segunda-feira, 9 de abril de 2018

É o cristianismo uma religião como qualquer outra? III






Da próxima vez que o leitor ouça dizer alguém que o cristianismo é uma religião como as outras, pode, pois, pensar que a criatura em causa é cultora do espírito ariano e seguidor da ideologia imperial britânica (geralmente é favorável ao multiculturalismo, e também por isso se vê que tem saudade da ideia imperial britânica).

Resta saber se é verdade a asserção: o cristianismo é realmente diverso das outras religiões?

O velho Rudolf Otto dizia que o cristianismo era superior a todas as outras religiões porque estabelecia um equilíbrio entre racionalidade e irracionalidade mais perfeito, ou porque dava uma mais justa representação da necessidade de expiação. As diferenças podem-se encontrar por muitas vias. A questão é que, de uma forma de ou doutra, mesmo que sejam verdadeiras, correm sempre o risco de serem contestadas por serem mais ou menos subjectivas.

Deixemos estes trilhos, não por não serem verdadeiros (que o podem ser), mas por serem contestáveis. Da parte que me toca há dois argumentos muito sólidos que mostram que o cristianismo é muito diferente de todas as outras religiões, seja as anteriores a ele, seja as que lhe são posteriores, e nesse aspecto mais não são que retrocesso.

Estes dois aspectos são:

a)      O cristianismo é a única religião nua;

b)      Apenas o cristianismo percebeu que a vítima é inocente.

O seu a seu dono. Nenhuma das ideias é minha, apenas faço a sua síntese. A primeira ideia é dos historiadores anglo-americanos. Ser uma «naked religion» significa ser uma religião sem uma etnia. A segunda é de um dos maiores antropólogos de todos os tempos, René Girard.

Deixo isso para outras núpcias.




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