sábado, 12 de janeiro de 2008

Portugal e o Tratado de Lisboa

O Governo decidiu que o Tratado de Lisboa não será objecto de Referendo mas apenas levado a aprovação à Assembleia da República para posterior ratificação pelo Estado Português. Dir-se-á uma decisão certa por razões erradas mas, ainda assim, uma decisão certa que não vale a pena procurar combater por razões que seriam sempre também, por consequência, razões erradas.









Ericeira, Rastos na Areia, 1962
Carlos Afonso Dias

Ninguém duvida já da próxima aprovação do Tratado pela Assembleia da República e a sua posterior ratificação pelo Governo. Todavia, importa não esquecer que o Tratado mantém intocável o famigerado artigo do projecto de Constituição que retira a plena soberania a Portugal sobre a sua ZEE (Zona Económica Excusiva).

Pelas razões já apresentadas em anterior «post», defendemos que, a partir desse dia, Portugal entrará num processo final de evanescência sem remissão. Um primeiro passo são os seres vivos, logo depois virá a Guarda Costeira Europeia e quando acordarmos não seremos senão, de facto, a West Coast da Europa, onde os mesmos Europeus virão usufruir do agradável clima, deliciar-se com as magníficas praias e paisagens, enquanto degustam o «seu» excelente pescado eventualmente acompanhado por um fresquinho Verde, talvez ainda produzido por um velho português caturra.

No dia da votação do famigerado Tratado de Lisboa, talvez relembremos ainda o velho dito de Fernão Lopes (se a memória não nos atraiçoa), segundo o qual, «entre os portugueses, traidores houve algumas vezes». Poderemos mesmo identificá-los mas, infelizmente, de pouco nos valerá já _ mesmo esses poderão sempre desculpar-se pela subjugação à muito aplaudida, venerada e amplamente aceite ignomínia da «disciplina de voto», sem a mínima consciência da inconsciência com que sempre fazem tudo quanto fazem.

É triste? É, é triste, muito triste, francamente triste. Somos uma nação ocupada, em evanescência, em que poucos são aqueles que ainda prezam a liberdade, a independência e têm verdadeiro orgulho de serem e se reconhecerem como portugueses.

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