Árvores
Estou assim meio de férias que isto de trabalhar todos os dias cansa e meio de férias em Lisboa. Not bad. Ora isso serve para ler jornais velhos, também, e descobri que há mais um "plano" para o Terreiro do Paço. Fui ler porque queria ver se era desta que começavam a plantar árvores nesta maldita (para elas) cidade e, claro, o arquitecto acha que não. Aquilo deve ter uns pisos a marcar "percursos" e uns tons para aqui outros para ali, perspectivas, etc. Árvores? Se for preciso sombra (?) montam-se uns toldos, diz o profissional de urbanismo. Ora aí está. Tal como na Avenida dos Aliados, na Invicta. Será que um dia vamos ter alguém que ame árvores lá para a CML. A vereadora Helena Roseta achou o dito plano "muito interessante".
Será que as árvores são simbolo do passado, que há demasiada ligação ao mundo rural onde elas quase sempre, neste país, ainda são para abater?
Assunto sério: A Av. da República perdeu as árvores graças aos túneis e às obras do metro. A Fontes Pereira de Melo idem, ibidem. Mais recentemente foi a Joaquim António de Aguiar e também a António Augsusto de Aguiar (deve ter sido castigo pelos nomes). As árvores da Av. da Liberdade também foram arrasadas nos anos 1950 por causa do Metro mas alguém se lembrou de as replantar. Parece que resultou.
A excepção em Lisboa agora é a Expo. Ora bem, aí está, afinal não é preciso ir a Paris para ver como as árvores crescem mesmo, dão sombra e tornam a cidade mais rica. E são mais baratas do que os toldos.
6 comentários:
É criminosa a fúria autárquica lisboeta contra as árvores. O Terreiro do Paço já as teve e, pelo que se vê nas gravuras, ficava belíssimo. Mas esta gente, porque é feia ela mesma, odeia tudo o que é belo.
Em vez das árvores, parece que vai haver um "corredor" colorido entre o Arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas, contornando o D. José.
A D. Roseta acha isto interessante... Chiça!
Excelente post. Tem toda a razão no que escreve. Mas de facto a raíz profunda disto é mesmo, na minha modesta opinião, o facto da àrvore ( que nos fornecem, pequeno pormenor a considerar, o oxigénio) se associar ao ruralismo, coisa que, por assoçiação de ideias em muito boa gentinha supostamente muito sofisticada e urbana mas que, sem se aperceber, não passam de tristes saloios (no sentido pejorativo do termo) analfabeto--funcionais, é vista como sinónimo de atraso e anafalbetismo...
Claro que os melhores cérebros do Vale da Sílica nos EUA, por ex., cujas invenções nos permitem estar agora e aqui a escrever, moram na sua maioria no campo, em casas nos arredores das urbes como S.José, e gostam entre outras coisas de pegar nas enxadas nas suas hortas e jardins e nos machados e rachar lenha, o que, lendo algumas entrevistas dadas, "lhes estimula muito a criatividade".
Mas por cá, a ideia geral, muito por culpa dos saloios-mores deste reino que já foi um Império e um país a sério, e que nas nos guiões das tele-novelas que escrevem ou adaptam fazem sempre passar a tal ideia (hoje saloia, ultrapassada e obsoleta)de rural=atrasado.
A consequência disto são cidades sobrelotadas e superpovoadas ( e agora ainda se fala, ainda por cima, em "novas Barcelonas"), como aqui Lisboa, tornando má a e infernal a vida de todos, dos que já cá vivem e dos novos inquilinos.
Com os melhores cumpts.,
CCInez
Será que a nossa costela àrabe nos dá saudades do deserto?
Com costelas ou sem elas, mas manifestamente sem coluna vertebral, o que não faltam infelizmente por aí, a começar pela famosa Margem Sul, é camelos...
Melhores cumpts.,
CCInez
Caro Pedro, as árvores têm folhas, as folhas têm o péssimo hábito de cair ao chão e fica feio e é muito perigoso, temos que varrer e isso... Depois há o pólen, essas descaradas lançam-no aos transeuntes mais distraídos, e vai-se a ver ainda têm o desplante de dar flores que podem até danificar levemente os polimentos dos automóveis. Tudo isto para quê? Para conseguir um ar minimamente respirável em Lisboa, o oxigénio e tal? Ora!
Por acaso, as melhores cidades são as mais concentradas -- são as que poluem menos, têm menos trânsito, mais qualidade de vida, mais cultura e por aí fora. Claro que isto não é fácil de compreender, mas se pensarmos um pouco, chegamos lá.
Obviamente, as árvores são boas e basta ir a Londres e Paris para ver que concentração de cidades é boa e árvores também.
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