A Deus
O teu caminho, na esquerda do jornalismo, não me inspirava nada de bom ou de elevado. Em plena década de 80, soava-me a revolução retardada, mal arrefecida, aburguesada. Era assim mesmo.
Devagar, sem alarido nem proximidade, pudeste explicar-me, sem saber que estavas a falar comigo, que se pode chegar de vários ângulos ao mesmo ponto: à procura da realidade, como é, de cada vez. Pudeste dizer-me, ao ritmo de cada artigo ou comentário televisivo, que «todo o ponto de vista é a vista de um ponto», como diz Leonardo Boff. Fazias essa demonstração suavemente, com simpatia, quase sem querer ferir o contraponto.
Cheguei a fazer o exercício: como é que ele vai justificar a vitória inequívoca das Autárquicas de 2001? A saída de Guterres ou, o que foi mais difícil, o final esperado do XVI Governo Constitucional, em Novembro de 2004?
Seguia, atenta, a tua argumentação. Mais equilibrada do que habilidosa, mais honesta do que facciosa, mais inteira do que parcial. Sinto falta disso. Antes de ser preciso. Porque és preciso.
4 comentários:
e será possível nós, os pobres, sabermos o nome do iluminado?...
ao menos escreveu n'O Ponto?
ass: quarentão rebarbado
Há pessoas que não necessitam nome. A sua imagem é demasiado forte e conhecida.
Mário Bettencourt Resendes é uma dessas marcas que dá orgulho ter. Pelo que a Inez disse precisamente. Uma alma gentil, num homem educado ( íssimo ).
Como disse Pedro Santana Lopes no seu blog, "O Mário foi um Homem sério"
Vamos precisar dele, tem razão.
Tem razão, pelas barbas de Nepturno, falta dizer o nome dá pessoa a quem me refiro: Mário Bettencourt Resendes. Não foi género, foi esquecimento. Obrigada.
Belo texto
José Medeiros Ferreira
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