segunda-feira, 25 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Caridade e solidariedade III

Qual é o mundo que transmite a palavra solidariedade? Um mundo que se pretende não sentimental, metafísico ou revolucionário. Mesmo que movimentos ditos alternativos usem a palavra, não é nem privilégio deles, nem se apresentam verdadeiramente como revolucionários. Os movimentos alternativos são em muitos aspectos profundamente conservadores e conformistas, o que deixo para outra demonstração.

Mas o mundo que está por detrás da palavra é bem outro, e explica mais o que se quis que dissesse que o que efectivamente diz. O mundo solidário, o mundo sólido, é o mundo da cola, em que a realidade só se une pela grude, pela ideia de bloco. Não há unidade sem colagem porque a unidade não se funde na relação livre, mas nas correntes que prendem uns aos outros.
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Caridade e solidariedade II

Embora não seja etimologicamente aparentada, sob o ponto de vista semântico a palavra “charis” em grego representa igualmente graça, dádiva, favor, que dá em português a palavra “carisma” (o que tem alguém que recebeu uma graça, no fundo). Em latim dá “carus” (caro, nos vários sentidos), “caritas”. Para representar o amor, os autores da patrística latina usavam frequentemente o verbo “diligo” para amar e “caritas” para amor.

A palavra “caritas” é assim legitimamente traduzida por amor e caridade. O problema é que a palavra caridade tem vindo a perder prestígio. Parece que humilha quem a recebe. Nos países anglo-americanos não é assim. “Charity” ainda tem conotações bem positivas. Mas nos países latinos e do continente europeu tornou-se quase ridícula. F[...]
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Caridade e solidariedade I

Na sua peça Nathan o Sábio (Nathan der Weise) Lessing descreve a célebre parábola dos anéis. A interpretação comum é a de se considerar que se pretendia inspirar o espírito da tolerância. A intenção é boa, própria do Iluminismo, nomeadamente alemão, mas mereceria muito mais comentário.

O discurso dos anéis é tido em frente do sultão, o que mostra a sua natureza política. A tolerância nada tem de científico, é antes princípio político. O século XVIII é em grande medida o do primado do político sobre a economia, a discussão científica, do debate literário... e a própria religião.

Existe no fundo muito de religioso, mais ou menos evidente, nesse discurso que se pretende político. Mas, muito no espírito do platonismo médio com toques de cept[...]
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Machado de Assis








Um amigo meu brasileiro, com o qual já contacto des[...]
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bento XVI um papa mal amado? VIII

D. Conclusões

Cada um tem a sua preferência, e por isso confesso que os meus papas preferidos no século XX são Bento XV, Paulo VI e agora Bento XVI. Os ícones mediáticos deixam-me frio.

Estes papas têm todos algo em comum: surgiram em épocas de ódio e conflito, eram grandes pensadores e homens em que o pensamento era uma forma de agradecimento, mas sobretudo de generosidade.

Tanto Paulo VI como Bento XVI são papas pouco atraentes na perspectiva mediática. Surgiram depois de ícones. Mas o que fizeram na sombra produziu bem mais frutos que outros papas mais visíveis fizeram.

Bento XVI é um grande intelectual, é um homem de profunda fé, e um homem que é carregado p[...]
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