Hitler e os bem pensantes II
Para Hitler os negros tornaram-se porcos
apenas quando os missionários os vestem, quando andam nus são perfeitamente
limpos (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae,
Milano, 2015, p. 25). Também Hitler crítica as missões por terem desvirtuado os
africanos.
Uma delegação finlandesa, depois da guerra
com os russos abordou Hitler para ser um protectorado alemão (PICKER, Henry, Conversazioni
di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 37). Quando Hitler visitou
a Finlândia, o marechal Mannerheim, o herói da liberdade finlandesa, ficou
feliz com esta visita, e o Presidente da República Ryti também se mostrou
acolhedor (p. 59). O general Dietl não é apenas popular na Alemanha, mas também
na Finlândia (p. 118).
Hitler queria que se fizessem na Holanda
duas escolas políticas, uma para rapazes, outra para raparigas (PICKER, Henry, Conversazioni
di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 40).
A relação de Hitler com o cristianismo
revela-se de forma paulatina ao longo das conversas. A sua relação com o
cristianismo aproxima-o do Maio do 68 e da sua concepção simplista, tanto do
cristianismo, como do paganismo. Hitler não queria a formação de igrejas
unitárias para vastas porções do território russo a ocupar (PICKER, Henry, Conversazioni
di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, pp. 43, 243). Hitler
opunha-se aos clérigos filo-semitas (p. 51). Não queria visitar a Espanha nunca
(p. 60), onde não é possível uma revolução nacional como na Alemanha e na
Itália por causa do poder da Igreja Católica (p. 61). A Espanha não é fascista
(p. 72). Mas recusa a ideia de que os espanhóis são preguiçosos, viu-os
trabalhar (p. 74). Se os italianos e os espanhóis querem ser católicos é
problema deles (p. 231). Os padres e os monárquicos são os piores inimigos do
despertar germânico (p. 62). Instituiu o cargo de «bispo do Reich» para trazer
luz ao problema da Igreja Evangélica (p. 63). Os construtores navais da era
cristã esqueceram-se das formas naturais dos peixes quando faziam navios, ao
contrário dos antigos (p. 115). O Império Romano foi vencido, não pelos
germanos ou os hunos, mas pelo cristianismo (p. 144), tese de Gibbon revistada.
Mostra simpatia pelo Juliano, o Apóstata (p. 144), que ocorre entre a extrema
direita e o Maio de 68. Para a perseguição contra os cristãos toma como exemplo
o imperador Juliano (p. 12). Se o papado sobreviveu apesar das premissas
absurdas do cristianismo, foi por mérito da grandiosa organização da Igreja (p.
159). O cristianismo falhou por não ter transferido o seu princípio metafísico
no plano material (p. 78 – não se percebe bem o que quer dizer com isto, mas
vale como crítica). O cristianismo é fanático e intolerante (p. 164). A Igreja
lutou sempre contra a livre investigação e ainda hoje em dia se vê nas escolas
o absurdo de ensinar a teoria da evolução e o Génesis ao mesmo tempo (p. 222).
Se a Igreja tivesse praticado a lei do amor, não teria resistido muito tempo,
foi através da tortura e na fogueira que fez o seu poder (p. 238). Não se
percebe se estes momentos de brutalidade lhe provocam admiração, ou não. Tem
como modelo de estilo as conversas entre Frederico II e Voltaire, que admirava
(p. 223). E só se pode rir perante a pretensão de um santo católico como Santo
António, de mortificar a carne (p. 198). De entre a oposição ao nazismo inclui
o catolicismo político (p. 165). Pensa que há uma íntima colaboração entre a
Igreja Católica e os assassinos de Heydrich (p. 245). Como muitos do Maio de 68
admira a responsabilidade colectiva das famílias no Japão, em que toda família
responde pelos crimes de um dos seus membros (p. 175). O Japão teve a sorte,
como aconteceu com o maometanismo, de ter uma religião de Estado não corrompida
pelo cristianismo (p. 234). É a favor de energias renováveis como a do vento, e
da produção local de energia (p. 179). Quer expulsar os judeus e os cristãos da
vida política alemã (p. 196). Depois da Guerra tomará medidas que tornarão
praticamente impossível aos jovens serem conquistados pela Igreja Católica (p.
236). Como o Maio de 68 diz que a burguesia é vil (p. 196), nenhuma classe é
mais obtusa que a burguesia (p. 205). Não se deve dar valor excessivo à vida
individual (p. 229). E coloca-se em oposição à Igreja e à nobreza (p. 200). Se
não temos nada a ver com as crenças do paganismo romano e grego, os seus
monumentos são um testemunho arquitectónico (p. 227). Como os do Maio de 687
queixa-se de que o cristianismo retira a alegria do belo (p. 229). Hitler
achava que um dia no futuro todos terão direito de serem felizes cada um a seu
modo, como o mundo antigo tinha conhecido, em que ninguém obrigava os outros a
converterem-se aos próprios deuses (p. 233). Como o Maio de 68 não gosta das
academias (p. 253), e não gosta dos purismos da língua (p. 250) e defende que a
língua alemã se enriquece com a vinda de palavras de outras línguas (p. 251). A
libertação de preconceitos é um dos argumentos de Hitler (p. 291).
Quando lhe propõem que sejam transferidas
para a Alemanha obras de arte que nasceram na Alemanha e estão no museu de
Cracóvia, Hitler está contra porque diz que, se assim fosse, abria-se um
precedente sem fim (ROUSSILLON, Sylvain, L’Épopée Coloniale Allemande,
Via Romana, Le Chesnay, 2021, p. 256): precisamente o que defende o Museu
Britânico.
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