Consciência e biologia
Quando a “Geração de 60” ainda estava na clandestinidade, o Nuno Lobo Antunes, o Pedro Norton e eu, trocámos amenidades sobre o que chamámos a “máquina biológica” e o livre arbítrio. Os textos estão sepultados no arquivo de Abril, mas foram, a meu ver, de bom augúrio para o nosso blog.
Lembrei-me deles por causa deste breve excerto de uma crítica que Peter Hitchens, autor paleoconservador e de inquebrantável fé religiosa, dirigiu ao livro do irmão Christopher Hitchens, tão convicto ateísta como esquerdista. Cito:
“How can the idea of a conscience have any meaning in a world of random chance, where in the end we are all just collections of molecules swirling in a purposeless confusion?
If you are getting inner promptings, why should you pay any attention to them? It is as absurd as the idea of a compass with no magnetic North. You might as well take moral instruction from your bile duct.”
Podem ver tudo aqui, devendo eu avisar-vos que cheguei à história visitando Pedro Mexia com quem, em tempos, e sobre o cinema português, mantive polémica de cara fechada e feia, o que ainda hoje me obriga a lê-lo com atenção (de vez em quando, é claro, também não vale a pena exagerar).
Lembrei-me deles por causa deste breve excerto de uma crítica que Peter Hitchens, autor paleoconservador e de inquebrantável fé religiosa, dirigiu ao livro do irmão Christopher Hitchens, tão convicto ateísta como esquerdista. Cito:
“How can the idea of a conscience have any meaning in a world of random chance, where in the end we are all just collections of molecules swirling in a purposeless confusion?
If you are getting inner promptings, why should you pay any attention to them? It is as absurd as the idea of a compass with no magnetic North. You might as well take moral instruction from your bile duct.”
Podem ver tudo aqui, devendo eu avisar-vos que cheguei à história visitando Pedro Mexia com quem, em tempos, e sobre o cinema português, mantive polémica de cara fechada e feia, o que ainda hoje me obriga a lê-lo com atenção (de vez em quando, é claro, também não vale a pena exagerar).
A despropósito, mas que já que estou com a mão na blogosfera, façam uma visita às pré-publicações do Luis Carmelo. É a grande estreia da Guerra e Paz no Miniscente, com um belo livro, Do Fanatismo, de Eric Hoffer. Ah, e perdoem-me o conflito de interesses.
4 comentários:
Desafio-vos a participar no movimento dos Blogs a favor do referendo do Tratado Europeu. A imagem está em Kaos.
O determinismo é o oposto de acaso. As moléculas não andam às voltas serpenteando sem regras, muito pelo contrário, é a existência de regras às quais não podemos fugir que corroi a noção de livre arbítrio.
Caro Nuno,
Para um leigo, a ideia de genes egoístas em lutas homéricas pela supremacia dentro de um organismo suscita tudo menos a imagem da impecável e previsível organização de uma empresa nipónica (a Sony, por exemplo). Mas ainda que Peter Hitchens esteja longe de ter razão – o que eu, a milhas do paleo-conservadorismo dele, dou de barato – chamo a terreiro o facto de haver biólogos que se escusam a partilhar esse reducionismo genético, atrevendo-se eles a sublinhar a influência de factores culturais e ambientais nos comportamentos.
Postas as coisas de outra maneira. Andámos um século a libertarmo-nos da teleologia da história com que o marxismo nos esmagou. Acabamos agora numa teleologia da natureza em que o gene é a única chave e a chave final do comportamento humano? Sendo eu um péssimo e preguiçoso leitor nessa área, por onde é que devo ir? Ler Christopher Hitchens e Dawkins ou agarrar-me a um neurobiólogo como Steven Rose,mais palatável para o meu conservadorismo humanista?
Negar a influência da cultura e ambiente no comportamento, seria negar a evidência mais clara. O que sustento, é que não é o próprio que determina as influências que sobre ele recaem, nem de que forma o vão afectar. Ora se não controlamos os genes ou as influências ambientais, que mais resta de "liberdade" no comportamento?
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