segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Estamos prontos?


Na vida, como na literatura, diz-se que são precisas várias gerações para saber perder ou nunca ter tido nada para aguentar não ganhar.
Mas nem sempre é assim. Uma guerra, um exílio ou outra calamidade ajudam à resiliência sem queixume nem revolta. As Alemanhas reergueram-se da II Guerra Mundial como a Espanha ressurgiu das cinzas da Guerra Civil. O mesmo se diga do Japão, do Vietnam, do Chile, da Irlanda, da Polónia ou da África do Sul. O «impulso negativo» da má memória ajudou os povos na provação. Do mesmo modo, a nível pessoal, um desgosto maior, como a doença ou a morte de um filho, «prepara» e relativiza qualquer desventura.
Em Portugal, estamos ainda vitoriosos com as conquistas de 74 e vivemos um bem-estar fixado pela solidez do euro, pelos fundos europeus e pelas ilusões do crédito das últimas décadas.
Não estamos, por isso, preparados para perder o que quer que seja nem temos uma percepção de calamidade que nos ajude a reagir sem revolta. A cultura do País é a de um novo-riquismo nunca dantes experimentado que não comporta a falta do carro individual, da casa própria ou do restaurante várias vezes ao mês. Estaremos prontos para andar a pé ou de comboio, para arrendar casa e para cozinhar, como sempre? 





1 comentários:

miguel vaz serra....... disse...

Querida Inez
Claro que qualquer povo está preparado para passar de cavalo para burro se a situação é real e necessária. Mas o caso em Portugal é muito distinto. Os 9990 milhões de habitantes pagam na miséria os luxos pornográficos dos restantes 10 que ao longo de 39 anos têm usufruído.
SÃO ESSES que têm que se habituar a em vez de 300 mil euros por mês, viverem com uns "miseráveis 25.000"!!!!! Não quem tem 300 por mês para comer se deve habituar a viver com 30!!!!!!!!!!