O desprestígio dos criadores III
O segundo factor de desprestígio foi a comercialização.
O escritor que se posta na feira a dar autógrafos, o pintor que faz rondas comerciais como o vendedor de produtos financeiros é relegado para o mesmo plano. Perdeu a auréola mística da soberania. Passa estar no circuito comercial, como as batatas, e as televisões.
Já não é soberano, mas produto. E nesse caso é o público que é soberano. O cliente pode deter pouco poder em si mesmo, mas no seu conjunto determina o consumo. Soberania, religião, mística deixam de ter sentido para este criador com soberania perdida. Apresentado como um aristocrata de casa reinante deposta, vive de ser produto, aceitou que os seus brasões sejam logótipo, e os seus pergaminhos apenas folheto de publicidade.
O seu irmão encontra-se nos membros de mais ou menos antiga ou recente aristocracia, verdadeira ou forjada, que se pavoneiam das revistas sociais. Tanto mais se afirma de vanguarda ou experimental, tanto mais se torna produto. Tem de ser fracturante, inovador, destruidor de tradições. É essa a tradição que tem de respeitar, essa a especificação técnica do seu produto. É o que se exige de si. E bem comportado, cada vez mais bem comportado, vende uma revolta de rotina como dever de ofício.
De soberano pretérito tornou-se caixeiro-viajante e, se bem sucedido economicamente, na melhor das hipóteses, numa espécie de executivo internacional, mas em versão de patente menor, porque nesse circuito é geralmente mais mal pago e menos prestigiado.
O escritor que se posta na feira a dar autógrafos, o pintor que faz rondas comerciais como o vendedor de produtos financeiros é relegado para o mesmo plano. Perdeu a auréola mística da soberania. Passa estar no circuito comercial, como as batatas, e as televisões.
Já não é soberano, mas produto. E nesse caso é o público que é soberano. O cliente pode deter pouco poder em si mesmo, mas no seu conjunto determina o consumo. Soberania, religião, mística deixam de ter sentido para este criador com soberania perdida. Apresentado como um aristocrata de casa reinante deposta, vive de ser produto, aceitou que os seus brasões sejam logótipo, e os seus pergaminhos apenas folheto de publicidade.
O seu irmão encontra-se nos membros de mais ou menos antiga ou recente aristocracia, verdadeira ou forjada, que se pavoneiam das revistas sociais. Tanto mais se afirma de vanguarda ou experimental, tanto mais se torna produto. Tem de ser fracturante, inovador, destruidor de tradições. É essa a tradição que tem de respeitar, essa a especificação técnica do seu produto. É o que se exige de si. E bem comportado, cada vez mais bem comportado, vende uma revolta de rotina como dever de ofício.
De soberano pretérito tornou-se caixeiro-viajante e, se bem sucedido economicamente, na melhor das hipóteses, numa espécie de executivo internacional, mas em versão de patente menor, porque nesse circuito é geralmente mais mal pago e menos prestigiado.
1 comentários:
Excelente post(s). Dá.me vontade de reler o excelente livro Os criadores do D. Boorstin, que li há alguns anos. Sendo o Xadrez, uma das mais belas e imponentes criações humanas, e estímulo da criatividade,e reflectindo no tabuleiro o xadrez jogo da Vida, diria que os portugueses foram Grandes quando foram grandes criadores e descobridores.
O Dr. Ernesto Guevara, para o bem e para o mal, (para o mal, para mim) um dos maiores e mais influentes e inteligentes homens do sec.xx tinha grande admiração pelos portugueses das Caravelas porque, dizia ele,eram grandes jogadores de xadrez.
Melhores cumpts.,
CCI
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