Realismo fantástico e teoria dos valores II
Vejamos agora a teoria dos valores.
Quando Dilthey e mais tarde Max Scheler desenvolvem esta brilhante teoria não poderiam adivinhar o sucesso que ia ter. O pano de fundo é no fim de contas o da derrota da filosofia. A ciência é reconhecida como a forma de visão correcta, mas haveria campos da realidade que a ciência não conseguia explicar. Basicamente o das ditas ciências do espírito. A História, a antropologia, a sociologia, a estética não seriam explicadas pela ciência. De que ciência falavam? Das ciências ditas naturais, entendidas como um magma relativamente uniforme.
O problema da teoria dos valores reside assim nas suas limitações. Profundamente anti-metafísica na sua origem, filha do positivismo, a teoria dos valores vê a ciência com os olhos, não do que os cientistas fazem, mas do que os positivistas diziam que ela faria. Vê-a como um magma uniforme, quando a estrutura e a história da matemática tem pouco a ver com a química e a biologia. Os cruzamentos que foram feitos entre as várias ciências foram sempre conflituosos e nem sempre deram frutos. As ciências ditas naturais não são uniformes entre si, nem sequer harmoniosas e nelas encontram-se muitos mais afinidades com as ciências ditas do espírito que os filósofos dos valores algum dia poderiam conceber.
Mas a teoria dos valores tem os seus sucessos. Se foram abandonadas pela antropologia e pela sociologia, e em parte pela História, quando no movimento estruturalista tentaram beber ao paradigma matemático, sobretudo da álgebra abstracta (ele mesmo um campo em muitos aspectos mais próximo da taxonomia que da análise), a verdade é que tiveram grande sucesso no Direito e na ciência política, e sobretudo no discurso político.
Quando os semi-instruídos querem ter discursos profundos no espaço público falam de valores. Mas esquecem-se que isso é uma derrota do pensamento, e nomeadamente da filosofia. Os pressupostos da ciência não são científicos nem o podem logicamente ser, e aí há todo o espaço para a metafísica. A função do pensamento não é a de se ocupar dos restos deixados pela ciência. Tenho salientado muitas vezes – e aqui fala um apaixonado pela ciência - que não é função da ciência instaurar vidas, nem sequer a vida científica.
Quando Dilthey e mais tarde Max Scheler desenvolvem esta brilhante teoria não poderiam adivinhar o sucesso que ia ter. O pano de fundo é no fim de contas o da derrota da filosofia. A ciência é reconhecida como a forma de visão correcta, mas haveria campos da realidade que a ciência não conseguia explicar. Basicamente o das ditas ciências do espírito. A História, a antropologia, a sociologia, a estética não seriam explicadas pela ciência. De que ciência falavam? Das ciências ditas naturais, entendidas como um magma relativamente uniforme.
O problema da teoria dos valores reside assim nas suas limitações. Profundamente anti-metafísica na sua origem, filha do positivismo, a teoria dos valores vê a ciência com os olhos, não do que os cientistas fazem, mas do que os positivistas diziam que ela faria. Vê-a como um magma uniforme, quando a estrutura e a história da matemática tem pouco a ver com a química e a biologia. Os cruzamentos que foram feitos entre as várias ciências foram sempre conflituosos e nem sempre deram frutos. As ciências ditas naturais não são uniformes entre si, nem sequer harmoniosas e nelas encontram-se muitos mais afinidades com as ciências ditas do espírito que os filósofos dos valores algum dia poderiam conceber.
Mas a teoria dos valores tem os seus sucessos. Se foram abandonadas pela antropologia e pela sociologia, e em parte pela História, quando no movimento estruturalista tentaram beber ao paradigma matemático, sobretudo da álgebra abstracta (ele mesmo um campo em muitos aspectos mais próximo da taxonomia que da análise), a verdade é que tiveram grande sucesso no Direito e na ciência política, e sobretudo no discurso político.
Quando os semi-instruídos querem ter discursos profundos no espaço público falam de valores. Mas esquecem-se que isso é uma derrota do pensamento, e nomeadamente da filosofia. Os pressupostos da ciência não são científicos nem o podem logicamente ser, e aí há todo o espaço para a metafísica. A função do pensamento não é a de se ocupar dos restos deixados pela ciência. Tenho salientado muitas vezes – e aqui fala um apaixonado pela ciência - que não é função da ciência instaurar vidas, nem sequer a vida científica.
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