Pobreza da literatura II
Novo estreitamento. Mas o
problema é que este estreitamento é duplo. É que sobrando praticamente apenas a
prosa de ficção, também esta está reduzida. O conto mantém alguma tradição nos
países anglo-saxónicos, mas quase desapareceu nos outros todos. E o que se faz não
se vende. Por seu turno, o romance quase desapareceu. Ao que o leitor me diz:
mas hoje em dia publicam-se tantos romances….
Não. Publicam-se muitos
livros que se chamam a si mesmo romances. Mas não o são. O romance resulta do cruzamento
da épica antiga, com o cristianismo. O herói da época não muda, não há
«metanoia». O romance integra esta «metanoia», conceito cristão, na épica
anterior. Do romance de cavalaria, ao
romance burguês ou aristocrático do século XIX e parte do século XX há um fio
que muitos romancistas (até Thomas Mann, pelo menos) têm como bem consciente. O
romance tem a dimensão da épica, mesmo se nem sempre a sua grandeza. A nossa época
apenas produz novelas a que presunçosamente chama de romance. Confessa assim a
medida da sua impotência… e má fé.
Em suma, a pobreza da
forma reduz a poesia a quase nada, e de entre esta a lírica restricta, e na prosa
sobra apenas a ficção e sob forma de novela. Nãos e pode dizer que seja época
de grande expansão literária.
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