a referi por muitas vezes, precisamente por em geral estarem escondidos em cantos escuros da actividade da Igreja.

Mas os jornalistas não gostaram. O povo não gostou. Queria mais espectáculo, mais festa. Ao cansaço seguiu-se o desânimo por um ónus que nunca foi desejado e vivido mais como um martírio que um prazer.

Não gostaram de Mozart e da sua disciplina? A sua doçura é demasiado delicada para o vosso gosto? Não terão pois Mozart, mas Michael Jackson, um papa mais colorido a todos os títulos, mas que vos fará dançar noite adentro, que vos divertirá muito mais... Apenas para vos mostrar como se cansam depressa as vossas pernas e que movimento na cabeça não significa abaná-la.

A abdicação diz mais sobre o cansaço de uma época que de um papa. O que virá a seguir será tão menos dotado de doçura quando parecer ter ligeireza.

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Luto por um Papa vivo


O Papa recusa-se a continuar a ser Pedro depois das oito da noite de dia 28 de Fevereiro de 2013. É tão esquisita a notícia que leva tempo a digerir. Sobretudo depois de termos assistido ao pontificado sofrido, agonizante, de João Paulo II. Nessa altura, houve coragem, abnegação e generosidade para permanecer. Agora consigo ver outra forma de coragem, de abnegação e de generosidade.
Era fácil amar João Paulo II, «o bonitão do ski», como lhe chamava o meu Pai. Terá sido mais lenta a aproximação ao tímido, alemão, intelectual Bento XVI. Mas chegou cá.
Foi o Papa que escreveu sobre o Amor; que recuperou a centralidade de Cristo na Igreja; implacável e transparente com os casos de Pedofilia; o Papa que elegeu Portugal como destino pastoral, no curto tempo de que dispôs.
A mim, fez-me sentir a força e a ternura do Evangelho quando, por segundos, comunguei o seu olhar, em Roma. E sei que a sua visita a Lisboa foi decisiva para a estima de muitos portugueses. Para os crentes, a eleição do novo Papa será iluminada pelo Espírito Santo. Como foi a anterior. Estaremos de luto? 

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