sexta-feira, 24 de março de 2023

Hitler e os bem pensantes I

 


 

 

Deixo de forma algo crua o que resulta de conversas pessoais de Hitler, numa tradição de conevsras à mesa que já existia em relação a Lutero. Deixo para quem ler a escolha. Cada um verá o que acha mais proixmo das ideologias actuais. 

É curioso como PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p.11, diz que as conversas de Hitler são banais por se referirem às consequências nocivas de fumar, mas que a mesma prole de bem pensantes noutras áreas ache essencial falar da proibição do tabaco.

As relações com os ingleses e o Leste europeu são duas faces da mesma moeda. Hitler quer que os alemães sejam os ingleses dos restantes europeus. Hitler defendia que depois do fim da guerra deveria existir uma amizade duradoura com os ingleses (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 17). O que é a Índia para os ingleses será a Europa de Leste para os alemães (p. 19). É significativo que isto seja omitido: o mais considerado movimento mais racista do mundo era racista antes do mais com europeus, e queria colonizar, não os outros continentes, mas os europeus. As classes superiores inglesas são maravilhosas mas as inferiores não valem nada, ao contrário das classes inferiores alemãs que são satisfatórias (p. 36). Os ingleses são hipócritas, porque antes da guerra adoravam os teatros alemães e agora chamam os alemães de bárbaros (p. 45). O único inglês que percebeu a realidade actual é o duque de Windsor que queria deixar os alemães colonizar o Norte da Austrália para ser um escudo contra o Japão (p. 50). Lembra que os ingleses aceitaram a ajuda do Japão na I Guerra Mundial (p. 55). Nas zonas ocupadas dever-se-ia usar os métodos que os ingleses usavam nas suas colónias (p. 81). Os territórios de Leste são essenciais para o povo ter as matérias-primas essenciais (p. 90). Tinha o eterno sonho da aliança anglo-alemã (p. 96). Embora em geral tivesse desprezo pelos eslavos, em relação aos eslavos do Sul não via o problema da sua germanização sob o ponto de vista rácico, mas tinha objecções sob o ponto de vista político (p. 204). É a negação do pensamento platónico. Os gregos não devem fazer escravos dos outros gregos, até porque se estiverem juntos terão mais força para atacar os bárbaros (Rep. 469b-c) (PLATONE, Repubblica, Bompiani, Milano, 2019, pp. 596-597). Bismarck pessoalmente era contra a colonização (ROUSSILLON, Sylvain, L’Épopée Coloniale Allemande, Via Romana, Le Chesnay, 2021, p. 35). 

As escolas alemães são mais democráticas que as inglesas (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 239). 

Hitler dizia que não se sentia talhado para ser profeta ou Messias (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 240). 

Hitler gostava da esquerda revolucionária francesa porque lhe servia os interesses (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 18). 

A América pretende ficar com a herança britânica e um dia a Alemanha e a Inglaterra estarão juntas contra a América (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015,m p. 20). 

A relação do Hitler com os muçulmanos é igualmente significativa. Hitler entendia que se devia fazer um pacto de amizade com os turcos e deixar-lhes na íntegra a gestão dos Estreitos (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 21). Kemal Ataturk, de olhos azuis, é um descendente dos berberes que os alemães deixaram no Norte de África, como os curdos o são na Ásia Central (p. 23). A religião dos turcos impede-os de se aproximar de outras grandes potências, como os russos (p. 32). A queda de Sebastopol fez explodir o ódio dos turcos em relação aos russos (p. 70). O grande Mufti, com a sua paixão nacional, considera a política na perspectiva do interesse árabe, e com os seus cabelos louros e olhos azuis, apesar da sua cara de sapo, revela que deve ter antepassados arianos, e eventualmente o melhor sangue romano (p. 70). Sabia que Ancara fazia parte do mundo islâmico (p. 76). Achava essencial uma ligação ferroviária com Constantinopla (p. 105 – não usa o nome de Istambul). 

O povo alemão é demasiado inteligente para dar ouvidos à nobreza, a nobreza está bem para os pequenos povos periféricos (PICKER, Henry, Conversazioni di Hitler a Tavola, Res Gestae, Milano, 2015, p. 22). Hitler censurava a arrogância dos inúteis aristocratas e a sua conversa fútil (p. 47). As classes mais altas, que se preocupam com a sorte dos judeus, não mostraram nenhuma preocupação com os milhares de alemães que tiveram de emigrar por miséria (p. 164). É difícil encontrar alguém mais estúpido que um rei (p. 176). Os operários da Krupp e os mineiros são os verdadeiros representantes de uma humanidade superior (p. 189). Mais que Thatcher, que vinha de pequenos comerciantes, Hitler admira os mineiros.

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