É o cristianismo uma religião como qualquer outra? III
Da
próxima vez que o leitor ouça dizer alguém que o cristianismo é uma religião
como as outras, pode, pois, pensar que a criatura em causa é cultora do espírito
ariano e seguidor da ideologia imperial britânica (geralmente é favorável ao multiculturalismo,
e também por isso se vê que tem saudade da ideia imperial britânica).
Resta
saber se é verdade a asserção: o cristianismo é realmente diverso das outras religiões?
O
velho Rudolf Otto dizia que o cristianismo era superior a todas as outras religiões
porque estabelecia um equilíbrio entre racionalidade e irracionalidade mais perfeito,
ou porque dava uma mais justa representação da necessidade de expiação. As diferenças
podem-se encontrar por muitas vias. A questão é que, de uma forma de ou doutra,
mesmo que sejam verdadeiras, correm sempre o risco de serem contestadas por
serem mais ou menos subjectivas.
Deixemos
estes trilhos, não por não serem verdadeiros (que o podem ser), mas por serem contestáveis.
Da parte que me toca há dois argumentos muito sólidos que mostram que o
cristianismo é muito diferente de todas as outras religiões, seja as anteriores
a ele, seja as que lhe são posteriores, e nesse aspecto mais não são que retrocesso.
Estes
dois aspectos são:
a) O
cristianismo é a única religião nua;
b) Apenas
o cristianismo percebeu que a vítima é inocente.
O
seu a seu dono. Nenhuma das ideias é minha, apenas faço a sua síntese. A
primeira ideia é dos historiadores anglo-americanos. Ser uma «naked religion» significa
ser uma religião sem uma etnia. A segunda é de um dos maiores antropólogos de
todos os tempos, René Girard.
Deixo
isso para outras núpcias.
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