quarta-feira, 12 de maio de 2010

Irresistível em 24 horas


O «medonho Torquemada» da Congregação da Doutrina e da Fé que, durante o longo pontificado de João Paulo II, clarificou as balizas da Igreja pós-conciliar; o alemão tímido que não faz ski, nem sequer sabe representar; o sucessor do preferido, o maldito pelos pecados mais hediondos de alguns padres, foi esperado pela agenda pensante com primarismo e sem esperança.
Anunciaram-se bandeiras pretas e distribuições de preservativos; questionou-se a tolerância de ponto, os gastos, a oportunidade da visita em tempos de crise. E a inteligência mediática desdobrou-se em pequenas análises consonantes com a aversão ou a má vontade no acolhimento ao visitante.
O que mudou em 24 horas?
Ainda o avião não tinha aterrado, já o Papa calava fundo os mais críticos dizendo que a agressão à Igreja estava dentro de casa, (como sempre) no pecado. No alcatrão de Figo Maduro, foi ao encontro do assanhamento republicano dizendo que, há 100 anos, a laicidade libertara a Igreja do Estado.
Parece que o País pensante foi apanhado desprevenido. Desde logo, no Programa «Prós-e-Contras», descobriu que afinal havia católicos inteligentes, operantes, letrados, com ideias claras e discurso actual. Depois, dá ideia que nunca pensou ver nas ruas de Lisboa e no Terreiro do Paço, a alegria genuína de tantos que pareciam saídos de um País que estava escondido dentro do seu. E, finalmente, a intelectualidade agreste à Igreja, é muito sensível à inteligência e à cultura - pilares inequívocos da personalidade de Joseph Ratzinguer. A nata estava no CCB para o ouvir e aplaudir de pé. O respeito voltou à Cidade e abriu espaços a pequenos e grandes grupos. A todos.
As palavras de Bento XVI têm a clareza e a esperança que o Povo pede em tempo de incerteza. «Quem acreditar em Jesus não será confundido»; «Ele disse: estarei convosco até ao fim dos tempos»; «Nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja». Em tempo de crise, a verdade, a confiança e a sobriedade valem tudo. E o Papa provou que não precisa de ser uma estrela para ser brilhante.
Teremos tréguas ou um novo caminho?

8 comentários:

Ricardo Alves Gomes disse...

É cedo para dizer... aguardemos pelo fim da visita. Lá para Segunda-feira o País reencontra-se.

miguel vaz serra...... disse...

Inez, estimada Senhora.Gosto muito do seu ânimo, quase contagiante.Genuinamente, gosto de como consegue pintar um quadro lindo duma visita assim ,tão diferente como é a deste Papa a Portugal.Sei que vive isso com paixão e verdade e por isso respeito tanto as suas palavras.Obrigado por ser como é.

miguel vaz serra....... disse...

13 de Maio é uma data mágica para muitos. É-o para mim. Abolição da escravatura ,aparições em Fátima e tentativa de assassinato a Sua Santidade o Papa João Paulo II que mais tarde veio a Portugal trazer a bala extraída do corpo a Nossa Senhora, agradecendo o que ele disse ser um milagre. A bala está na coroa da Santa Maria em Fátima. Lugar onde vou muitas vezes, fora de datas, para “respirar” aquela invulgar energia...

Inez Dentinho disse...

Caro Miguel
Não veja «ilusiones» no post. Não sei pintar. O que está é uma leitura sobre a alteração de atitude dos fazedores de opinião que, nestes dias, surgem mais respeitosos, em uníssono. Basta observar os múltiplos debates das 3 televisões. Tudo mudou. Digo que foi o Papa que esvaziou essa tensão pelas declarações e simpatia e, também, as pessoas que o receberam com uma alegria inesperada para muitos.

miguel vaz serra....... disse...

unfullInez.
Há pessoas como vocé e como eu que só temos uma cara e não mudamos com palavras...Eu não mudei nada e acompanhei tudo desde aqui.
Não gosto que os líderes religiosos se metam em política, por exemplo, ou venham criticar e abrir feridas na sociedade já tão encrespada, com problemas socioculturais, como a união de homossexuais ou o aborto ou como no passado falar de forma ligeira de outras religiões, que nos valeu a morte de duas freiras assassinadas logo no outro dia. As sociedades têm que avançar e a Igreja tem que acompanhar esses avanços ou fica para trás. Pode dizer que estavam milhares de pessoas, claro. E os outros milhares que não estavam? Não têm voz? Religião é ditadura? Não me parece ou estamos a ser como os Talibãs. Podemos ter fé, gostar mais ou menos uns dos outros, mas o respeito é algo muito bonito e tem que partir dos líderes de qualquer religião. Se alguém insultar um dos seus, a Inez sente-se insultada. Certo? Pois é como eu me sinto. ( não por si, claro )
Quando digo pintar um quadro lindo, é verdade. Não que esteja a mentir. Aliás leia bem as minha sinseras e genuínas palavras desse comentário.
Quem lê o seu artigo não vê nada que não seja positivo nesta visita. Eu e milhares de pessoas não pensamos igual. Nunca vamos estar de acordo, todos. Seria impossível. Se queremos que todos respeitem este Papa, ele tem que fazer o que Cristo nos ensinou. Respeitar tudo e todos e ajudar os mais necessitados ,viver sem luxo nem materialismo. Não vejo nada disso no Vaticano e isso doa a quem doer tem que ser dito.
Agora se as criticas se tornam pessoais, como já senti na pele em ocasiões anteriores, passamos a ser os portugas de sempre. Ou estás comigo ou és contra mim. Pena.
Também tenho pena que esta visita em vez de ter o efeito devido, unir emocionalmente, veio fazer o contrário. Aqui está a prova. Leia os comentários no Sol online e leia o que sente tanta gente sobre tudo isto.
Um amigo, católico, eu.

miguel vaz serrra disse...

Inez.Peço desculpa pela palavra parva como começa o meu comtário,mas foi a "confirmação" que se colou ao seu nome.Mais uma vez desculpe
Um beijo grande

Inez Dentinho disse...

Deixe-me ficar contente com a visita e a recepção de crentes e não crentes.
Respeito não é unanimismo e o Papa veio pregar a Doutrina da Igreja e não a do tempo que passa.
O Aborto é uma ferida aberta em cada vida apagada antes de nascer. Ignorar isso não é unir. É fingir que está tudo bem.
O Papa falou do casamento de um Homem com uma Mulher. Foi o que fez. Não se referiu a qualquer outro. Também não deve fazê-lo?

joão m. m. wemans disse...

"Na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo faz aqui, em Fátima, quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele mesmo é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?»" (da homilia de 13.5.2010)
- Deveis ser justos para salvar a cidade humana.
É o desafio que nos deixa Bento XVI.