O grau zero - III
«A Câmara de Lisboa aprovou a recondução da ex-vereadora do PSD Marina Ferreira à frente da empresa municipal de estacionamento EMEL, duas semanas depois de o seu nome ter sido chumbado. (...) A votação foi repetida depois de dois sociais-democratas que haviam sido colegas de vereação de Marina Ferreira terem ajudado a vetar a sua recondução. Estavam a substituir os vereadores que nesse dia tinham faltado à reunião de câmara, e que agora viabilizaram o seu nome.»
Público, 28 de Março de 2008, p. 29Não comento sequer. Julgo que não será preciso.
10 comentários:
Pois eu comento Sofia. E ainda existe quem tenha ficado abespinhado com o relatório da SEDES - o qual se peca é apenas por defeito! O mal estar pode ser difuso, mas aqui temos uma sua causa bem concreta.
Sofia, realmente não há comentário possível. O preocupante é que não se percebe uma indignação concreta .
O país deixou-se embalar pelos discursos optimistas do governo e por fim adormeceu. Neste momento diria que está mesmo em sono profundo.
Sofia certamente não lhe vou dizer nada que não saiba mas pelo sim pelo não aqui vai:
1. Desde o primeiro dia após a vitória do PSD nas últimas eleições para a Câmara de Lisboa que Marina Ferreira, a mando de Teixeira de Cruz, tudo fez para derrubar Carmona Rodrigues.
2. Tal não interessava a Marques Mendes que não sabia da missa a metade.
3. Os aliados foram-se somando ressaltando os nomes de Amaral Lopes, Sérgio Lipari e António Proa, sempre dissimuladamente orquestrados por Teixeira da Cruz.
4. A força da mesquinhez desta gente e a absoluta incapacidade de Carmona acabaram por conseguir derrubar a Câmara.
5. Tentou-se ainda impor a Marques Mendes a hipótese de chutar Carmona para longe e pôr no seu lugar Marina Ferreira, mas só se conseguiu chutar Carmona sem se impor Marina Ferreira.
6. Marques Mendes forçado a escolher pôs-se ao lado de Teixeira da Cruz determinando a queda da Câmara e a realização de eleições intercalares (nisto esteve bem até porque ao lado de Carmona poderia estar toda a gente menos ele próprio).
7. Assim se chegou a uma conferência de imprensa em que Marina Ferreira (apesar de ser vice-presidente da Câmara) anunciou em nome da Câmara a queda do executivo. Ao lado dela António Proa e Sérgio Lipari.
8. Derrubado o executivo do PSD pelos vereadores do PSD o PS ganhou as eleições.
9. Marques Mendes deixou de ser o líder do PSD e para já honradamente desapareceu.
10. Teixeira da Cruz deixou de ser presidente da distrital de Lisboa, mas mantém-se na Assembleia Municipal. Ao contrário do que aconteceu com Carmona Rodrigues, agora colabora com o Presidente da Câmara, António Costa,o qual sendo do PS não põe em causa as suas pretensões à liderança do PSD.
11. Marina Ferreira era presidente da EMEL. António Costa de acordo com Teixeira da Cruz decidiu voltar a nomeá-la.
12. Sérgio Lipari e António Proa, que há 1 ano a ajudaram a derrubar o executivo em que tinham sido eleitos, votam agora contra a nomeação da sua antiga aliada.
13. Zangado, António Costa fala a Teixeira da Cruz. Combinam tudo.
14. Depois fala a Marina Ferreira. Tudo combinado.
15. Volta a agendar a nomeação.
16. Teixeira da Cruz obriga Salter Cid e Margarida Sávedra a não faltarem à reunião, não fosse lá outra vez António Proa e Sérgio Lipari estragar o arranjo.
17. Marina Ferreira é eleita presidente da EMEL.
18. Sérgio Lipari foi entretanto eleito vice-prtesidente da distrital de Lisboa do PSD, cujo presidente é Carlos Carreiras, antigo opositor de Teixeira da Cruz.
19. Teixeira da Cruz não consegue controlar Sérgio Lipar mas continua a protegê-lo, quem souber diga porquê.
19. António Costa esfrega as mãos de contente.
20. Conclusão? Não há. Ou talvez apenas esta: Os lisboetas não são uma parcela em nenhuma destas equações.
Assinado: Anónimo (que esta gente é perigosa).
Tenho pena que o anónimo não assine. As acusações são graves e mereceriam séria reflexão senão fossem ... anónimas.
Lido o cândido relatório, fico com a ligeira impressão de que o Governo não é tão mau como isso. Se o relator prometer assinar as suas 20 tortuosas teses, e caso não seja muita maçada, mandem-me uma proposta que eu inscrevo-me no PS.
À Sofia, à Helena, ao Pedro e ao Manel, agradeço o eco. Também na indignação, é melhor não nos sentirmos sós!
Ao anónimo, agradeço a memória. Já não saberia reconstituir tudo e era pena. Pena que o andar dos dias nos distraia e assim vá tolerando a baixeza calculista e indecorosa de certos protagonistas da vida pública contemporânea.
Sobre o anonimato do anónimo - e embora, por princípio, partilhe as reservas do Pedro -, sempre digo que, aqui, o mesmo me parece consubstanciar uma denúncia carregada de sentido político. Assina-se «anónimo» e explica-se porquê. Não se inventou um nome, nem se fugiu à questão. Assumiu-se o anonimato, evidenciando o perigo que envolve aqueles que não alinham e não calam. Paralelamente, o texto é claro, factual e objectivo. Não se faz de atoardas, nem de insinuações. No essencial, tudo o que é dito aconteceu e é comprovável (antes não fosse!). E, no que é apenas conjectura, designadamnente quem falou com quem para dizer o quê, o texto é arrepiantemente plausível (antes não fosse também!).
Nesse sentido, julgo que este comentário pode e deve apelar à reflexão de que fala o Pedro. Apesar do anonimato. Aliás, na verdade, também por causa dele!
Claro que vale a pena omentar! Este PSD que mantem acordos com o PS para nomear pessoas e assim dividir o estado é o grau zero da democracia.
Esta gente do PSD que aceita deixar mal o seu partido para se manter à frente de empresas que seguem as políticas de quem ganha a câmara devia ser afastada dos partidos.
Estes vereadores que apoiam o bloco central deviam ser afastados.
Os vereadores que lá foram vetar o nome da antiga colega deviam ter evitado a queda da câmara.
Sofia: não é a plausibilidade que está em causa. Não é sequer nenhum tipo de simpatia (que não tenho) pelos personagens
citados. É uma aversão profunda às denúncias anónimas que, na parte que me toca, não abre lugar a excepções.
Cara Sofia, grau zero é o facto de a Marina Ferreira aceitar ser protagonista da política socialista. Ela foi presidente da comissao administrativa, devia evitar esta situação.
Deixa mal o PSD e fica ela muito mal. Ainda para mais sujeitou-se a ser repescada com uma segunda votação.
Marina Ferreira não é a mesma que presidia aos transportes na área metropolitana como Guilermino Rodrigues?
Não é a mesma que viajou para Singapura a convite do João Franco que é arguido no processo de viagens a Singapura e que foi logo nomeado pela Ana Paula Vitorino para administrador em Sines? Pois é é preciso não ter vergonha nenhuma!
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