As ideologias acabaram?
O Público (e o site do CDS) noticiam que "os 11.562 militantes do CDS com telemóvel" receberam um sms de Paulo Portas ontem à tarde, em que o líder do CDS os informava dos candidatos do partido para as Europeias.
Creio que podemos eventualmente tirar uma de duas conclusões disto:
1. Os militantes do CDS usam o telemóvel bastante menos que os portugueses em geral (proporção de portugueses que afirmam ter pelo menos um telemóvel em inquéritos: 4 em cada 5; número de telemóveis por cada 100 residentes em Portugal: aproximadamente 130).
Ou:
2. O número de militantes do CDS é de pouco mais de 11.652 militantes.
Pessoalmente, espero que a primeira esteja mais perto da realidade. A ideia dos militantes do CDS serem mais conservadores até na adopção de novas tecnologias agrada-me...
10 comentários:
Só vê essas duas alternativas?
Pois eu vejo uma outra, bem óbvia, e provavelmente a correcta:
Na base de militantes do CDS, apenas pouco mais de 11 mil é que têm o numero de telemóvel declarado.
Que lhe parece?
Se tivesse pensado nisto um minutinho que fosse poupava-se o trabalho de um post a "malhar" no CDS.
Cumprimentos,
Luis
Não sou blogger mas sou leitor de blogs dos mais diversos quadrantes há vários anos.
De todos estes anos de consumo blogueiro, posso considerar o seu post como um dos mais idiotas que já li: começando pelo título, passando pelas hipóstes postuladas até à conclusão final...
Seria mais fácil e talvez menos grave na escala da idiotice refazer a piada do "Paulinho das Feiras".
De qualquer forma, é sempre divertido ler imbecilidades.
Bem haja e muitos posts,
Paulo Melo Feyo Caeiro (com telemóvel).
Mas o post não era uma piada? Agora não se podem fazer piadas com os partidos?
1. Sim, a possibilidade da base de dados do CDS conter 11 mil militantes com número de telemóvel declarado ocorreu-me (e é por isso que escrevi 'eventualmente' em relação às nas conclusões).
Mas a notícia no site do CDS que está na origem deste post indica que: 'De acordo com o secretário-geral dos democratas-cristãos, João Almeida, a mensagem foi enviada “aos 11.562 militantes que têm telemóvel”.' Limitei-me a aceitar o que João Almeida disse, e portanto o pressuposto do post não é meu. Se a citação fosse outra – p.ex. que a mensagem foi enviada "para o telemóvel de 11.562 militantes", ou "a 11.562 militantes que têm telemóvel" – este post não existiria.
2. O post não tem como objectivo "malhar" no CDS (aliás, não tenho nada contra o CDS), nem - para ser sincero - vejo como isto pode ser interpretado como um "ataque" ao CDS, mas tudo bem. De qualquer forma, para clarificar:
A possibilidade dos militantes do CDS usarem menos o telemóvel do que a generalidade dos portugueses (e isso ser congruente com a sua posição ideológica) era uma piada. Pensei que a ironia era óbvia, mas vejo que não. De qualquer forma, fica aqui o esclarecimento.
3. O post é também (pensei que obviamente, mas pelos vistos não) sobre o nível de activismo partidário. Estes números sugerem que um partido como o CDS - um partido importante, um dos quatro partidos portugueses com representação parlamentar ao longo da democracia, um dos três partidos relevantes que tem feito parte de governos constitucionais desde 1976 - tem um número de militantes ‘envolvidos’ com o partido que ronda os 14.000-16.000.
Isto tem implicações (que não desenvolvi, pois achei que o mero número levaria a esta reflexão) para a nossa avaliação do enraizamento social e da vida partidária, sobre o tipo de recursos a que se pode recorrer, o tipo de campanhas que se pode (ou não) fazer - no limite, a própria capacidade para ter candidatos próprios a todos os cargos políticos que existem em Portugal (e estou a pensar aqui nas autárquicas, com as assembleias municipais e de freguesia).
Esta avaliação sobre o enraizamento social dos partidos não se aplica unicamente ao CDS. Tendo em conta os dados das últimas legislativas, os militantes envolvidos do CDS representam aproximadamente 3-4% do seu eleitorado, uma proporção que deverá estar próxima da generalidade dos partidos. Mas o comentário de João Almeida é sobre o CDS, daí ter escrito sobre o CDS.
4. Sempre achei que não podia competir com os posts mais perspicazes e sagazes da blogoesfera, mas é bom saber que existem dimensões em que posso rivalizar com os maiores. Não sei se vou conseguir manter este tipo de sucesso, mas vou tentar. E se falhar, bem – como dizia o Woody Allen, “If you're not failing every now and again, it's a sign you're not doing anything very innovative.”
Caro Jalali,
Não se preocupe que continuo a considerá-lo muito divertido, principalmente agora, depois da sua justificação para o post "as ideologias acabaram?".
Do ponto de vista, meramente académico, de sustentação teórica do seu post, a sua justificação parece-me ainda mais obtusa.
Não tenho a veleidade nem a pretensão de querer competir consigo na cartezianismo do seu raciocínio mas, de qualquer forma, gostava de lhe demonstrar com uma pequena conta que 11 mil representam cerca de 2% de 500 mil (recordo-lhe que o PP teve cerca de 500 mil votos nas últimas legislativas). Ora, 2% de militantes inscritos será concerteza uma percentagem estatisticamente relevante para qualquer partido...
E, "by the way", sou representante do PP numa Assembleia de Freguesia. So... don't worry...
Abraço,
Paulo Melo Feyo Caeiro (militante).
Mas o blog é suposto ser uma revista científica? Bem, se os cientistas políticos não poderem fazer ou tentar fazer piadas com política, então estou mesmo na área errada!!
He? He? o CDS só têm esses militantes? Que escandalo...A Biblioteca Municipal ESPINHO com uma população de 32.000habitantes tenho 15.870 inscritos leitores da Biblioteca.
Como pode ser?
ver em www.leremespinho.com
O Anónimo nunca está na área errada nem tão-pouco na área correcta. O Anónimo não existe...
Por outro lado, se o objetivo do autor foi fazer uma piada recomendo-lhe alguns livros do António Sala que concerteza farão furor junto do seu sentido de humor.
Psulo Melo Feyo Caeiro (humorista)
Caro Paulo Melo Feyo Caeiro,
Três ou quatro pequenas notas em relação ao comentário que me endereçou:
1. O CDS não teve 500 mil votos nas últimas legislativas. Teve 416.415 votos, o que não é propriamente 500 mil. Aliás, nos últimos vinte anos, o CDS só por uma vez atingiu os 500.000 votos - nas legislativas de 1995 (com Manuel Monteiro na presidência do CDS).
2. A estimativa de 3-4% para a proporção de militantes / votantes CDS é feita a partir de 416.415 votos e 14.000-16.000 militantes. O nº de militantes foi estimado com base na notícia inicial; e nos padrões de posse de telemóveis na população portuguesa com base em inquéritos. Contudo, não deve estar longe da realidade, tendo em conta número de "militantes activos" que o próprio CDS apresenta (17.000 em 2008).
3. Foram a votos nas últimas autárquicas - entre pres. e vereadores de câmaras municipais, membros de assembleias municipais e de assembleias de freguesia - mais de 43.000 cargos políticos a nível local. A observação que fiz no meu anterior comentário s/ a real capacidade de apresentar candidatos era uma constatação, nada mais.
4. Não estou preocupado com o activismo partidário do CDS (nem é essa a minha função), mas há quem esteja:
"O CDS precisa de uma nova vitalidade do ponto de vista da organização e da implantação. É uma das questões mais sérias do ponto de vista da estruturação do Partido. Nesta matéria, aliás, as dificuldades cresceram: é preocupante o número de concelhias por eleger, como é preocupante o número de distritos sem estrutura distrital eleita."
O autor da citação? Paulo Portas.
5. Last but not least, queria destacar o seu fino sentido de humor (e digo isto sem ironia). O nome com que assina os seus comentários é, presumo, um tributo ao "nome ideal" para um militante do CDS: Paulo (do actual presidente do CDS); e os apelidos dos três principais candidatos às Europeias (Melo + Feyo + Caeiro). Devo dizer que demorei a apanhar isto (em minha defesa, o apelido do ex-secretário de Estado da Educação é normalmente dado como "Feio" na comunicação social, mas pelo que me consta a grafia deveria mesmo ser com "y") - mas nice touch!
Um abraço,
cj
Touché, meu caro!
Excelente dissecação e demonstração do seu ponto de vista.
Confesso que me expus um pouco quando assumi o meio milhão de votantes (sabia que tinham sido menos)...
Espero não ter sido demasiado persistente mas o que aconteceu nas linhas que predecem esta valeu bem a pena.
Um abraço,
Paulo Melo Feyo Caeiro (pseudónimo)
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