segunda-feira, 7 de abril de 2008

I. Pierre DEGHAYE, De Paracelse à Thomas Mann : les avatars de l'hermétisme allemand, Paris, Dervy, " Bibliothèque de l'hermétisme ", 2000.



Havia um tempo em que as pessoas eram muito pouco esclarecidas e supersticiosas, mas eis que surgiu a ciência e ficou tudo iluminado. Ficamos todos satisfeitos, a realidade é extremamente simples.

Mas não é.

Assim como hoje em dia os hermetismos parasitam a ciência, tentando sugar do seu prestígio e credibilidade, nem que seja institucional, secularmente foi ao hermetismo também que a ciência foi buscar muitas das suas preocupações, temas, conceitos, metodologias.

O que seja o hermetismo permite muitas definições. Literalmente é o que está encerrado, escondido. O que tem de se desvelar. Nesse sentido é o contrário de aletheia, em grego “verdade” ou “desvelamento”. O hermetismo vive deste movimento de tirar o véu – para os iniciados – e recolocá-lo – para os ignaros.

Miticamente as suas origens encontram-se no Egipto, mas podem-se encontrar exemplos em todo o espaço indo-europeu. Da Pérsia, aos celtas com o saber druídico, aos mistérios helénicos.

Irreleva para estes efeitos. O que interessa é saber que configuração teve na Europa cristã. O hermetismo foi sempre o refúgio para a teorização do corpo, da matéria. Numa sociedade em que pouco espaço sobrava para a sua teorização (não para sua expressão cultural como a poesia e as artes plásticas mostram) o hermetismo foi sempre o refúgio para o pensamento do corporal. Entenda-se, não para o corporal, mas para o pensamento do corporal. É um espírito que se agita, não um corpo, quando se fala de hermetismo.

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