quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Deus

O teu caminho, na esquerda do jornalismo, não me inspirava nada de bom ou de elevado. Em plena década de 80, soava-me a revolução retardada, mal arrefecida, aburguesada. Era assim mesmo.
Devagar, sem alarido nem proximidade, pudeste explicar-me, sem saber que estavas a falar comigo, que se pode chegar de vários ângulos ao mesmo ponto: à procura da realidade, como é, de cada vez. Pudeste dizer-me, ao ritmo de cada artigo ou comentário televisivo, que «todo o ponto de vista é a vista de um ponto», como diz Leonardo Boff. Fazias essa demonstração suavemente, com simpatia, quase sem querer ferir o contraponto.
Cheguei a fazer o exercício: como é que ele vai justificar a vitória inequívoca das Autárquicas de 2001? A saída de Guterres ou, o que foi mais difícil, o final esperado do XVI Governo Constitucional, em Novembro de 2004?
Seguia, atenta, a tua argumentação. Mais equilibrada do que habilidosa, mais honesta do que facciosa, mais inteira do que parcial. Sinto falta disso. Antes de ser preciso. Porque és preciso.

4 comentários:

pelas barbas de Netuno disse...

e será possível nós, os pobres, sabermos o nome do iluminado?...


ao menos escreveu n'O Ponto?

ass: quarentão rebarbado

miguelvazserra....... disse...

Há pessoas que não necessitam nome. A sua imagem é demasiado forte e conhecida.
Mário Bettencourt Resendes é uma dessas marcas que dá orgulho ter. Pelo que a Inez disse precisamente. Uma alma gentil, num homem educado ( íssimo ).
Como disse Pedro Santana Lopes no seu blog, "O Mário foi um Homem sério"
Vamos precisar dele, tem razão.

Inez Dentinho disse...

Tem razão, pelas barbas de Nepturno, falta dizer o nome dá pessoa a quem me refiro: Mário Bettencourt Resendes. Não foi género, foi esquecimento. Obrigada.

Anónimo disse...

Belo texto

José Medeiros Ferreira