terça-feira, 14 de maio de 2019

A dita filosofia islâmica II






Um exercício permite mostrar isto. Só na página 426 CORBIN, Henry, Histoire de la Philosophie Islamique, Gallimard, Paris, 2014, vai além do século XIV. 426 páginas para oito séculos. 74 páginas entre o século XV e XX (oito séculos). Ocupa 12,3(3) páginas por século no segundo período enquanto ocupa 53,25 por século no primeiro período (entre o séculos VII e o XIV).

Isto diz algo de negativo em relação ao que pretende demonstrar. Não é determinante, mas é sugestivo. Façamos outro exercício. Usando a sua periodização, com a morte de Averroïs no século XII, termina na página 348. Sobram 151 páginas até ao século XX. O que dá 49,7 páginas por século para o primeiro período e 18,875 para o segundo.

Saliento: isto não que dizer que seja falso o que pretende demonstrar, ou seja, que existe filosofia fecunda no islão depois da morte de Averroïs. Quer apenas dizer que Corbin não demonstrou a sua tese.

Imagina-se o que seria uma História da filosofia europeia que dedicasse uma dezena de páginas por século entre Nicolau de Cusa e Heidegger depois de ter dedicado cinco dezenas por século entre Raban Maur e Oresme.

Corbin só consegue chamar de filosofia a islâmica alterando o conceito de filosofia (p. 219). Chega mesmo a falar de obra filosófica que mais não é que um comentário do corão (p. 468), o que em si não é impeditivo, mas seria necessário demonstrar em que termos este comentário seria filosofia e não mera exegese.


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