sábado, 7 de março de 2009

A orquestra de Kinshasa

De vez em quando é bom levarmos uma lição que nos arrase de alto a baixo. Em Kinshasa, no meio de um caos que muitos de nós nunca conheceram e, felizmente dir-se-ia, nunca conhecerão, há homens e mulheres que conjugam uma vida atribulada e perigosa, com uma paixão inesperada pela música clássica ocidental.
Juntos, e juntos são 170 músicos e cantores, formaram a Orquestra Sinfónica de Kinshasa, num dos musseques da cidade. Dizem-me que houve uma alma abençoada que decidiu fazer um filme sobre estes gigantescos heróis do nosso tempo. Basta-me ver este vídeo de tão poucos minutos para ficar convencido de que temos tudo a aprender sobre a dignidade humana e de que devemos meter pela sanita abaixo as nossas depressõezinhas da hora do chá quando vemos a tão bela alegria destes sorrisos luminosos.



Confesso que fiquei perdidamente apaixonado por Joséphine, a celista, de olhos negros, altas maçãs do rosto, lábios grossos e sorriso tão suavemente agri-doce. “A música para mim é rezar pela segunda vez. Rezo e depois de rezar, eu canto”, diz ela.
Eu, que não sei cantar, rezo com ela, rezo para que estes rostos continuem felizes, eufóricos, tão ferozmente orgulhosos e inspiradores.
Agradeço ao meu amigo António Eça de Queiroz, do Pnet Homem, a revelação deste extraordinário documento.

6 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

Tenho ouvido ultimamente a da Guiné.

Será que o nosso único colega de sucesso voltará? bfds

Manuel S. Fonseca disse...

Taxi,
o nosso colega, agustiniano e mediavalista, já prestou públicas declarações. Pode não cantar, mas pelo menos fala. Julgo que não abdicará do sucesso. have a nice weekend too

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

É fantástico, Manel. Obrigado.

Redonda disse...

É realmente fantástico e é um exemplo de vida que todos devíamos conhecer. Assim não nos queixávamos tanto.

Anónimo disse...

Meu caro Manuel S. Fonseca,

Isto é uma magistral lição de dignidade humana. É à procura de pérolas como esta que de vez em quando visito este Geração de 60 - mas, deixe-me que lhe diga, na maior parte das vezes só aqui encontro depressõezinhas da hora do chá. Fiquei cliente do Pnet Homem, que não conhecia

Manuel S. Fonseca disse...

Que bom que era que o pessoal de Kinshasa se soubesse tão apreciado. Espero que o filme - que é dum francês - os recompense como merecem. Queria agradecer os comentários e dizer ao anónimo - provavelmente já dialogámos no passado e já sabe que me daria muito prazer tratá-lo/a pelo seu nome - que a Geração de 60 (sem prejuízo de ter "as suas fases") se alguma característica tem é a de uma seriedade de abordagem dos temas. Se às vezes tendemos para uma certa ligeireza (entre o chá e o café com cheirinho), bem me pode apontar o dedo a mim, que sou dos mais culpados. Obrigado por nos visitar.