O impulso organizado
Ontem saí da Assembleia da República às dez para as oito da noite. As portas do parque estavam seladas e havia barras de metal vigiadas por alguns polícias com capacetes. A manifestação, marcada para as seis da tarde, mantinha-se residual apesar da convocatória «on-line», noticiada na rádio e na televisão, para milhares de portugueses. Os manifestantes olharam fixamente para o volante para saber quem conduzia. O carro onde seguia era pequeno e está amolgado e, naturalmente, não me conheciam. Amainaram assim o olhar persecutório.
Mais à frente, a passagem estava barrada com um piquete e uma tarja que dizia «Chulos!». Não gostei. Disse que não com a mão. «Se não chulas, vem para já para aqui!!!» gritou uma mulher, sem sair da frente. Abri o vidro e respondi: «Faço o que quiser!». Desviaram-se. Mas, dez minutos depois, às oito em ponto, para o directo da TV, deram início à violência contra a polícia. Resultado: 10 polícias feridos mais 1 manifestante. Título da manhã: «Onze feridos», sem discriminar nas letras gordas que dez eram polícias.
A perícia mobilizadora, intimidatória e de divulgação estão coordenadas. No mesmo registo de instigação à violência - como assinalou o PM no último debate quinzenal - alinha o discurso de quem fala de roubo ou assalto à mão armada, dentro e fora do PCP.
Hoje pensei não trazer o carro para não ter de furar piquetes. Trouxe. Não abro o vidro nem respondo. Ou talvez o faça. Porque não quero ser intimidada na Casa da Liberdade. A tática funciona.
3 comentários:
Querida Inez
Lamento que no seu trabalho tenha que suportar esses disparates sociais, mas também lhe posso afirmar e garantir que se fosse em Espanha ou Grécia ou mesmo Itália que passassem o que o povo está a passar, a Inez não saía tão airosa da situação sem pelo menos ter que abandonar o carro que seguidamente seria como mínimo, queimado.
O PM devia lá em Massamá, todas as manhãs rezar a Deus e agradecer-lhe ter nascido em Portugal com um povo tão inerte como sereno ou não durava no Governo nem mais 24h depois de todas estas políticas erradas e tão hipócritas como "insultadoras" para quem tem mais de 4 neurónios ( ou seja muito acima da média ).....
Se andar na rua, com o direito constitucional à liberdade de circulação, é andar airosa, agradeço o piropo.
Não creio que a mesma Lei Fundamental preveja a expulsão dos condutores dos seus carros por peões revoltados que, por isso mesmo, tenham o bónus de queimar a propriedade alheia.
Querida Inez
Eu não disse que concordava....
Simplesmente constatei......
E sim é piropo!
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